voltar de férias é: II

tomar um choque de realidade e lembrar que o rio de janeiro é a cidade mais nonsense do mundo pra se viver.

era para ser uma agradável noite de quinta, quando decidimos conferir o cardápio do zazá bistrô no restaurant week. presumidamente o restaurante estava cheio, então ficamos aguardando uma mesa nos banquinhos do lado de fora, junto à varanda.

conversa vai, conversa vem, um sujeito com cara de mendigo doidão se aproxima e, em um segundo, dá o bote por cima da varanda, rouba um celular sob uma das mesas onde jantavam duas amigas e sai correndo. no mesmo instante o cônjuge, em cuja infância viu filmes de super-herói sem moderação, sai correndo atrás do meliante. no encalço vêm o segurança e um outro sujeito que fazia sua caminhada noturna com a mulher. no ímpeto de alcançar o ladrão, o sujeito dá um esbarrão no cônjuge que vai caindo em câmera lenta na rua. como um herói não se abate facilmente, ele se levanta e continua a correr em busca da justiça. enquanto isso na calçada eu e a mulher do sujeito discutimos sobre a falta de segurança no bairro e os començais da varanda aguardam ansiosamente o desenrolar dos fatos.

primeiro volta o cônjuge todo estrupiado e desanimado: o ladrão tinha escapado. a vítima está agradecida de qualquer forma, ele não precisava ter se arriscado por um celular. depois vem o segurança, com o celular recuperado que o ladrão tinha deixado pra trás. burburinho na varanda. a vítima nem acredita, quer nos pagar um drink, mas dizemos que não precisa, obrigado pela gentileza. nossa mesa está pronta. jantamos como se nada tivesse acontecido.

saldo do jantar:

uma salada caprese com tomate recheado muito boa;
um talharim de arroz com legumes interessante;
uma sobremesa sem graça;
uma camisa rasgada;
uma distenção muscular na perna direita;
escoriações múltiplas;
dois drinks grátis que a dona do celular roubado e recuperado insistiu em pagar.

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