fim de ano auto-explicativo



adios 2008...

passei rapidinho pra dar feliz ano novo pra mim mesma e pros poucos que passam aqui. vamos celebrar o ano novo e também o que passou.

que 2009 seja mais leve, em todos os sentidos. e que chova menos também.

amém, oxalá.

wii update 2

a louca chega de viagem. não tem ninguém em casa, ela vai dormir sozinha hoje. a louca põe o mario kart no wii e fica jogando até uma da manhã com os amigos mario, luigi, wario, peach, toad e donkey kong. depois vai dormir meio tonta, com a sensação que sua cama é uma pista de corrida.

pelo menos ela conseguiu chegar em 4o.

wii update

como adepta fervorosa do sedentarismo, é claro que o surto movimente-seu-corpo-com-nintendo-wii não ia durar muito. mas agora, quem diria, minha nova mania é mario kart [para os não-iniciados, trata-se de um joguinho besta de corrida estrelado pelos irmãos mario & luigi]. o problema é que eu sou vítima de uma lacuna de quem viveu a infância inteira sem o mínimo contato com o mundo dos videogames. sendo assim, chego invariavelmente em último em todas as corridas, não importa o circuito. é um pouco humilhante.

dando o braço a torcer

sempre fui avessa a videogames em geral, mesmo durante a infância. nunca tive paciência pra jogar no computador o jogo de mesmo nome, e só tive uma fase vagamente viciada naquele jogo de cobrinha do celular, em um tempo que andava muito de metrô. por isso, quando o cônjuge veio com uma história de que ia comprar um videogame pra casa eu torci o nariz. a desculpa era que 01 e 02 vêm passar as férias no rio, e assim teriam uma distração a mais, mas é claro que quem queria mais o videogame era ele mesmo.

nos primeiros dias deixei ele se distraindo com o brinquedo novo enquanto eu lia indiferente no quarto. até que ontem convidamos amigos para uma sessão e é preciso dar o braço a torcer: o wii é muito divertido! não é à toa que ele fez tanto sucesso entre pessoas que habitualmente não jogavam, porque a sacada do controle "freehand" é genial. depois de jogar boliche, tênis, e golfe, acabamos todos esgotados com duas partidas de boxe cada. aliás, já que eu não consigo mesmo fazer nenhuma atividade física, adotei um treino virtual diário de boxe como minha mais nova medida contra o sedentarismo.

curiosidades: o inferno são os outros

muita gente sabe que o autor dessa expressão famosa, "o inferno são os outros" foi jean-paul sartre. o que me surpreendeu é que essa frase não foi dita em nenhum livro seu, mas em uma peça escrita por ele durante a segunda guerra, chamada "entre quatro paredes". nela, três pessoas vão parar no inferno:

"eles chegam um após o outro e se vêem trancados num quarto mobiliado com antiguidades feias. a princípio ficam aliviados. esperavam instrumentos de tortura e carvões em brasa. depois, compreendem. não há espelhos, livros, escovas de dentes, distrações. tudo o que têm - pelo resto da eternidade - é uns aos outros."

fonte: hazel rowley em "tête-à-tête"

uma manhã feliz

sábado foi dia de ir ao saara. pra mim o segundo melhor lugar do mundo, depois do arpoador, é o saara. meu coração bate mais forte quando eu piso naquelas ruas. é o sangue libanês correndo nas veias.

[parêntesis para contar o laço afetivo com o saara: meu avô chegou no brasil ainda jovenzito, vindo do líbano com seu irmão. não falava nada de português, mas aprendeu na cara e na coragem, vendendo bugigangas como mascate. muito tempo depois ele conseguiu prosperar e finalmente abriu seu "lojinha" de artigos para enxoval, em plena senhor dos passos, de onde só saiu no dia em que morreu. hoje fico um pouco triste de ver o saara dominado pelos chineses e afins, mas ainda bem que restam uns poucos resistentes de descendência árabe.]

demos um longo passeio pelas ruas principais e transversais, de onde saímos com:

- guloseimas variadas da casa pedro, pagas com ticket-refeição;
- 2 panos de chão;
- 1 papai noel que sobe uma escada cantando uma música insuportável (era presente);
- 2 pacotes com pregadores em forma de bichinhos;
- 2 panos de chão;
- 1 pisca-pisca de laranjinhas (que se tornou minha maior obsessão da manhã, a ponto de eu não conseguir imaginar mais a vida sem um daqueles, que por sinal parou de funcionar no minuto seguinte que colocamos na tomada de casa);
- 1 espelho redondo, para um experimento decorativo;
- 1 ramalhete de flores artificiais para compor minha fantasia de vanessa da mata, na festa que aconteceria à noite; e
- 3 pacotes de gel de bolinhas, que parece ter se tornado a nova mania do saara, porque em cada esquina há um camelô vendendo isso. tratam-se de umas bolinhas que depois de um tempo de molho na água incham, e ficam parecidas com bolas de gude coloridas. pra que serve a gente não entendeu bem, mas achamos bonito e compramos 3 pacotes por 5 reaL.

pra completar, nos regalamos com duas esfirras, uma aberta e uma fechada, um churrasquinho de kafta, servido no meio da rua e uma laranjada no point mais tradicional da região: a pastelaria com azulejos de laranjinhas.

é ou não é a maior diversão?

os mitos & eu

então eu inventei de fazer um curso de mitologia grega e estudar esse universo pagão - na universidade católica. delícias do ser pós-moderno.

na condição de hospedeira de uma mente delirante como a minha, estou achando fantástico e durante o dia me pego divagando sobre que deus eu seria se vivesse no olimpo. não me decidi entre afrodite, dionísio e perséfone, se bem que hermes seja também muito simpático.

na aula que vem, vamos começar a estudar a ilíada. aí vem o outro lado da moeda do ser pós-moderno: na minha cabeça aquiles sempre terá a cara do brad pitt, heitor a do erick bana e páris a do orlando bloom. dos estragos que hollywood faz no nosso imaginário...

eco

(...)"então não tendes uma única resposta para vossas perguntas?"
"adso, se a tivesse ensinaria teologia em paris."
"em paris eles sempre têm a resposta verdadeira?"
"nunca", disse guilherme, "mas são muito seguros de seus erros."
"e vós", disse eu com impertinência infantil, "nunca cometeis erros?"
"freqüentemente", respondeu, "mas ao invés de conceber um único erro imagino muitos, assim não me torno escravo de nenhum."

tive a impressão que guilherme não estava realmente interessado na verdade, que outra coisa não é senão a adequação entre a coisa e o intelecto. ele ao contrário divertia-se imaginando a maior quantidade possível de possíveis.

[umberto eco, o nome da rosa]

há flores em tudo que eu vejo


[porque... é primavera!]

metida!

numa mesma semana ganhei um livro da frida e um do gaudí, de dois queridos distintos. não preciso nem dizer que fiquei toda boba, né?

profecias do jardim

há um ano: "...mas é primavera, e a vida reflorescerá."

é primavera mais uma vez e uma nova sementinha está germinando!

[não há maior beleza do que no tempo e suas estações.]

uma noite inesquecível no teatro municipal

a casa está cheia e a orquestra já entrou no palco. as luzes se apagam e todos esperam o convidado da noite, o pianista nelson freire. de repente os gritos ficam mais altos e eu percebo que não estão mais saudando os músicos. "luz!" e "médico" é o que eu ouço. a orquestra olha pra cima, vê a gritaria e confusão e não entendem nada, mas percebem que está acontecendo alguma coisa, por isso esperam. é um senhor que está infartando. chegam alguns médicos e um bombeiro e o levam em uma maca. ele estava sozinho. anunciam que o homem foi socorrido e passa bem. a orquestra começa a tocar. eu rezo.

eu não consigo focar só na música, apesar de estar gostando. penso em mil coisas, em como será a relação entre os músicos, como é o processo de trabalho deles, o que é valorizado, onde entra a criatividade, ou será a técnica o que mais conta? será que existe conflito de gerações com tantas diferenças de idade entre os integrantes? tenho vontade de estudar o grupo. penso nos filmes que quero ver. penso nas coisas que ainda quero descobrir. penso também em como a música pode ser um enigma para alguns, como eu, e algo orgânico pra tantos outros. penso ainda no que os outros pensam enquanto assistem(?), ouvem a orquestra.

na saída, um casal discute e quase sai no tapa. o lugar e o momento são impróprios, mas as pessoas já perderam o senso de adequação há muito tempo.

na mesma noite, no contexto da minha total ignorância sobre música clássica, descobri o que é um spalla. o spalla é o violinista principal da orquestra, aquele que dá o tom para todos os músicos, não só os do seu grupo de instrumentos e é subordinado apenas ao maestro.
e ninguém há de discordar que eu fiz essa descoberta da melhor forma possível:


[spalla da orquestra petrobras sinfônica, que acaba de pular direto para o número 1 da minha wish list.]


[p.s. espero que o homem tenha sobrevivido, que tenham chamado alguém da família dele e que ele esteja bem agora.]

o paradoxo das ex

as mulheres em geral detestam as ex dos seus atuais. mas se as ex não existissem, talvez faltasse assunto no mundo. ou seja, as ex são um excelente pretexto pra começar uma daquelas boas sessões de maledicência feminina, muitas vezes compartilhadas com homens também. virtuoso ou vergonhoso, as ex compõem o passado amoroso de um sujeito, quer as atuais queiram, quer não. o paradoxo está no fato de que por mais que as mulheres reclamem, elas não se dão conta de que muito pior seria se o seus respectivos ex nenhuma tivessem.

"fulano não tem ex."
"como assim, não tem ex? era virgem? nunca namorou ninguém? iiiih, que esquisito, hein? toma cuidado com esse cara, não tem ex, não leva as coisas a sério, não tem experiência em relacionamentos ou coisa bem pior. cuidado, ó filha, cuidado!"

uma ex é como um como um campo de teste, um estágio probatório na vida de um homem. espera-se que este homem esteja em evolução, o que pode ou não acontecer, mas isso não é problema da ex, é problema dele. se o mundo é ruim com elas, seria pior sem elas. até porque todo mundo já foi ex, já reclamou de ex e um dia, quem sabe, ex será também.

[claro, tem ex de todo naipe, existem as boazinhas, que ficam melhores amigas das atuais ou pelo menos mantém relações civilizadas com os novos pares. mas aqui me refiro àquela ex arquetípica, aquela freak-descontrol que liga pra atual dizendo "ó, seu marido tá aqui comigo a-go-ra lambendo o dedão do meu pé", como em uma versão (extra) conjugal do famoso trote do sequestro. com a diferença que elas não querem cartões telefônicos em troca, e muito menos o marido de volta. querem apenas tirar o sossego da incauta da vez.]

você sabia? [curiosidades] :: a guerra dos navegadores

no fim dos anos 90 a internet estava se popularizando no mundo todo e as empresas de software do vale do silício na califórnia eram a bola da vez. a região estava para a época como florença foi durante o renascimento, ou seja, "o centro do mundo".

no olho do furacão se encontravam a já poderosa microsoft e a netscape. isso porque as duas protagonizaram a guerra dos browsers, que são a principal interface dos usuários com a própria rede, daí sua importância estratégica.

a netscape vinha dominando o mercado com seu navigator e tirava onda no silicon valley, e bill gates, claro, não estava achando a menor graça. assim, decidiu lançar mão de práticas escusas para empurrar seu browser, o explorer, goela abaixo dos consumidores. aos poucos a netscape foi perdendo participação, mas a pá de cal aconteceu quando o explorer passou a ser distribuído grátis com o windows, o sistema operacional dominante nos computadores do mundo inteiro. como a netscape dependia da receita da venda do navigator, não podia se dar ao luxo de distribuí-lo de graça.

no lançamento do internet explorer 4, bill gates achou engraçado ir cantar vitória no território do inimigo, por isso encomendou uma festa de arromba em são francisco, onde ficava a sede da netscape, para seus engenheiros e equipe de vendas. no fim da festa, os engenheiros já bem bêbados, notaram um "e", que é a logo do explorer, gigantesco no jardim, e tiveram uma idéia diabólica. pagaram um motorista, içaram o "e", que devia pesar algumas centenas de quilos, na capota de um caminhão. cheios de vaidade, budweiser e espírito de porco na cabeça, dirigiram até a sede da netscape e jogaram o "e" no meio da fonte que ficava na frente do belo edifício da concorrente derrotada.

[eu sempre preferi o netscape, porque na época em que banda larga não existia, ele era bem mais rápido que o ie. hoje em dia uso o firefox em casa e o ie no trabalho por força das circunstâncias. achei essa história engraçada porque ela ilustra bem o que a minha tia maria clara queria dizer quando falava que "quem governa o mundo é o espírito de porco".]


fonte: discovery channel

você sabia? [curiosidades] :: john lennon em cuba

em havana existe um parque chamado john lennon, e no meio dele um banco, com uma estátua de john lennon sentado, inaugurada pelo próprio fidel, no dia do vigésimo aniversário de morte do ídolo inglês.

tal qual nossa estátua de drummond na orla de copacabana, muitas pessoas se sentam no banco e batem um papo com o artista empedrado. e também em cuba, como aqui, roubaram os óculos da estátua. atualmente, o vigia do parque tem a custódia dos óculos de jonh lennon. se alguém quiser tirar uma foto com o ex-beatle, o vigia vai lá, coloca os óculos na estátua, e depois de registrado o momento, os guarda novamente sob sua responsabilidade.

fonte: the history channel

pequenos delitos da carne (semi-ficção)

tinha de 14 pra 15 e estava namorando o filho do açougueiro, 10 anos mais velho. era um namorico de bairro, e não causaria grandes estremecimentos na família não fosse a diferença de idade entre os dois e uma velha rixa da mãe dela com o pai dele. (houve um dia em que a mãe achou que o açougueiro estava roubando no peso da carne e quis subir no balcão pra dar na cara dele, além de ter espalhado na vizinhança que ele era um ladrão.) por essas e outras que ela namorava escondido.

mas, não há nada que seja imune a uma irmã mais nova, para quem uma intriguinha como essa significava uma grande emoção nos seus dias de infância tranquila de bairro. não só a pequena descobriu o romance, como foi direto dar com a língua nos dentes pra mãe. a mulher ficou furiosa e ameaçou matar os dois, caso ela insistisse em se encontrar com o filho do açougueiro-ladrão. ela não se fez de rogada e continuou vendo o mancebo às escondidas.

só havia um problema: o rapaz e sua família moravam no prédio em frente, janela com janela com o apartamento delas. assim, ela estudou da sua própria casa um ponto cego na sala dele, de onde não poderia ser vista pela mãe na casa do sogro. descobriu uma pilastra e criou lugar cativo atrás dela todas as vezes que visitava o namorado.

um dia o açougueiro deu uma festa e ela, claro, estava lá, protegida pela pilastra. só que a casa foi enchendo de gente, e à medida que chegavam mais pessoas, os novos convidados iam chegando pro lado, pro lado... quando ela se deu conta, tinha saído do seu esconderijo estratégico pra ficar bem na mira do inimigo. não deu outra, a mãe olhou pela janela e julgou reconhecer a filha na casa em frente, só bastou a confirmação da irmãzinha, que estava mais era querendo ver o circo pegar fogo. em menos de um minuto tocou o interfone e da janela ela ouviu os berros da mãe: "manda a minha filha descer pra casa A-GO-RA!" mortificada de vergonha, ela desceu acabrunhada, se trancou no quarto e chorou a ruína da vida, como só os adolescentes sabem fazer. acabou desistindo do amor proibido e virou vegetariana.

se bem que...

ontem mesmo estava andando por aí e tive a impressão que o rio estava enfestado de gente feia, gorda e mal vestida. me deu uma vontade de ter uma espingarda e sair atirando em um por um, promovendo a verdadeira purificação estética.

[em momentos de melhor humor essa pessoas são justamente as que mais me divertem]

e fora que a minha rua afundou.

:-/

rio de janeiro, gosto de você

mentalize um restaurante granfino, numa rua idem.

do lado de fora: um jaguar, um chrysler e um audi.

dentro: gringos de calça jeans, casais de coroas, um casal de jovenzitos (a menina estilosa, o menino de bermuda), grupos comemorando aniversário, homens de negócio.

eu e o cônjuge integrávamos o cenário, por ocasião de um jantar romântico, do estilo "leve dois pague um", cortesia do cartão de crédito. como era uma ocasião especial, a idéia era passar em casa pra trocar de roupa, mas acabamos ficando até mais tarde nos respectivos trabalhos e fomos direto, com a roupa do dia todo.

estava tudo ótimo e o serviço foi impecável. daí que eu fiquei me perguntando se em outra cidade seríamos tão bem tratados, tendo chegado a pé e com roupas meio esculhambadas. duvido até que tivessem permitido a entrada do guri de bermuda, que aparentemente recebeu o mesmo serviço atencioso, como todos os outros no salão. na saída, esperamos um táxi com o grupo de gringos, enquanto um deles pegava uma receita de caipirinha com o segurança.

como costuma dizer o everardo rocha, parafraseando a antropóloga mary douglas, "todo consumo cria muros e pontes". mas tenho cá pra mim que no rio os muros e pontes são mais fluidos que em qualquer outro lugar.

por falar em criatividade...

"tô namorando uma menina
mas não sei se ela na me namora
mina maneira do condomínio
lá do bairro aonde eu moro"

é uma das estrofes mais cretinas produzidas nos últimos tempos.

nova do hortifruti (o pimentão valente)

é, pois é, a nova do hortifruti também saiu daqui.
e dessa vez eu tendo a achar que não foi uma simples coincidência. já mandei o recado de que eu devia ser contratada e que aceitava trabalhar em troca da geladeira cheia, mas até agora ninguém entrou em contato e a minha geladeira está pedindo misericórdia.

[mesmo trabalhando de graça, continuo pensando nos próximos filmes, por isso mudei de idéia em relação ao "dona flor". sugiro deixar só "(dona)couve-flor e seus dois maridos"]

a preguiça e o banho de telefone

a desculpa ideal é a falta de tempo, mas o motivo real é a preguiça, o fato é que eu só publico no blog mais ou menos uns 10% das coisas que passam pela minha cabeça e que eu gostaria de escrever. um dos posts da série "mentalizei mas não escrevi" era justamente sobre o "banho de telefone", experiência pela qual passam todos os que se aventuram a tomar um banho no velho continente.

meus amigos ficaram bastante curiosos a respeito, chegando a fazer mil elucubrações sobre o que seria essa experiência: será que o box é uma cabine de telefone? será que o telefone espirra água? alguém chegou até a imaginar que telefones caiam do céu, o que seria mais propriamente chamado de "chuva de telefone", não de "banho de telefone". confesso que me diverti tanto com os devaneios que achei por bem não estragar a fantasia ao esclarecer o mistério acerca do tal banho. some-se a isso a maldita preguiça, e eu acabei não fazendo um post falando das agruras de se tomar banho no exterior.

eis que flanando com o mouse por aí, descobri um texto que expressa muito bem o que eu queria dizer e o que, com certeza, os que viajam pra fora sentem também. reproduzo:

em: Blônicas

Go take a shower!

De Cléo Araújo.

Não tem como não ficar homesick na presença de um chuveiro estrangeiro.
Lembro de uma vez, talvez um dos momentos mais intrigantes já vividos dentro de um box azulejado.
Existia, do lado da ducha, uma cordinha e um aviso: “puxe em caso de emergência.” Segurava o sabonete e tentava imaginar que tipo de emergência poderia ocorrer ali e que tipo de sinal o puxar da cordinha emitiria aos responsáveis pela paz no banho (camareiros vestidos de roupas de neoprene?). Sirenes soariam quando acabasse o sabonete? Ou a uma luz vermelha acenderia quando a toalha tivesse ficado em cima da cama no quarto? Eu ria sozinha, não compreendia aquilo e só conseguia pensar que os chuveiros gringos eram muito, mas muito esquisitos.
Em outro rincão, tive a experiência com aquele que começava na altura do meu pescoço e expelia um jato com força suficiente para me jogar contra a outra parede, não sem antes me decapitar. Aprendi, depois do terceiro assalto, que tinha que ir abrindo devagarzinho ao mesmo tempo em que me posicionava em um ângulo estratégico para não sofrer o nocaute.
E os do tipo telefone? Que você ou segura na mão ou prende num porta-chuveiro - que geralmente também é baixo demais (e isso porque eu tenho 1,60)? Lavar a cabeça no estrangeiro pode se transformar num desafio mais complicado do que ser aprovado pela imigração.
Houve também as inundações. Chuveiros dentro de banheiras protegidas do ambiente externo apenas por uma cortina de plástico mequetrefe. Um convite às enchentes. Uma das piores ocorreu em um banheiro que tinha pinta de banheiro de trailer (embora eu estivesse num quarto). Foi triste e molhado.
O fato é que ninguém dá tanta bola para chuveiro quanto brasileiro. O pessoal de outros cantos do mundo parece se contentar com versões improvisadas de banho. Eles se satisfazem com uma banheira que, ok, relaxa, é deliciosa, mas convenhamos, não leva a sujeira para lugar nenhum.
Aqui não. Aqui a gente cuida do banho com carinho. Refaz as instalações do apartamento só para garantir um aquecedor a gás e espalha os bichinhos a cada cinco metros pelas praias para que ninguém precise enfrentar o desconforto da areia no meio dos dedos do pé. É um hábito diário, sagrado, tão brasileiro quanto feijoada ou caipirinha. A gente curte um banhão.
Fora que observar os rituais do banho de outrem pode render uma bela análise psicológica do indivíduo. O que significa que, se você tiver o privilégio de poder observar alguém durante um momento tão íntimo e desnudo, querida, aproveite. Enfie sua cabecinha no box e repare. Ele começa lavando o rosto ou o pé? Faz a barba no banho? Usa condicionador? Há de haver um sentido. Mas preste atenção: avise antes. Não vá se metendo no banho de alguém sem se anunciar. Susto no banho, aliás, deveria ser crime. É um momento em que nos encontramos indefesos, relaxados, pensando na vida, cantando alguma coisa, até. Hitchcock que o diga.
E é justamente aqui que relato o último acontecido, que deveria estar sendo reportado de uma ducha em Copenhague ou de um ofurô em Osaka, mas que se deu aqui mesmo, em território nacional.
A espuma do xampu ainda nos cabelos, a água fria espirrando na barriga, o cheiro de fumaça contaminando o box e eu ali, coração na boca, peladinha da silva, com a trilha de “Psicose” na cabeça e sem nenhuma cordinha para chamar os meus heróis.
Nunca os destemidos camareiros em suas roupas de neoprene fizeram tanta falta.

devaneios no jardim

sabe onde eu fui hoje? no jardim botânico! há quanto tempo você não vai lá? eu não ia há muitos anos e, na condição de jardineira, adorei ter voltado. ainda não conhecia os jardins mexicano e sensorial, lindinhos, e tive a impressão de que o lago com as vitórias-régias era bem maior. ou pelo menos eu achava ele imenso quando era criança.

***

fazer um jardim botânico é um projeto de grande generosidade. quem planta uma árvore não vive pra ver o resultado, deixa para as próximas gerações. hoje em dia soa quase herético que alguém invista tempo ou dinheiro em qualquer coisa que não poderá ser gozada durante sua própria existência. cultivar um jardim é sobre amor e paciência. um jardim dificilmente conhece a lógica do aqui e agora.

grandes perguntas da humanidade

grandes questões me intrigaram durante as últimas férias e ficaram esquecidas no meu caderninho de viagem. resolvi expô-las aqui, na esperança de que alguém me ajude a elucidar tamanhos mistérios.

- por que os carros ford desapareceram de vários países da europa?
- por que o interruptor de luz dos banheiros europeus fica sempre do lado de fora?
- por que as japonesas usam chapéus, mangas compridas e luvas, mesmo sob um calor de 40 graus? por que elas cultivam uma pele tão branca e ficam todas as cara do michael jackson?
- por que a classe média é sempre igual em todo lugar do mundo?
- por que a todo minuto toca uma sirene em paris?

***

embora importantes, todas estas questões me pareceram menores ontem quando, ao ouvir casualmente algo como "fulano chegou duas e vlau", me deparei com uma pergunta bem mais fundamental: afinal de contas, quanto vale um vlau?

eleições 2008 II

parece que a propaganda de candidatos foi proibida nas ruas. eu acho ótimo porque as vias ficavam realmente emporcalhadas com aquele carnaval de outdoors, galhardetes, cartazes e faixas. pois alguns candidatos descobriram como "dar um jeitinho", contratando umas pessoas que ficam paradas nas calçadas e nos sinais com placas de propaganda. me disseram que nos subúrbios eles pagam os moradores para colocar as placas do lado de dentro das próprias casas, mas na janela, voltadas para o lado de fora.

agora me diz, você vota em um canditado que, antes mesmo de ser eleito, já passa por cima da lei pra se dar bem?

[já pensou se houvesse um rapa de propaganda política?...]

rock'n'roll is dead

você descobre que o rock'n'roll morreu quando o assunto entre clientes e manicures no salão de beleza é a vida loca de amy winehouse.

acabou-se o que era doce

e como sempre, passou tão rápido mais uma visita de 01 e 02 à cidade. dias intensos, cheios de felicidade, barulho, choro, discovery kids, cantoria, nariz escorrendo e bricadeira.

***

descobri que o mundo se divide entre os que conhecem o barney (e naturalmente sabem de cor a musiquinha "amo você, você, você me ama, somos uma família feliz") e os que ainda acham que o barney é o companheiro do fred flinstone. os da primeira categoria, como eu, são os que têm a alegria de conviver com crianças. nós, desse time, temos um acordo tácito de ouvir e rir das gracinhas dos filhos alheios. elas provavelmente não despertam nenhum interesse, muito menos ternura, por parte daqueles que pertencem a outra metade. eu compreendo perfeitamente e não acho que essas pessoas sejam piores ou insensíveis. [isso é um pouco óbvio, mas tem gente que se sente ofendida se você não compartilha com elas as mesmas paixões]

de qualquer forma, vou contar a quem interessar possa, as últimas gracinhas da minha sobrinha, a 02, que está naquela fase de metralhar pérolas aos quatro ventos.

- brincos: quando 02 nasceu, eu dei, a título de presente de nascimento, um par de brincos, mas a mãe se recusou a furar a orelha da menina e disse que só o permitiria quando a própria tivesse discernimento suficiente para decidir usá-los. pois bem, 02, do alto dos seus dois anos é fascinada por brincos e já decidiu que quer "fuiá a oeia". mas o melhor mesmo foi quando ela olhou bem pra mim e disse que queria usar um brinco. eu perguntei "onde?" e ela respondeu "no nariz".

- os irmãos: 01 e 02 têm dois irmãos por parte de pai, joão e pedro, que moram aqui com a mãe e aparecem quando a família vem do maranhão. quando perguntaram a 02 quem estava no quarto (era joão) ela disse que era "o outro pedro".

- preguiça: 02 comia sozinha quando repente disse que a mão estava cansada. então começaram a dar comida pra ela, até que ela disse que a boca também estava cansada.

- palavrinha mágica: 02 está aprendendo a pedir as coisas "por favor". mas como é uma menina muito mandona, enquanto seus pedidos não são atendidos ela vai aumentando o tom de voz. assim, é comum ouvir 02 gritando educadamente "ME DÁ UM SUCO POR FAVOOOOOR!!!"

- a lógica infantil I: estávamos na rede quando eu mostrei a minha barriga e falei "olha o barrigão da dindoca!" e ela me mostrou a dela e disse "a lulu tem um barrigão pequenininho". na mesma linha, a mãe pergunta "você quer leite puro ou com café?" e ela responde "puro com café".

- a lógica infantil II: 02 vê numa revista um desenho de um personagem do toddynho e exclama "o nescau!". na mesma revista ela viu um desenho do yoda e disse que era o bicho papão.

- a lógica infantil III: uma das nossas brincadeiras era achar em um livro sobre a natureza a foto de um peixe colorido nadando entre as algas de um coral. para 02, o passatempo se chamava "pucuiá o peixe no macarrão".

- dando duro: 02 foi no meu trabalho um dia no fim da tarde e ficou que nem um pinto no lixo. viu vídeos variados no youtube (ela é capaz de ver o mesmo vídeo 80 vezes seguidas), ganhou biscoitos, brinquedos, cóllo kitty, e chocolates que separou para dividir com o irmão. brincou com o tigrão, desenhou e foi o centro das atenções. pobre 02, vai ficar com a ilusão de que trabalhar é divertido...

- nativos digitais: antes de irem embora, o pai de 02 prepara o terreno: "nós vamos embora pra nossa casa, mas vamos falar com a vovó pelo..." e ela "telefone!" e ele: "e como mais?"(crente que ela ia dizer no computador), e ela responde "pela internet!" (só faltou dizer pelo skype).

queria poder passar mais tempo com eles e registrar todas essas gracinhas, que as crianças sempre dizem e os pais esquecem de escrever.

alguém há de me perguntar: e 01? 01, apesar do seu sorriso lindo e do seus olhinhos vivos, ainda está lutando com a própria fala. já melhorou bastante e, se deus quiser, em breve também vai estar soltando muitas pérolas para colorir o jardim. e se desde pequeno ele já um ótimo ajudante de cozinha, dessa vez aprendeu a fazer pudim (já começou quebrando os ovos) com o cônjuge e a fechar pastel com a "tatita".

meu desgosto: vão conjugar bem o tu, mas falarão cantado, com sotaque maranhense. eu até gosto, mas no caso dos meus sobrinhos, fere meu orgulho de tiazona carioca. já basta 03 que vai falar paulistês misturado com sotaque pérnambucano.

última reflexão: como é bom estragar o filho alheio!... quer ir no mc donalds? dindoca leva! quer hello kitty? dindoca dá! quer mais chocolate? tá aqui, ó! é bem mais fácil e agradável dizer "sim" do que "não", ainda mais pra uma criança.

o peixe no macarrão

trálariii...

01 e 02 estão vindo aí e eu mal posso esperar por aquela fase em que nada mais tem importância, por aqueles dias em que eu me aboleto de volta na casa da mamãe pra dormir e acordar com eles, quando eu não enrolo em nada no trabalho e saio voando pra encontrá-los ainda sem sono, quando eu chego pra almoçar e já escuto aquelas vozezinhas desde o corredor. são os melhores dias quando eles estão por perto.

eleições 2008

só sei de uma coisa: não voto em candidato que usa carro de som pra fazer campanha. aquilo não é só uma poluição sonora, é uma aberração sonora e deveria ser tratada como crime eleitoral. 

post de utilidade pública

por causa do sitemeter eu consigo saber o que as pessoas estavam procurando no google quando caíram aqui. normalmente elas não encontram o que estavam buscando e dão o fora no mesmo segundo. como algumas das buscas são recorrentes, vou fazer este post na tentativa de me tornar um pouco mais útil para essas pessoas.

aqui vai a minha singela tentativa de ajudar o google a ajudar você:

hotel uzimar na praia da boa viagem no recife: o endereço é av. conselheiro aguiar, 942. tel: (81) 3466-9662. a útima vez que eu fiquei lá tem uns 6 anos, por isso não tenho uma referência mais recente, nem de preço, nem de qualidade. do que eu me lembro, era um hotelzinho bem xexelento, que servia ao seu propósito por ser barato. se quiser se hospedar lá, vá por sua conta e risco.

a diferença entre retificando e ratificando (ou retificar e ratificar): taí uma dúvida interessante, porque as duas coisas são praticamente opostas. retificar significa consertar, corrigir, remendar (lembra de retífica de motores?). e ratificar significa "assinar embaixo", concordar com algo. se você confundir as bolas pode acabar dizendo o contrário do que pretendia.

modos de usar o cachecol: com o inverno aí, todo mundo quer esquentar o gogó com um toque de charme, não é mesmo? amiga, a última da estação é usar seu lenço ou cachecol com um nózinho na frente. tia mari te ensina a fazer o nózinho: dobre o cachecol ao meio, fazendo um U. coloque no pescoço por trás e passe as duas pontas do cachecol por dentro do U. aperte na frente e voilá! você estará linda e protegida para brilhar neste inverno.

agora, para os que batem aqui toda semana procurando por "simbad safari", "o universo conspira a meu favor" e "bamba cabeção" (fora os que buscam por outras bizarrices como "domésticas pagando calcinha"), desculpe decepcioná-los. sejam mais específicos e o google vai ajudar você.

pós-férias

descobri que o brasil é um país de gente rica, por isso o custo de vida aqui é altíssimo. nunca pensei que fosse ter essa percepção, mas o fato é que eu achei as coisas na europa mais baratas, ou pelo menos com um preço mais justo. fui no mundial, o menor preço total, reabastecer a geladeira e quase caí pra trás. no shopping então nem se fala! as lojas fazem liquidações de até 70%(!!!) e as roupas continuam com três dígitos.

por incrível que pareça, quase tudo lá fora é mais barato. exceto esmalte, que lá é tido como um item mais, digamos, glamouroso. logo esmalte, que é uma coisa que eu compro pra satisfazer meus desejos de consumo em épocas de vacas magras porque custa menos de dois reais. resultado: entrei numa onda esmaltes e agora compro uma cor nova por semana.

miami com mainardi

um hotel do tipo hotel-fazenda em miami. trata-se de um hotel bem popular, com clientela idem. nós e nosso casal de amigos c&r estamos lá porque é a opção mais barata. tem um ônibus do próprio hotel que circula pela cidade de miami, que também é bem pobre, parece cuba. um ônibus aberto, tipo jardineira, com uns bancos sem encosto. nosso hotel tem uma área de lazer externa, com piscina, quiosques e churrasqueira. lá estão na mesma entourage gilberto braga, ricardo waddington e diogo minardi (na verdade gilberto braga não se hospedou no hotel, preferiu um de categoria superior). diogo e ricardo, de sunga preta, estão no meio da plebe curtindo um sol na beira da piscina.

***

esta cena foi mais um oferecimento da fábrica de sonhos delirantes de mariana s/a.

galeria dos jardins do velho mundo


um jardim na espanha (catedral de barcelona)

um jardim na grécia (vulcão de santorini)

um jardim na frança (jardim de louxembourgo)

um jardim na holanda (mercado das flores de amsterdã)

um jardim no reino unido (st. james park em londres)

estatísticas

- 34 dias
- 6 países
- 10 cidades
- 2 vôos perdidos
- 8 meios de transporte diferentes: avião, metrô, ônibus, trem, bonde, barco, ferry, carro
- 2 idas ao mcdonalds – só pra comprar sorvete!
- + de 100 euros gastos com internet
- 5 euros engolidos em vending machines

e o mais incrível...

- 0 greves em paris!

a volta

apesar de termos chegado com muita antecedência no aerporto, quase perdemos o vôo e tivemos que correr feito loucos pra chegar no avião. eu tinha jurado que nunca mais ia passar por isso, mas sempre acontece de novo. uma dica: se você vai sair de londres no primeiro vôo (às 6 da manhã) e tem tax free pra fazer, faça o tax free antes, em algum posto do global refund na cidade. o posto da alfândega do aeroporto só abre às 5, ou seja, a chance de dar merda é enorme.

mais correria na conexão em portugal e mil horas no avião. mais ou menos o tempo que se leva pra voltar da região dos lagos num feriadão, afinal de contas era 1001-tap. aproveitei pra ver casa de samba e o caçador de pipas. choreeei (o que não é muito legal de fazer com um piercing recém colocado no nariz). chegada ao brasil, free shop sem saco e enfim, lar doce lar.

dia seguinte: trabalho. zero dias de descanso no rio, 100% de aproveitamento das férias. sem choro nem vela, afinal de contas, de que adianta ficar choramingando "ah, como eu preferia estar na europa..."? o lance é trabalhar feliz e com boa vontade, porque alguém precisa pagar as próximas férias.

londres 4 :: good bye

fomos à catedral de saint paul (a do código da vinci) mas não entramos porque tinha que pagar 10 libras – só dei uma rezadinha na capela anexa. de lá fomos no tate modern. adorei a coleção de arte moderna, tudo bem sinalizado. boas sacadas como botar um monet e um pollock na mesma sala e explicar a relação entre os dois – eu não faria essa conexão de cara.

caminhamos pela margem do rio e matamos a saudade da comida grega no “the real greek”.

voltamos para o centro e passamos o resto da tarde tendo um surto consumista numa loja baratérrima chamada primark. o surto foi tanto que saímos de lá com uma mala! encontramos d. e logo y. na apple store e fomos jantar no busaba de novo, a título de despedida. depois, último drink (pimms, é claro) num pub. foi uma noite ótima, rimos horrores como nos velhos tempos.

depois veio a parte chata: casa, arrumar a mala, cochilar uma horinha até o táxi para o aeroporto chegar.

londres 3

acordamos cedo mas não adiantou muito, porque enrolamos para sair de casa. fomos ao british museum (+ cacos do parthenon para colar, + cacos do resto do mundo). fomos vendo tudo sem fixar muita coisa. saímos morrendo de fome e comemos um cachorro quente cheio de cebola do lado de fora. andamos mais, fomos ao hyde park, ficamos lá vendo patinhos. de lá, fomos a uma rua só de restaurantes indianos e escolhemos um (chilli) pra jantar. era bom, mas certamente não o melhor indiano de londres.

londres 2

acordamos tarde. nesses últimos dias de férias o ritmo de turismo frenético já tinha se esgotado, resolvemos aproveitar o tempo mais relaxados. fomos direto pra bourough market, e nos entregamos a uma expedição gastronômica na feira, que é caótica e desordenada mas original e deliciosa. as descobertas em bourough market foram:

- hot dog de linguiça inglesa com bastante cebola e mostrarda;
- raclete com batata, picles e cebolinha e um queijo imoral derretido por cima;
- pimms, a sangria inglesa. trata-se de um destilado misturado com frutas e água tônica. só se bebe pimms no verão;
- world famous chocolate brownie (o bonitinho era que não era 1,5 o pedaço e sim 1,5 a indulgência);
- blueberry cheesecake;
- trufas variadas;

e todas as provinhas das coisas que você vai pegando nas barracas (de azeite trufado a suco de maçã).

de lá fomos a nothing hill, mas a feira de portobello já estava acabando. achei que ia ser mais bonitinho, mas achei meio muvuca. saí de lá com um piercing no nariz, [desejo antigo desde a minha primeira viagem a londres] e ganhei um desafeto do cônjuge, que ficou o resto da tarde sem falar comigo. nos separamos de d. que foi encontrar com amigos. eu e ele fomos andar pelo centro, leicester square (onde tem um genial aviso “cuidado, criminosos operam nesta área” faça a conta de placas se resolvem fazer a mesma coisa no rio!), oxford circus, loja da apple, palácio de buckinham, saint james park.

vimos elvis em um carrinho estilizado ouvindo e cantando elvis na maior altura, vestido de elvis, com a placa evsil e parando o trânsito. paramos na frente de um pub pra ver a holanda jogar (acabou perdendo pra rússia). pra seguir com a tradição oriental, fomos jantar num restaurante de comida taiwanesa, no chinatown. achamos a comida é mais leve que a chinesa tradicional, de um paladar delicado e bem saboroso.

encontramos d. e fomos tomar um “last drink”(guiness – ui) no pub pra passar pela legítima experiência londrina de sermos expulsos depois que o “bell rings”. como era de se esperar, esbarramos com mais outros muitos bêbados pelo caminho trocando as pernas. [me contaram que, de tão contidos os ingleses, eles precisam encher a cara pra se soltar. aí se soltam que é uma beleza. e no dia seguinte ostentam a mesma fleuma de sempre].

quase deu no london times

"brasileira tem surto histérico ao ver carro guiado por um fantasma. ela garante que o único ocupante do veículo estava sentado no banco do carona."

ou

" brasileira é atropelada nas ruas de londres. ela afirma que olhou para o lado de onde vinham os carros, mas um automóvel surgiu subitamente na contramão."

mão inglesa: use com moderação.

londres 1 :: don’t drink coffee i’ll take tea, my dear

pegamos o avião bem cedo em schipol e chegamos em londres ainda de manhã, mas ficamos uma hora e meia na fila da imigração. desaforo. pelo menos deu tudo certo e fomos liberados rápido. pegamos trem e metrô até o trabalho da amiga d. que fica no centrinho financeiro da cidade. almoçamos com ela num “japa in box”no jardinzinho em frente ao prédio. fomos fazer hora até ela sair, passamos no mercado (claro!) e fomos pra casa juntos.

à noite saímos pra jantar em picadilly circus num tailandês espetacular chamado busaba eathai. mais uma vez, pato suculento, + franguinho frito com papaya verde, camarão apimentado, lulas e arroz de coco + cerveja thai. tudo devidamente documentado porque pobre que é pobre tira foto de comida. [na nossa mesa, porque as mesas são comunitárias, tinham umas brasileiras que além de terem pedido o pato porque viram o nosso, acabaram tirando foto da comida delas também].

voltamos um pedaço andando para passar em frente ao big ben, london eye e tals. estávamos no ponto de ônibus quando chegaram umas garotinhas muito novinhas, todas arrumadas e mortas de bêbadas. daí que eu ví que bêbado é igual em todo lugar do mundo: a mais bêbada de todas teve um surto etílico-amoroso e ficava abraçando (caindo por cima) das amigas dizendo “you’re sooo pretty!!! i love you sooo muuuuuuch”. álcool pode, sim, combinar com ternura.

em todo lugar se fala português em londres, eu tive a impressão de esbarrar com mais brasileiros em londres do que na feira hippie de ipanema, onde tem muito mais gringo do que no próprio reino unido.

amsterdã 3 & zanche saans

o dia amanheceu bem chuvoso, mas caminhar é preciso. como tínhamos comprado o i amsterdam card que dava direito a alguns museus, resolvemos aproveitar e ir no museu da história da cidade de amsterdã. eu não dava nada por esse museu e acabei achando simplesmente genial. como o nome diz, o museu conta a história da cidade desde a fundação até os dias de hoje, mas de uma forma interativa e multimídia que faz você entrar no clima. além dos personagens ilustres que fizeram a história de amsterdã, eles mostram também as pessoas comuns e como elas participam ou participaram da vida da cidade. e, como não poderia deixar de ser, eles abordam até os assuntos polêmicos, como a “liberação”das drogas, sem preconceito.
aqui um parêntesis: os holandeses dão um banho em como se fazer museu. eles são muito bem contextualizados, sinalizados, te fazem pensar e ter uma postura crítica em relação ao que quer que esteja sendo exposto, não é aquele bando de obra jogada ao acaso. achei todos sem exceção muito, muito bons.

de lá, pegamos um trem pra uma cidadezinha bem perto de amsterdã chamada zanche saans (mais um nome impronunciável – pra comprar o bilhete do trem eu mostrei um papelzinho com o nome da cidade para a pessoa do guichê). o lugar parece de brinquedo, com seus moinhos e casinhas de boneca – que abrigam uma fábrica de queijo, fábrica de tamancos de madeira e outras coisas típicas. bem fofo e meigo.

de volta tentamos ir no nemo (museu de ciências), mas ele estava quase fechando. fica pra próxima. fim de tarde de andança pelas ruas, o que quer dizer um pouco de shopping (sem grandes compras). chegamos ao voldelpark, onde estava tendo um concerto de piano e violino, com o sol, estava um clima ótimo. muitas pessoas chegam de bicicleta e deitam na grama aproveitando o sol.

jantamos no wok to walk (tipo um spoleto só que de yakisoba, bem bom) e fomos dar a última ronda noturna pela cidade.

amsterdã 2 :: you don’t have to put on the red light

café bem bom no albergue.

primeiro destino turístico: museu casa de anne frank. assim que entrei já comecei a chorar, é emocionante do início ao fim. fiquei feliz de ter lido o livro, fez muita diferença, e como eu tinha justamente acabado de ler, o envolvimento foi maior ainda.

andamos até a centraal station decidimos comprar o i amsterdam card de um dia. passamos pelo red light district de dia. mulheres bem feias, o cônjuge ficou um pouco chocado, mas eu de verdade não fico nem um pouco. oras, o grande barato de amsterdã é que apenas se institucionaliza o que todo mundo sabe o que existe! mas brasileiros parecem estar mais acostumados a fazer as coisas por baixo dos panos mesmo...

depois museu van gogh, também emocionante. por coincidência, foi outro museu que ter lido o livro (cartas a théo, lindo e triiiiiste) fez a diferença .

pra fechar a tarde cultural, rjskimuseum (não sei falar esse nome, aliás não sei pronunciar quase nada em holandês) - achei que seria um museu gigantesco mas nem é. achei interessante, disposição, as explicações das obras, a grande obra de arte "the nightwatch" do rembrant. museu agradável.

almoçamos umas costelas de porco imensas "unlimited", mas eu não aguentei nem o que veio no meu prato. haja larica!!!

fomos fazer o passeiozinho de barco pelos canais, eu achei aprazível, o cônjuge uma perda de tempo. à noite, rolézinho pelo red light. eu ainda não tinha ido à noite – da primeira vez achei que devia ser perigoso, mas nem é. pelo menos à noite aparecem umas mulheres mais bonitinhas pra fazer ponto na vitrine e as ruas ficam lotadas de clientes e curiosos. vimos até um “walking tour”guiado pela zona. só mesmo em amsterdã

paris-amsterdã

madrugamos e partimos bem cedo pra gare du nord para tomar o trem pra amsterdã, que foi bem mais divertido que avião! primeiro porque era novidade, segundo porque a gente vai apreciando a paisagem enquanto não está dormindo. foi bem agradável a viagem, e melhor ainda foi chegar direto na centraal station e não no aeroporto que fica fora da cidade.

chegando ao voldelpark conhecemos valéria, uma brasileira gente boa que vai fazer uma grande viagem pelo continente. uma vez instalados, vamos começar os trabalhos, ou seja, comer. depois, passeio pelo parque. à noite, vimos a holanda jogar e ganhar, foi uma festa só na praça. bandos de gente doida comemorando.

primeiras descobertas gastronômicas de amsterdã:

sorvete do australian (o de mix de nozes é o melhor)
croquete febo – um croquete “de máquina” - você coloca a moeda e retira o seu croquete.

o último frango em paris

bem em frente ao nosso hotel, na rue saint paul, tinha uma “boucherie”chamada l'artisan boucher. a especialidade do estabelecimento era um frango assado, desses de padaria. todos os dias a gente passava lá na frente e via um forno com os franguinhos girando, despejando uma deliciosa gordura por sobre uma camada de batatas e cebolas. tudo muito colesterol-free como é a comida francesa. depois, eles colocavam os frangos inteiros ou em pedaços em uma vitrine. o cheiro era fenomenal e ficava sempre cheio, com uma fila na frente. a gente passava e ficava babando, mas nunca comprava porque saía cedo e voltava tarde. combinamos de comprar o frango no último dia e comer no café da manhã, numa legítima farofada na place de voges. seria nossa despedida de paris. acordamos empolgados, abrimos a janela e... decepção! e a boucherie estava fe-cha-da. era segunda-feira, e nosso último dia. que tristeza!...

agora é preciso voltar a paris só para comer aquele frango assado. de outra forma, morrerei infeliz com esse desejo não-realizado.

paris - último dia

nosso começo de viagem em paris foi um pouco merde, mas o dia de glória chegou. sem grandes obrigações turísticas, só ficamos por conta de andar sem rumo e aproveitar a cidade. pra mim, esse é o melhor jeito de conhecer paris e, por isso mesmo, tivemos um dos nossos melhores

tomamos nosso café clássico – croissant, queijo e suco de laranja na pracinha. fomos andando até a ile de saint-louis, (piramos numa lojinha lindinha chamada pylones de lá passamos pelo quartier latin andando até a saint sulpice. como estávamos pela área, fomos ao museu cluny (de arte medieval) que eu não conhecia. uma coisa legal em paris é que cada museu tem uma casa coerente com sua coleção, o cluny é uma casa medieval, o pompidou é uma construção modernosa, o louvre é aquilo tudo e por aí vai. dando voltinhas pelo quartier latin, acabamos dando de cara com o chez clement da place saint michel, e almoçar lá de novo foi inevitável (comi frango mesmo). caminhamos mais, fomos de novo no les halles (ficamos horas encaroçando na go sports e não levamos nada). de lá passamos pelo pompidou, comemos um sorvete amarino (nada demais) e voltamos para o hotel para lavar roupa. depois da função, voltamos até a ile de saint louis pra provar o famoso sorvete berthillion, esse sim muito bom. tava lindo lá, entardecendo, um sujeito tocando, clima ótimo, sem aquela multidão de turistas.

pra fechar, um falafel no lás du falafel. isso tudo fizemos a porque nosso passe de metrô já tinha vencido. paris é uma cidade perfeita para um casal de gordos como a gente, que só pensa em provar coisas novas e deliciosas. mesmo andando tanto, é bom mesmo ir embora pelo bem da silhueta.

[nosso hotel (le sevigné) é muito bem localizado, o marais é um lugar ótimo pra ficar. o único defeito é que o quarto era muito barulhento, as paredes pareciam feitas de papel.]

paris 4

café da manhã em uma pracinha oculta do marais (em frente ao hotel de sens). fomos ao hotel des invalides ver o túmulo do napoleão. eu não lembrava de ter ido na parte do museu das guerras 1 e 2 e agora inauguraram um memorial do charles de gaulle muito bem montado.
de lá, atravessamos a ponte alexandre iii (a mais bonita) e fomos ver uma exposição sobre a maria antonieta no grand palais. tinha uma fila enorme e a exposição, pra variar, estava lotada. foi como se fosse um pedacinho de versailles , que deixamos de ir. (cônjuge não quis , preferiu ficar mais um dia em paris, como eu conhecia, por mim foi até melhor).

essas exposições [acho que a viagem em geral] me fazem pensar na minha ignorância sobre história e arte e me fazem ter vontade de estudar, ler. às vezes eu acho que a minha memória tem lacunas, há tantas coisas que eu li, estudei e hoje já não lembro mais, o que também dá uma certa angústia.

fomos andando pelo champs elisées até o chez clément. estava incrível e rendeu uma história engraçada.

a história do pato – eu tenho certo prazer em pedir uma coisa que eu não saiba exatamente o que é (contanto não seja banana) porque é sempre uma surpresa quando chega. em lugares onde você não fala a língua, isso é bem fácil de acontecer. mas dessa vez eu tinha certeza que tinha pedido pato (canard), só não sabia exatamente como ele viria. quando chegou, a carne parecia uma picanha mal passada fatiadinha. era macia, suculenta, vermelha e com uma capa de gordurinha. estava delicioso mas, como o pato que eu já tinha comido era uma carne mais escura, parecida com um frango e nem de longe tão saborosa, eu pensei: “me enganei, canard não é pato, canard é alguma outra carne”. do jeito que tava bom poderia ser até carne de cachorro que eu não me incomodaria. até que um casal do nosso lado pediu um cardápio em inglês e eu descobri que o que eu tinha acabado de comer era de fato pato, porque a tradução era “duck”. ou seja, comi um delicioso pato-filé sem ter certeza do que era! [mais tarde eu descobri que para o pato ficar gostoso assim tem que ser um bem novinho, coitado...]

sobremesa: creme brulé. demos uma descansada e à noite caminhamos até a bastille pra gastar mais uma fortuna na internet e comer um crepe.

paris 3

café da manhã na place de voges – pão de azeitona, queijos, pain au chocolat. estava sol, alguns pais e mães tinham levado os filhos pra brincar no banco de areia, apareceu até uma noiva pra tirar fotos lá (depois eu descobri que isso é comum – principalmente entre as asiáticas, elas vão pra paris ou roma tirar fotos vestidas de noiva, não sei se casam de fato – essa tinha um grupinho de acompanhantes arrumadinhos, deve ter casado em algum cartório).

de lá subimos pra montmartre. primeira parada, claro, sacre coeur. achei bem mais organizado, não pode tirar foto. ficamos rodando a pé pelo bairro, das outras vezes eu só tinha ficado mais naquele centrinho. tentei achar a casa e o bar da amelie poulain, ou quem sabe dar de cara com a própria. pelo menos achamos um lugar sensacional pra almoçar, era um lugar mais roots, não me pareceu muito turístico. o nome era le petit caboulot e pra quem quiser ir, fica no número 6 da place jacques froment). pegamos um ónibus e descemos no boulevard haussmann onde ficam os grandes magazines de paris. entramos na printemps e ficamos com aquele sentimento de “putz, eu sou muito pobre” [mas foi só essa vez na viagem]. passamos pelo ópera e tiramos umas fotinhas. pena que não conseguimos agendar uma visita guiada. (se no teatro colón em buenos aires foi legal, imagino que o no ópera seja melhor ainda). andamos até o enorme shopping forum les halles que estava totalmente lotado. fizemos umas comprinhas.

depois fomos ao arco do triunfo e descemos a champs elisées inteira, namorando as lojas. também estava um fervo. por fim, fomos parar na rue de moufetard pra comer crepes.

paris 2

café da manhã em frente ao museu d’orsay. apesar da grandiosidade do seu acervo, o d’orsay é um museu leve, gostoso de ver. andar por lá é como dar um passeio. não tem aquele peso de mil anos de história que tem num louvre da vida, por exemplo. [talvez eu me sinta mais leve também porque o d’orsay é um museu moderno, o acervo não é roubado. me incomoda um pouco essa coisa de as obras terem sido usurpadas dos seus países de origem – como é o caso do acervo de arte antiga de um louvre ou um british museum da vida (coisa que aliás não vi na holanda). ainda que eu não tenha certeza se teriam sobrevivido em bom estado de conservação em seus locais de origem.]

caminhamos pelo sena até a notre dame. tentei rezar um pouquinho, mas me dá um pouco de raiva do povo sem educação falando e tirando fotos. eu acho assim ó: todo mundo reclama que acha um absurdo pagar pra entrar na igreja, só que ninguém visita essas igrejas por seu teor religioso e sim como se estivesse indo a um museu. ora, se você paga pra ir a um museu e encara a igreja como tal, nada mais justo que se pague pra entrar. o que eu não acho certo são as pessoas não pagarem e não terem o mínimo de respeito pra quem esta lá pra rezar. claro que eu entro na igreja e admiro a arquitetura, a história, coisa e tal, mas pra mim igreja é lugar de respeito (que eu teria em qualquer casa de deus, seja uma mesquita, uma sinagoga ou um templo budista).

demos uma voltinha pelo quartier latin e comemos por lá. me reabasteci de livros em uma livraria-parque-de-diversões de mil andares, já que tinha acabado de ler “o diário de anne frank” na grécia. paramos pra descansar no jardim du luxembourg, sempre tão lindinho e florido, com seus pombos vitaminados (lembrei de g., minha amiga que detesta pombos). então demos uma caminhada longuíssima até quase a torre eifel – no caminho descobrimos um mercadão chique chamado la grand epicerie de paris que é de ba-bar. pegamos o metrô pra andar um pedacinho, era um metrô legal que ia pela superfície e durante o percurso vimos a torre acender. chegamos ao trocadero para tirar a série de fotos que dez entre dez turistas que vão a paris tiram, ou seja, aquela clássica com a torre ao fundo. depois disso, entramos na fila pra pagar, fila pra entrar, fila pra subir, muita fila pra subir até o topo. não me incomodo de ir a paris mil vezes e tirar foto de turista no trocadero, mas por favor, não quero mais subir na torre porque esse programa vale 5 cocares e um apito. no final fazia um frio infernal, já era quase meia noite, eu estava morta e o cônjuge não cansava de tirar fotos noturnas. minha paciência tinha ido pro espaço e eu pedi pelo amor de deus pra ir embora. pegamos o metrô com muitos franceses mortos de bêbados (superbem vestidos e elegantes, como eles são), mas caindo de bêbados, tendo um surto patriótico, cantando o hino da frança e tudo que tinham direito. tive certeza que a frança tinha ganho o jogo da eurocopa. só no dia seguinte descobri que eles tinham tomado uma lavada da holanda. franceses são engraçados, perdem o jogo mas não perdem a majestade.

parêntesis

já estou de volta há mais de um mês mas parei no tempo em relação ao blog. pra não deixar isso aqui sem pé nem cabeça, vou terminar o relato da viagem, passando pra cá as anotações que fui fazendo no meu diário de bordo. é também um jeito de esticar um bocadinho as férias, enquanto releio, vou lembrando as passagens. aproveito pra colocar a acentuação correta nos posts anteriores. comentários póstumos entre colchetes.

paris 0 e 1

zero - a chegada em paris foi um pouco chata. primeiro porque passamos a manhã toda entre aeroportos (mykonos, atenas e orly). assim que chegamos em paris deixamos as coisas no hotel e fomos pra gare du nord tentar resolver uma questão da passagem de trem paris-amsterdã que não tinha chegado na data, e isso levou um tempão e não se resolveu, a gente se irritou com a má vontade das pessoas. foi bem desgastante e não fizemos nada de bom nesse dia.

um - nesse dia ainda perdemos mais uma manhã com a questão do trem, mas pelo menos resolvemos. compramos coisas para o café da manhã (croissant, suco e queijos) e comemos em frente ao hotel de ville. tudo em paris está lotado, mais lotado do que nunca. a cidade me parece à beira de um colapso turístico. andamos até o louvre e encaramos. o louvre me fez pensar bastante em como o homem vem trabalhando a representação ao longo dos tempos, mas mesmo assim senti falta de bagagem. é um museu pesado, mas de qualquer forma apreciei melhor os gregos (vi a vênus de milos com outros olhos, a coitadinha) e os egípcios. é estranho isso de você ter que colar os caquinhos de juntar a informação das ruínas com o que foi parar nos museus. por que não deixaram tudo no lugar de origem?
ri de tristeza diante da histeria coletiva na frente da monalisa. as pessoas querem tirar fotos, ninguém esta preocupado em apreciar as obras!

do louvre andamos até a praça da concórdia pelo jardim de tuilheries e então fomos jantar no chantiers, um restaurante bem tradicional (como se fosse o lamas mais ou menos) e "barato". eu achei bem bom, o cônjuge não curtiu tanto. em paris troquei a cerveja pelo vinho tinto.

mykonos 3

passeio a delos. delos é uma ilha "perto" de mykonos (aspas por conta da relatividade, conto por quê). ela é desabitada, mas foi grande centro de comércio e peregrinação e hoje é um grande sítio arqueológico a céu aberto. chegamos no primeiro barco. é realmente impressionante o tamanho do lugar e a quantidade de templos e construções (algumas ainda conservam mosaicos no chão). que achei tudo muito descuidado, desde a sinalização (tinham placas em francês, outras em inglês e outras simplesmente em grego) até a conservação do espaço - em delos tem um museu que fica meio largado. é uma pena. na volta, a tormenta. a pequena distância que separa delos de mykonos se tornou uma eternidade à medida que o tempo virou e passou a ventar forte. claro que o barco começou a balançar e eu a passar mal. sério, é uma sensação tão ruim que você é capaz de qualquer coisa pra se livrar dela, que não tem o que fazer - eu me beliscava com forca e fiquei com o braço cheio de unhadas. foi a pior meia hora da viagem, pelo menos foi meia hora. na chegada, eu nem esperei o barco atracar direito e fui a primeira a pular fora, xingando poseidon até a última geração.

à tarde, piscina do hotel. depois, praia de paradise. aí sim a mykonos que estava no meu imaginário. mentalize porto seguro (se nunca foi, sorte a sua). no lugar de axé, dance music (um pouco menos pior). então fica toda a garotada dançando e bebendo uns coquetéis coloridos e um sujeito careca com uma tanga fio-dental fazendo o papel de animador. e mais uma meia dúzia de gente pelada e/ou de topless. seria praticamente a visão do inferno se a praia não fosse linda e a gente não estivesse na grécia. aqui vale tudo. aliás, em vários lugares da viagem quisemos ter nossos amigos por perto, mas em mykonos esse sentimento foi mais forte porque é um lugar muito divertido e engraçado.

pesadelo - no meio da galera em paradise tinha uma garota que estava totalmente pelada entre seus amigos (não-pelados). ela tava tranquilona, sem nenhuma vergonha, tirava fotos, sentava na areia, uma coisa bizarra, pra minha cabeça conservadora, claro. para os tarados de plantão, era não era gata, era até um pouco feia. lá pelas tantas o careca da tanga veio e pegou a guria pra subir no palco. me senti tão constrangida por ela, me lembrou aqueles pesadelos que a gente tem, em que estamos nus (ou em outra situação embaraçosa) no meio de um monte de gente vestida.

à noite, jacuzzi e passeio pelo centro.