fragmentos de um caderninho (confissões de uma mente delirante aos 20 e poucos)

[20xx]

"meu chicão. ele é meu amor platônico desde que eu comecei a trabalhar na xxx. desde que ele falou que ia pra serra do caparaó e passaria o ano em caburé. meu deus, pensei! taí uma pessoa interessante, porque ninguém vai pra esses lugares assim impunemente. desde então eu gosto dele e baixo os olhos nas poucas vezes que eu encontro com ele na hora do almoço. ele também sabe da minha existência e provavelmente hoje descobriu que eu me chamo mariana - vai ver que ele também já teve (ou tem, vai saber) uma namorada com esse nome. eu devia era ter puxado assunto, naquele dia que ele falou de caburé. devia ter dito, dá licença, é que a gente tá um do lado do outro e eu não pude deixar de ouvir que você disse que ia pra caburé, e ele, que naquela época tinha o cabelo grande perguntaria: "você conhece caburé?" e eu começaria a contar da viagem com a minha mãe e a gente conversaria mais e engataria num papo gostoso, primeiro sobre viagens, depois sobre a vida além das férias e então eu, num átimo de coragem o convidaria para esticar a conversa no parque e ele responderia "claro, como não? o dia tá tão bonito!" e a gente sentaria nesse banquinho defronte pro chafariz, e quando desse dez pras três eu diria "poxa, agora eu preciso voltar pro trabalho" e ele faria uma cara de cachorro-que-caiu-da-mudança, à qual eu responderia com a pergunta "posso te beijar com a boca de feijão?"

- fim do delírio -"

[o fim do delirírio está no original. aos 20 e poucos eu já tinha um mínimo que fosse de auto-crítica.]

fragmentos de um diário (confissões de uma mente delirante aos 10)

[1987 - terceira ou quarta série]

"tudo começou quando... fizemos uma excursão ao horto florestal do grajaú e comecei a conversar com as plantas quando vimos uma plantação de trevos de 4 folhas. eu peguei um, mas teve gente que pegou um monte! comecei a falar com o trevo e disse a ele que gostava do xxx. disse a ele que desse sempre harmonia pra minha família, eu falava com fé. joguei três folhas pra cima e fiquei com uma. era em forma de coração. botei a folhinha dentro do convite da festa da marcelle, pois ela ia mesmo me dar sorte na festa. a partir daí comecei a conversar com deus, achoque ele está dentro de mim, bem moderninho, é como se ele fosse eu mesma ou minha melhor amiga, mas eu sou minha melhor amiga. contei tudo a ele, do trevo, do xxx e ele me dava conselhos. eu descobri que cada coisa tinha um pedacinho de deus e quando esses pedacinhos se proliferassem nós iríamos formar o salvador e deus viria a terra. ele me disse que meu pedacinho estava se proliferando pois eu tinha descoberto isso mas que o dos outros não. descobri que tudo e todos eram deus. ele me dava instruções para que o xxx gostasse de mim e que tudo acontecesse na festa e que nós dançássemos a noite inteira. eu estava cheia de esperança. ele me disse para que naquele dia eu não falasse a palavra festa. eu estava cada vez mais perto de deus. eu falei. ele me disse que eu perdi 5 pontos e que não ia ter praia no sábado. não teve mesmo e eu acreditei mais nele.
hora da festa: eu estava linda com batom cor-de-rosa com baloné e suspensório. comecei a procurar o trevo e nada de achar! fiquei desesperada! mas deus disse que ele estava no meu coração. me disse que primeiro o daniel ia me chamar pra dançar mas que depois o xxx é que ia ficar dançando comigo.
o daniel chamou a flávia e as músicas eram seguidas. aí eu dei um jeito de dançar e o xxx não parava, era só fabiane, flávia, érica e renata. eu ia rasgando o trevo no meu coração quando ele me tirou. foi só dessa vez porque ele não parava de dançar com a flávia e quando eu tirei ele, ele falou coisas feias pra mim. acho que a helena é que devia ficar com ele e quando ela foi tirar ele, ele disse as mesmas coisas feias pra ela. aí as meninas começaram a fazer fila pra dançar com ele! que humilhação! o resto da festa eu tentei disfarçar.
eu e deus discutimos. não é que eu não goste mais de deus. eu quero esquecer tudo isso. mas é que estou magoada."

[dois dias depois]

"hoje foi legal. acho que deu pra esquecer o xxx. na festa a flávia me disse que a fabiane não estava a fim do xxx, eu achei que ela também não estava mas vi que ela tinha razão pois na nossa idade temos que curtir e não nos prendermos em ninguém. pois eu resolvi partir pra paquera com o frederico do teatro."

[o que está em negrito foi sublinhado com canetinha verde no original]

por que eu não leria o meu blog

  1. não existe a menor consistência em termos de atualizações: posso tanto ficar um mês sem postar nada como em uma semana postar todos os dias. é chato acompanhar blogs assim.
  2. ele não é um blog tão pessoal onde eu faça confissões inconfessáveis - adoro ler um blog e pensar: gente, como essa pessoa tem coragem de escrever isso assim, pra qualquer um ler?!
  3. ele é heterogêneo demais: não tem um tema em torno do qual gira o conteúdo do blog como por exemplo, viagens, moda, gastronomia, esmalte de unha ou fofocas - só pra citar alguns assuntos que têm me interessado na blogosfera.
  4. alguns posts são longos demais
  5. a letra é pequena
  6. quase não coloco fotos, minhas fotos em geral são conceituais. tenho certeza que alguns posts, especialmente os de viagem, seriam bem mais atrativos se tivessem fotos ilustrando.
  7. esse layout tá ultrapassado [alô, amiga? :) nem ela passa mais por aqui!...]
  8. eu não respondo os comentários (isso é um problema, porque na verdade adoro os comentários. só não respondo porque acho esquisito responder na própria caixinha dos comentários, apesar de saber que essa é a "etiqueta" dos blogs. fico achando que a pessoa não vai se dar ao trabalho de voltar pra ler uma resposta. por isso acabo respondendo por email, msn ou pessoalmente, já que conheço a maioria das pessoas que passam aqui.)
  9. os assuntos que eu trato não interessam ninguém, e provavelmente muito menos as as opiniões que eu tenho sobre estes mesmos assuntos.
  10. no fundo fico achando que o que eu escrevia antes, nos meus caderninhos e diários era mais engraçado, espontâneo e cheio de vida. a possibilidade de ter interlocutores faz com que eu tenha mais cuidado, mais regras e a escrita acaba ficando mais burocrática.
então, por que raios eu mantenho um blog? não sei se devo essa satisfação pra alguém, mas acho que gosto de ter um espaço "público" pra exercitar o pensamento, a retórica, enfim, a arte de jogar conversa fora.

e é claro que eu gosto de ter leitores, apesar de sabê-los poucos. não fosse assim eu voltava de vez pros caderninhos e diários, os quais mantenho até hoje para fins de rabiscar listas de compras, listas de livros pra ler, livros lidos, rascunhos de posts e, sem dúvida, minhas confissões inconfessáveis. por isso, apesar de não ler o meu próprio blog se ele fosse de outra pessoa, faço aqui um apelo: por favor, não desista de mim.

addicted

ai que vontade de fumar. cigarro, maconha, crack. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! acho que vou comprar sapatos.

montinhos (vik muniz)

"o que curry em pó tem a ver com jujubas? o que espinhos de rosa têm a ver com fusíveis? o que bebês de plástico e besouros têm a ver com pelos de gato?
com quantas coisas incongruentes, na lógica comum, a vida faz seus montinhos do dia-a-dia? com quantas coisas aparentemente descombinadas se consegue chegar a uma obra de arte?"

[montinhos foi provavelmente uma das séries que menos chamou a atenção do público da excelente exposição do vik muniz no mam, diante da grandiosidade e complexidade das outras obras. por sua simplicidade, significado e poesia, pra mim foi uma das mais emocionantes.]

se eu fosse uma rádio eu estaria

menos jazz, mais música cubana.
menos jack johnson, mais ben harper.
menos lounge, mais hip hop.

entendeu?

marina

é surpreendente que depois de mais de 50 anos sendo castigado, vilipendiado pela estupidez humana, esse mar ainda tenha a generosidade de oferecer aos homens uma dádiva como essa:


o arpoador é o útero da minha mãe.

o paradoxo da diversidade na infância

durante o primário todas as crianças da minha escola tinham uma merendeira de plástico para levar o lanche, mas eu carregava uma bolsinha de couro com uma cara de garotinha pintada, possivelmente comprada em são lourenço. a maioria dos meus coleguinhas recebia o dinheiro da merenda e comprava um hambúrguer com coca-cola na hora do recreio, mas eu comia cenoura crua com suco de caju.

nas aulas de música aprendíamos a tocar flauta doce e cada um tinha seu próprio instrumento. a flauta padrão da turma era uma de plástico, vendida em cores diversas. a minha, claro, tinha que ser diferente. era uma flauta de madeira desenterrada de algum lugar da minha casa, o que fez meus pais aproveitarem a oportunidade para riscar mais um item da "lista de material". provavelmente a qualidade do som da minha flauta de madeira era muito melhor do que a das flautas de plástico dos outros alunos, mas o fato é que eu me sentia um e.t.

não culpo meus pais por isso. acho até que eles tiveram um alto grau de bom senso na minha educação em geral, me alimentando de forma saudável, destimulando um consumismo despropositado, reciclando... acho mesmo que faria (farei?) a mesma coisa com minha própria cria na condição de mãe. que legal incentivar a diversidade desde a infância. mas por que será que os pais não entendem que, nessa idade, tudo o que as crianças querem é serem iguais umas das outras?

[a propósito das aulas de música, me lembro de um dia em que uma americana - não sei por que motivo - foi visitar a escola. então me chamaram para fazer um "recital" e eu toquei "oh susana" na flauta pra ela. aparentemente era uma música que eu gostava/sabia tocar. ela gostou (ou fingiu gostar) e eu fiquei toda pimpona. pode ser que tenha sido fofo ou altamente constrangedor. isso eu nunca vou saber.]

o caju

o cemitério do caju será a estação final (ou, vai saber, estação de transferência para a linha 2) da minha vida e de toda a minha família. por isso é bom ir me acostumando com esse lugar tão peculiar. a localização já não é das melhores: no início da avenida brasil. a entrada, onde ficam as capelas em que os corpos são velados, também não é exatamente um cartão de boas vindas a altura do que se esperaria da nossa última parada. não tem nada de macabro o local, é apenas deprimente, com uma "recepção" que parece o arquétipo da repartição pública decadente, umas "capelas" azulejadas e feias, uma cantina horrenda e, como se não bastasse, vários cachorros que ficam dormindo pelos cantos. por incrível que pareça, o cemitério propriamente dito é mais agradável. tem longas ruas, umas poucas árvores, milhares de jazigos. é árido demais pro meu gosto, mas eu estarei embaixo da terra e não vou ver nada mesmo.

não tenho problemas com cemitérios. obviamente a experiência de ir a um não é nada agradável, mas simplesmente pelo motivo que me levou até lá, não tem a ver com o lugar em si. normalmente me distraio olhando as fotos, os nomes e as datas dos túmulos, mas ontem não tive tempo. cheguei atrasada e me perdi das pessoas. de repente, estava sozinha naquele deserto de concreto e lápides e bateu um desespero. então respirei fundo e pensei: "calma, não tem ninguém aqui. se tiver que ter medo de alguém, que seja dos vivos." e tratei logo de achar quem eu procurava.
um cemitério é apenas um cemitério. não é sinistro, não é místico, é só um lugar onde os vivos enterram seus mortos. e, exceto talvez pelo crematório, até hoje não inventaram uma solução melhor pra essa função ingrata.

tia vera

hoje me despedi da tia vera, uma tia muito querida da minha família por parte de pai. foi triste, como sempre é triste, mas por outro lado eu só me lembrava do nosso último encontro, numa noite tão agradável de verão.

deve fazer umas três semanas, quase na véspera da sua operação. era o aniversário de uma outra tia, irmã do meu pai, comemorado em um restaurante na tijuca. acho que era terça-feira. os irmãos estavam reunidos, mais minha prima, meu primo e os respectivos. eu compareci com a minha mãe e o cônjuge. tia vera disse que eu estava bonita e, como sempre fazia, falou que meu rosto lembrava o da minha prima, sua filha, "só que mais moreninha". ela também estava bonita, elegante com um vestidinho alegre e colorido que eu elogiei. ela contou orgulhosa que tinha sido presente do filho mais velho, que ganhava muitos presentes dos filhos, "é roupa, é sapato!...". vaidosa e jovial, tia vera. generosa e atenciosa, levou presentes pra todas as mulheres da mesa. me deu um par de argolas, que desde então quase não saíram mais da minha orelha. depois do jantar, ela pediu banana com açúcar e canela. não sei se meu tio ensaiou alguma reação, porque costumava regular o que ela comia, em prol da silhueta enxuta da mulher (e provavelmente da sua saúde também). mas ela não se negou esse prazer, e se deliciou com a sobremesa.

saí daquele prosaico encontro familiar toda feliz por ter participado. sabia que em outra fase da minha vida talvez tivesse ficado trabalhando até mais tarde ou teria alguma desculpa pra não aparecer. mas naquela noite dei graças a deus por ter entendido o valor desses pequenos encontros e por ter feito questão de ir. é que hoje em dia, dentro do possível, tenho feito de tudo pra não deixar a vida cotidiana atropelar a vida real, ou seja aquela que não existe apenas pra ser vivida, mas convivida. porque só quando a gente compartilha as alegrias é que consegue suportar melhor quando chega a hora da tristeza. foi a última vez que vi tia vera. ainda bem que ela comeu a sobremesa.

e termina mais um carnaval no reino encantado de são sebastião

e como o mundo dá voltas, não? pra quem disse no início do ano que não iria passar o carnaval aqui nem por decreto, até que a emenda dessa vez saiu melhor que o soneto. acontece que por uma questão de economia doméstica decidimos de última hora ficar no rio e com isso tive pouco tempo pra fazer a programação dos blocos e elaborar as fantasias. mas como carnaval é coisa muito séria, corri contra o relógio, botei a criatividade pra funcionar, fiz uma escavação arqueológica no baú da mamãe, e finalmente consegui agitar tudo a tempo.

na sexta-feira de tarde o barracão lá da firma estava frenético, com meus companheiros ajudando a montar o elemento-chave do meu traje de gala do domingo de carnaval. o resultado ficou tão bom que batemos palmas de excitação. por mim eu dormia naquela hora e só acordava no domingo, tamanha era a ansiedade. mas carnaval tá aí, então vamos aproveitar. parti pra o primeiro bloco com minha fiel companheira de carnaval, bela, e sua fiel companheira, lili. destino: brejeiro, no flamengo. fantasia: cheech & chong (eu era um mix dos dois). coloquei um bigode postiço gigante, o que me obrigou a tomar cerveja de canudo, e eu adorei. apesar do baseado fake muito bem produzido por bela, poucas pessoas entenderam a fantasia, mas tudo bem porque cheech & chong não é lá muito conhecido mesmo. o bloquinho estava ótimo, bem social, e tranquilinho. foi o presságio de um bom carnaval.

no sábado o cônjuge teve a "brilhante" idéia de levar sua mãe ao bola preta, e eu a idéia ainda mais "brilhante" de descer na cinelândia. resultado, quase morremos esmagados e não vimos bloco nenhum. andamos até a carioca, pela rua méxico, onde estava mais tranquilo. não estava a fim de ir pro céu na terra, pra onde o mundo inteiro vai, mas o bola também não é uma boa opção pro sábado de carnaval. achei caótico e descaracterizado. à tarde fomos tentar melhor sorte no empolga às 9, pra ver bela tocar. o começo do bloco é sempre mais divertido, quando ainda está relativamente vazio. encontramos, desencontramos e reencontramos muitos amigos. a fantasia do sábado foi de m. clouseau e a pantera cor-de-rosa.

domingo, dia de boitatá, foi a ocasião escolhida para eu usar minha fantasia de gala. o despertador tocou 7hs, mas acho que eu já tinha acordado antes de ansiedade. depois de arrumar o cabelo, fazer uma maquiagem renascentista e colocar como um esplendor a obra de arte feita pelos meus companheiros, eis que me transformo na monalisa, o quadro mais famoso do mundo! aí foi só sucesso. o cônjuge ficou andando comigo fantasiada de monalisa pra cima e pra baixo no bloco, fazendo exposição da figura. cada passo era um flash. encontramos milhares de amigos, mas eu passei a maior parte do tempo sem falar, fazendo apenas o famoso sorriso enigmático de gioconda, que eu vinha treinando há dias. mesmo de boca fechada, me diverti demais. o momento de glória foi quando eu fui pro meu posto avançado no "palquinho" da assembléia pra ver o boi tolo passar e o povo na escadaria começou a gritar: "é mo-na-li-sa! é mo-na-li-sa!" emocionada e morrendo de vontade de rir, eu só dava um sorrisinho e acenava feito miss pra multidão.

de lá partimos para o banga, no horto, onde nossos amigos queridos estavam tocando. confesso que fiquei apreensiva porque o banga fica bem mais tumultuado e a gente chegou com o bloco já começado e cheio. bem ou mal eu tinha um trambolho preso as minhas costas e não queria atrapalhar a visão de ninguém. mas toda monalisa tem o leonardo que merece e o meu foi abrindo caminho até a primeira fila do bloco, onde fiquei paradinha na frente de um isopor. ali eu relaxei, sorri, dancei e cantei. o fim da noite foi lindo, com muitos abraços, fotos e farta mesa pra repor as energias no arab da lagoa.

na segunda de manhã cedo eu estava saindo pra comprar pão quando recebi o primeiro sms: "manhê, tô no globo!" e pensei: não é possível! passei na banca, comprei o jornal e lá estava a minha foto de monalisa com o cônjuge estampada em colorido no caderno de carnaval. aí foi uma curtição com todo mundo ligando e a gente brincando com nossos 15 minutos de fama.

à tarde fomos ao exalta rei, mas chegamos um bocadinho depois de o rei roberto ter aparecido na sua sacada, o que foi um pouco frustrante. de qualquer jeito o bloco estava incrível, com jesus cristo, nossa senhora, negro gato e outras referências ao repertório do rei, sem contar com o cenário deslumbrante da urca. o bloco foi parar lá na uni-rio e depois ainda teve um chorinho na praia vermelha.

o meu bloquinho preferido,o zoobloco, saiu da praça XV na terça de manhã. as fantasias esse ano se superaram: tinha bicheiro, coelhinho da duracel, são francisco de assis, família mu, raposão, abelhinhas e abelha-rainha, centopéia... eu fui de lobo-mau-que-comeu-a-vovozinha e lá pelas tantas virei pra uma chapeuzinho vermelho que tava por lá e disse com ar solene: "eu comi a sua avó!". pra não perder o costume, ficamos na corda do bloco até a dispersão, que aconteceu no paço. foi lindo e a idéia de sair de manhã não podia ter sido melhor - pros adultos e pras crianças.

minha travessura de carnaval aconteceu quando eu cheguei um pouco bêbada na casa da sogra e achei por bem dar uma valorizada no meu cabelo de vovozinha. pedi pra sogra um pouco de talco, me tranquei no banheiro e literalmente tomei um banho de talco. claro que caiu talco no meu olho e eu mal conseguia sair do banheiro de tão cega que estava. passei o almoço de família inteiro chorando sem conseguir ver a comida no meu prato. pra ajudar, o cônjuge resolveu passar um pouco mais de água no meu olho. a água do copo tinha um resto de limão e o olho começou a arder mais ainda. foi bem tragicômico.

depois do almoço passamos no mam pra ver o início da orquestra imperial e de lá fomos andando pela rio branco, pra ver o outro lado do carnaval com concursos de clóvis e bate-bolas.

fim de carnaval, missão cumprida. se ano que vem tem mais? melhor não planejar.