dando o braço a torcer

sempre fui avessa a videogames em geral, mesmo durante a infância. nunca tive paciência pra jogar no computador o jogo de mesmo nome, e só tive uma fase vagamente viciada naquele jogo de cobrinha do celular, em um tempo que andava muito de metrô. por isso, quando o cônjuge veio com uma história de que ia comprar um videogame pra casa eu torci o nariz. a desculpa era que 01 e 02 vêm passar as férias no rio, e assim teriam uma distração a mais, mas é claro que quem queria mais o videogame era ele mesmo.

nos primeiros dias deixei ele se distraindo com o brinquedo novo enquanto eu lia indiferente no quarto. até que ontem convidamos amigos para uma sessão e é preciso dar o braço a torcer: o wii é muito divertido! não é à toa que ele fez tanto sucesso entre pessoas que habitualmente não jogavam, porque a sacada do controle "freehand" é genial. depois de jogar boliche, tênis, e golfe, acabamos todos esgotados com duas partidas de boxe cada. aliás, já que eu não consigo mesmo fazer nenhuma atividade física, adotei um treino virtual diário de boxe como minha mais nova medida contra o sedentarismo.

curiosidades: o inferno são os outros

muita gente sabe que o autor dessa expressão famosa, "o inferno são os outros" foi jean-paul sartre. o que me surpreendeu é que essa frase não foi dita em nenhum livro seu, mas em uma peça escrita por ele durante a segunda guerra, chamada "entre quatro paredes". nela, três pessoas vão parar no inferno:

"eles chegam um após o outro e se vêem trancados num quarto mobiliado com antiguidades feias. a princípio ficam aliviados. esperavam instrumentos de tortura e carvões em brasa. depois, compreendem. não há espelhos, livros, escovas de dentes, distrações. tudo o que têm - pelo resto da eternidade - é uns aos outros."

fonte: hazel rowley em "tête-à-tête"

uma manhã feliz

sábado foi dia de ir ao saara. pra mim o segundo melhor lugar do mundo, depois do arpoador, é o saara. meu coração bate mais forte quando eu piso naquelas ruas. é o sangue libanês correndo nas veias.

[parêntesis para contar o laço afetivo com o saara: meu avô chegou no brasil ainda jovenzito, vindo do líbano com seu irmão. não falava nada de português, mas aprendeu na cara e na coragem, vendendo bugigangas como mascate. muito tempo depois ele conseguiu prosperar e finalmente abriu seu "lojinha" de artigos para enxoval, em plena senhor dos passos, de onde só saiu no dia em que morreu. hoje fico um pouco triste de ver o saara dominado pelos chineses e afins, mas ainda bem que restam uns poucos resistentes de descendência árabe.]

demos um longo passeio pelas ruas principais e transversais, de onde saímos com:

- guloseimas variadas da casa pedro, pagas com ticket-refeição;
- 2 panos de chão;
- 1 papai noel que sobe uma escada cantando uma música insuportável (era presente);
- 2 pacotes com pregadores em forma de bichinhos;
- 2 panos de chão;
- 1 pisca-pisca de laranjinhas (que se tornou minha maior obsessão da manhã, a ponto de eu não conseguir imaginar mais a vida sem um daqueles, que por sinal parou de funcionar no minuto seguinte que colocamos na tomada de casa);
- 1 espelho redondo, para um experimento decorativo;
- 1 ramalhete de flores artificiais para compor minha fantasia de vanessa da mata, na festa que aconteceria à noite; e
- 3 pacotes de gel de bolinhas, que parece ter se tornado a nova mania do saara, porque em cada esquina há um camelô vendendo isso. tratam-se de umas bolinhas que depois de um tempo de molho na água incham, e ficam parecidas com bolas de gude coloridas. pra que serve a gente não entendeu bem, mas achamos bonito e compramos 3 pacotes por 5 reaL.

pra completar, nos regalamos com duas esfirras, uma aberta e uma fechada, um churrasquinho de kafta, servido no meio da rua e uma laranjada no point mais tradicional da região: a pastelaria com azulejos de laranjinhas.

é ou não é a maior diversão?