alguém me explica II

o que foi ontem, naqueles depoimentinhos que as pessoas dão no fim da novela, quando a mulher falou "estou 7 anos com o mesmo peso" e aparece o seguinte texto atrás: "estou a 7 anos com o mesmo peso"? alô revisor???

eu sei, eu sei, sei lá, sei lá, é muita falta de assunto mas eu fiquei passada!

algu?m que v? a novela por favor me explica...

que calor ? esse que faz em paris em pleno fevereiro?

agradecimentos

agradeço a deus por estar viva, ao meu médico e sua equipe, que apesar de doidos fizeram um excelente trabalho, aos enfermeiros, maqueiros e copeiros fofíssimos da casa de saúde são josé, a minha mãe guerreira, ao meu paciente companheiro de todas as horas, aos amigos que apareceram e telefonaram, e ao manoel carlos que proporciona a hora mais feliz do meu dia.

meu corpo, este ser estranho

pós-operada eu tenho as sensações mais bizarras. primeiro é achar uma posição, deitada, sentada ou em pé: tudo incomoda. às vezes é como se eu tivesse levado um chute na barriga. outras, sinto ela inchada como se eu tivesse acabado de bater dois pratos de feijoada. tem horas que arde, parece que estão jogando querosene quente numa ferida aberta. agora sem fazer drama, a maior parte do tempo eu só sinto como se tivese exagerado no abdominal.

ontem arrumei um rodo pra fazer de cajado. estava humilhante demais, então agora me contento em andar pela casa feito o corcunda de notredame.

não posso rir, não posso chorar, não posso tossir, nem espirrar. na primeira noite em casa engasguei, aí comecei a tossir e foi uma dor insuportável, não sabia se tossia, se gritava, na tentativa de conter a tosse parei de respirar e foi um deus-nos-acuda. fiquei triste nesse dia e me deu vontade de chorar. mas não podia soluçar, então apelei pra arte de chorar baixinho. ontem à noite foi o contrário. minha mãe entrou no quarto e contou uma coisa engraçada e eu simplesmente tive um ataque de riso. cada movimento involuntário da barriga produzia uma dor, e ao mesmo tempo que eu tinha vontade de chorar por causa da dor, não conseguia parar de rir. foi pura tragédia grega e eu achei que ia ficar louca. e assim eu entendi que tentar controlar as manifestações mais primitivas do corpo, como o riso, pode sim, levar à loucura.

fora isso, ao contrário do que eu dei a entender, está tudo bem. vou tentar aproveitar esse tempo em casa da melhor forma possível: dormindo e comendo bem, lendo, escrevendo, e, claro, sendo paparicada porque eu mereço :p

pós-operada

então eu tinha dado uma sumidinha porque a vida estava assim-assim, num hiato. muita coisa pra acontecer e nada acontecia, e eu numa ansiedade, num descontentamento e a chuva que não parava de cair não ajudava.

uma dessas coisas que estavam amarradas era uma cirurgia pra tirar meu mioma de estimação porque, na medida do possível, eu resolvi não ficar mais empurrando os problemas com a barriga. e depois de muitas idas e vindas acabei marcando a cirurgia no susto, de um dia pro outro.

graças a deus deu tudo certo e meu médico acabou tirando não só um como dois monstrinhos de dentro de mim. agora estou em processo de recuperação na casa da minha mãe e só hoje estou conseguindo fazer alguma coisa que não vegetar.

sem querer me fazer de vítima até porque sei que existem situações mil vezes piores que essa minha, que eu não gosto nem de imaginar, mas o fato é que pós-operatório é uma merda e se você parar bem pra pensar, cirurgia é uma coisa de maluco, a coroação da insanidade que é a medicina. primeiro você deita numa maca com um reles avental e uma touquinha ridícula, já com a dignidade perto de zero, e te levam pra uma sala que parece um estúdio de tv [mais precisamente cenário do núcleo hospitalar da novela das 8]. aí vem o anestesista, te passa uma conversa mole e te apaga. ai vem o chefe dos loucos, o cirurgião, e te passa a faca, faz o serviço e, com você ainda vagando pelo quarto escuro da consciência, te costura de volta. ou seja, em menos de duas horas você foi apagada, retalhada e costurada. depois, enquanto você toma litros de soro vitaminado com bombas químicas que vão evitar que você urre de dor, a equipe médica se despede e vai almoçar tranquilamente como se tivesse acabado de jogar uma partida de buraco*.

[*por falar em buraco, a gente vê como o asfalto dessa cidade é um lixo quando anda de carro com a barriga cheia de pontos: cada movimento, uma nova emoção!]