big sur


não sei que tipo de música o rei roberto teria feito caso tivesse andado pelas curvas da big sur, mas o caso é que estrada é o caminho mais longo (e bonito) entre dois pontos - no nosso caso, monterrey e são francisco. juro, a estrada tinha tantas curvas que até eu que dirigia fiquei um pouco enjoada. a compensação era a vista maravilhosa, apesar do dia nublado e com uma neblina louca, e com isso várias paradinhas pra apreciar a natureza. não há cidades nem quase nada no caminho, só penhascos, mar e verde.

a parada mais esperada era o parque julia pfeifer, onde fica a paradisíaca visão da cachoeira desaguando no mar. depois comprovamos com um pouco de decepção que o homem deu uma forcinha pra natureza e construiu um cano pra levar a água até o lugar perfeito. ou seja, nos eua nem a cachoeira é 100% natural. mas tudo bem, valeu o passeio.

uma pena não ter feito um sol pra gente parar em uma daquelas praias (as únicas realmente bonitas e limpas das que vimos no pacífico) e dar um mergulho, mas por outro lado provavelmente não daria tempo de chegar a são francisco na hora de devolver o carro. aliás, até agora não sei como deu tempo!

pela estrada afora...


e aí finalmente pegamos a estrada. o tempo era curto - dois dias pra chegar em são francisco - então tivemos que eleger bem as paradas e cortar muita coisa. dilemas de quem viaja de férias.

chegamos em santa bárbara lá pelas 5 da tarde e fomos direto pra mission, que já estava fechada. paciência, demos uma olhadinha por fora e tá bom. e toca a procurar um hotel onde passar a noite. acabamos achando um motel, daqueles bem do estilo "pequena miss sunshine", chamado presídio. o quarto era decorado com adesivos de castelo mal assombrado nas paredes, uma graça. saímos pra dar uma volta no centrinho da cidade, jantamos mais um mexicano apimentadíssimo (o almoço já tinha sido sofrível), andamos pra cima e pra baixo até o comércio fechar. achamos santa bárbara uma cidadezinha muito bonitinha e simpática. no dia seguinte, demos um pulo no píer antes de seguir novamente.

no caminho paramos em san luís obispo para almoçar e ver a mission (meio mal cuidada). chegamos em carmel no fim da tarde, demos uma voltinha e resolvemos ficar em monterrey, que é do lado. àquela altura já estava frio e chovendo. achamos um motel, deixamos as coisas e fomos comer no cannery row, num lugar chamado "the fish hopper" - dos deuses: frutos do mar sem muita firula, só com um tempero muito bem feito, e um garçom simpático que queria vir morar no brasil.

no dia seguinte acordamos bem cedo e fomos dar um passeio de carro pela 17-mile drive, um condomínio fechado de ricaços, com ciprestes, vistas fabulosas e campos de golfe. da vista a gente não pode aproveitar muito por causa de uma neblina baixa que acabou nos acompanhando até são francisco.

tomamos um café da manhã deliciosamente trash (panquecas, torradas, etc) num restaurante adorável em pacific grove, chamado victorian house ou algo assim. era um ambiente todo antiguinho e bem vitoriano mesmo.

bem alimentados, seguimos para o aquário de monterrey, um dos maiores do mundo. confesso que não estava lá muito animada com o programa, não curto bichos engaiolados seja no zoológico ou no aquário, mas acabei me surpreendendo. ainda mais que na entrada um sujeito abordou a gente e ofereceu entradas pela metade do preço porque ele tinha um "membership" e supostamente seus amigos/acompanhantes não tinham chegado. brasileiros que somos, ficamos desconfiados com a "esmola demais", mas no final deu tudo certo e de fato pagamos a metade do preço pelos ingresso e evitamos a fila - perfeito! o aquário é sim um excelente programa pra todas as idades. adorei especialmente a ala das água-vivas, de mil cores e formas, coisas que eu provavelmente não veria mergulhando nem nos melhores picos do mundo. de tão empolgados que ficamos no aquário, perdememos um pouco a noção da hora e pé no acelerador pra chegar em são francisco até 4 da tarde, contando com as paradas na big sur!

o getty museum


tínhamos sido recomendados para conhecer o getty museum por um local de l.a., por isso não deixamos de ir lá antes de pegar a estrada no dia seguinte. sábia decisão. que lugar! seguramente esse foi um dos museus mais fantásticos que eu já visitei por seu conjunto da obra: a arquitetura sensacional, os jardins, o serviço, a vista e, claro, a coleção em si. e o mais incrível: de graça.

grande parte do acervo do museu pertenceu a j.p. getty, um bilionário do petróleo que era colecionador e admirador de arte. o complexo onde é hoje foi fundado há menos de 20 anos e tem uma arquitetura fenomenal e uns jardins de chorar.

tinham várias exposições temporárias rolando, e descobri muitas coisas novas e excitantes:

- jo ann callis - fotógrafa americana, lida muito com a linguagem do fetiche.
- paul outerbridge - idem, descobriu técnicas para trabalhar a cor (coisas que eu não entendo bem), dizia que se você fotografa bem um nu, você fotografa qualquer coisa.
- iluminuras e manuscritos alemães na idade média - achei interessante que depois que inventaram a imprensa, lá por aqueles lados mesmo, os tipos imitavam as iluminuras e manuscritos. ou seja, quase sempre que uma novidade aparece ela tenta imitar o que antecedeu, até encontrar sua linguagem própria.
- a oficina de la roldana - uma mostra bem legal sobre as técnicas de escultura em policromia no ateliê de luisa roldan, uma artista mulher, raridade em seu tempo.
- pintura barroca na bolonha - mostra sobre o rumo da pintura na itália pós-resnascimento, um movimento liderado principalmente pelos carraci. uma profusão de temas bíblicos cheios de drama.

depois de muito andar e passear pelos 4 cantos do museu, pegamos a estrada pro norte.

L.A.


todo mundo fala meio mal de l.a., que é uma cidade enorme, poluída, com trânsito caótico. pra falar a verdade a gente gostou, talvez porque l.a. tenha lembrado muito o rio. primeiro foi o choque do calor. eu, que não tinha levado fé que iria esquentar, só levei uma bermuda e algumas camisetas na mala, o que me obrigou a comprar um short e uma blusinha sem manga assim que chegamos em l.a..

nosso primeiro passeio foi em santa mônica. era um domingão de sol, e a praia estava cheia de gente, famílias inteiras, farofada, casais, crianças, gente correndo e até jogando capoeira. tipicamente copacabana. no píer de santa mônica tem um parquinho de diversões mais tosco que o extinto e saudoso tivoli park que é meio emblemático do lugar. depois de dar uma volta na 3rd street promenade, uma rua de pedestres cheia de lojas e "artistas", voltamos pra ver o por-do-sol na praia. à noite só tivemos forças pra ir num restaurante de comida "southern"/comfort atrás do hotel.

no dia seguinte a gente rumou pra beverly hills de manhã bem cedo e tomamos um café daqueles super americanos lá mesmo. nossa onda não era ficar andando atrás mansão de fulano ou cicrano, só queríamos dar uma conferida no local. chegamos até a ver um paparazzo com uma objetiva imensa colada no vidro de um salão de beleza, mas não descobrimos que famoso/a estava lá. aquelas lojas de ultra-luxo da rodeo drive não me enchem os olhos, mas a rua é bonitinha e agradável pra dar um passseio despretencioso, e só. de lá rumamos pra hollywood, que é BEM menos glamouroso, por mais surpreendente que possa parecer. é, na verdade, bastante decadente em alguns lugares. a calçada da fama me pareceu uma grande bobagem e tudo no fim da hollywod boulevard tem aquele inconfundível toque "caça-turista". nos encontramos com uma amiga da firma do cônjuge que passeava por lá com a família, ficamos admirando a vista do "hollywood sign" do terceiro andar do shopping anexo ao kodak theater e me diverti um pouco na virgin mega store - uma das poucas que ainda estava aberta nos eua.

no fim da tarde fomos conhecer manhatan beach, uma praiota mais ou menos onde eu finalmente tive o meu batismo de pacífico e mergulhei de corpo inteiro. ficamos lá matando as saudades da praia e do sol, sem grandes preocupações com o tempo. na volta ainda demos um pulo em venice beach, que pareceu ser simpática, e onde comemos no supostamente melhor italiano de l.a. (c&e trattoria), que de muito bom mesmo só tinha o pão de alho.

de repente, califórnia

então chegamos em los angeles, cidade proibida, num domingo de manhã. pegamos o carrinho e fomos pro hotel em marina del rey.

o carrinho: tem gente que reclama de motorista de fim de semana, aquele que pela falta de prática do dia-a-dia, acaba se tornando um tremendo barbeiro. agora mentalize um motorista anual. é o meu caso, sou uma motorista de férias, dirijo uma vez por ano, quando viajo. mas até que não me saí mal. já tinha tido umas aulas de direção em um carro automático na casa da minha família em dayton, já que nunca tinha dirigido um, mas como diz minha irmã, com o que é bom a gente acostuma rápido, difícil é desacostumar. dirigir carro automático é ridículo, com gps então, a gente não tem nem que pensar muito, dá até pra fazer as unhas no trânsito. alugamos o carro dos meus sonhos, um pt cruiser, que é uma fofura vintage com os confortos da modernidade, um carro que lá é banal e aqui custa os olhos da cara. com ele, desbravamos a costa do pacífico até são francisco.

é primavera no hemisfério norte

é primavera no central park, nova york, ny

é primavera no metropolitan de nova york, ny

é primavera em alcatraz (são francisco), ca

é primavera num jardim de sapatos em são francisco, ca

é primavera na big sur, ca

é primavera no aquário de monterrey, ca

é primavera no getty center em los angeles, ca

é primavera em dayton, oh

depois de chicago: indianápolis e dayton

deixamos chicago de carro com meus pais e fomos passar a noite na casa da minha irmã, em indianápolis, a 3 hs dali. ela fez um dos meus pratos preferidos para o jantar, e a gente ficou brincando com os filhos dela, uma menina de 6 e um menino de 2, que são a coisa mais xumela! eu caí de amores pelo pequeno enquanto o cônjuge viu na maior sua filha perfeita: além de saber o filme transformers de cor, ela ainda adora linkin park - uma figura. levamos pra eles pequenos instrumentos indígenas comprados na feira hippie e fizemos uma banda, liderada por ela, claro. foi uma noite ótima, pena que passou tão rápido.

no dia seguinte pegamos o carro e em mais 3hs já estávamos em dayton, onde eu morei. ficamos até o fim da semana e a programação foi intensa, mas ao mesmo tempo descansamos bastante porque a maior parte do dia a gente dedicava aos nossos grandes prazeres: comer, cozinhar, conversar.

atendendo a pedidos, minha mãe fez um chilli (o melhor do mundo) e assou pão pra gente. preparou ainda algumas outras comidas exóticas como flores fritas e salada de frutas com aipo e cenoura, tudo a cara dela.

matei as saudades dos meus lugares preferidos: meijers, o hipermercado do bairro [onde fizemos compras para um jantar que cozinhamos pra eles]; o melhor restaurante chinês do planeta, china cottage [que serve um frango com nozes divino; jantamos lá com a irmã da minha mãe e sua filhinha que hoje tem 17 e tinha 2 quando eu conheci]; yellow springs [uma cidadezinha perto, eu adorava porque era meio riponga, hoje em dia está mais "cool". o que eu não conhecia lá era um parque bem legal pra fazer caminhadas]; books & co. [uma livraria-parque-de-diversões, como as muitas que existem lá e como tantas outras onde perdíamos horas em cada uma das cidades por onde passamos].

também descobri novos lugares como o mercado/feira no centro, o parque do bairro onde a minha irmã mora, um novo complexo de lojas onde jantamos (muito bem) no mccormick & schmick's...

visitamos o trabalho de todo mundo, muitos mercados, lojinhas e afins, dormimos um dia na casa da minha irmã e ficamos apaixonados pela sua filhinha (e acho que a recíproca foi verdadeira, porque ela costuma estranhar quem não conhece e com a gente ficou super risonha e à vontade). passamos um bom tempo com eles também, o marido dela é fanático por games então ele o cônjuge tiveram bastante assunto, enquanto eu e a minha irmã colocávamos a conversa em dia.

ou seja, vivemos o dia-a-dia de uma família típicamente-pero-no-mucho americana.

no fim, como sempre, achamos que o tempo foi pouco pra matar tanta saudade. o objetivo não era fazer turismo e sim ficar em família, e foi tudo perfeito. o cônjuge foi devidamente adotado e aprovado, meu pai até levou ele pra jogar golfe (!) em uma tarde "só dos meninos". a despedida foi triste, deu vontade de ficar mais um pouquinho. tomara que não leve outros 8 anos pra gente se ver de novo. aliás, por mim, seria logo ano que vem... e todos os outros. o que me traz de volta à pergunta que resume o dilema básico da minha existência: por que nossas férias nunca são suficientes?

o paradoxo do push/pull

não adianta: por mais que eu tenha sido adestrada a vida inteira de que push é empurre e pull é puxe, toda vez que eu leio push o meu cérebro manda uma mensagem pra minha mão: puxe! e eu vou lá e puxo.

a família

os l. são o melhor tipo de gente que pode ter nesse mundo. me acolheram em sua casa aos 16 anos depois de terem visto uma foto minha (assustadora) com uma camiseta que dizia "go against the flow".

como eu já disse antes, pra mim é muito difícil falar daqueles que a gente ama, mas vou tentar fazer um retratinho de cada um:

minha mãe: uma ex-hippie com resquícios de porra-louquice do bem, professora de artes, cozinheira de mão cheia (especialista em flores comestíveis), fala pelos cotovelos e faz amigos em qualquer lugar, na fila do mercado ou na sala de espera do dentista (eu fui testemunha). adora conhecer lugares exóticos, se envolve em mil projetos como voluntária, é artista plástica nas poucas horas vagas. quero envelhecer como ela, vestindo roupas coloridas e quebrando todos os protocolos.

meu pai: daltônico, acadêmico de peso, o que em bom português a gente chama de caxias até a medula, religioso mas não fanático, engraçado, maníaco por golfe, leva uma vida social super intensa. avozão-coruja, muito correto, exigente e generoso.

minha irmã mais velha: linda de morrer, atlética, sensível, dá aulas de piano, tem uma família perfeita com um incrível casal de filhos loiros e um labrador amarelo. vive com o marido, fisioterapeuta, em indianápolis, numa casa que tem um cinema e uma mesa de sinuca no porão.

minha irmã caçula: se eu fosse espírita iria dizer que tenho uma ligação com essa criatura de outras vidas. hoje ela dá aula de literatura em uma escola experimental, tem uma filhinha de um ano formidável (que nasceu no dia 29 de fevereiro!), um marido gente boa que vende x-box no ebay. mas desde que eu a conheci, com 11 anos de idade, ela é a mesma pirada, falante, inquieta, debochada e brincalhona.

eles definitivamente são muito diferentes: lindos, cultos, gentis, engajados, interessados em outras culturas, preocupados com o meio ambiente, comprometidos com uma vida saudável, mente aberta, amorosos, tolerantes e cheios de senso de humor. resumindo: eu tive muita sorte na vida quando passei a fazer parte, de um jeito torto, dessa família. e mais sorte ainda de até hoje poder dizer: eu sou um deles.

o reencontro

primeiro foi na tarde do segundo dia em chicago, com meu pai e minha mãe. estava ansiosa e apreensiva, o que será que eles vão achar de mim, será que eles vão gostar do meu consorte? será que o meu inglês ainda dá conta? será que a gente vai se entender? em dois segundos as dúvidas se evaporaram e a gente era de novo uma família. engraçado foi que, depois ela me contou, minha mãe também teve as mesmas dúvidas e apreensões antes de me encontrar, mas pensou assim: com a mãe que ela tem, com a irmã que ela tem, com o pai que ela teve, não é possível que ela tenha mudado tanto assim. e mais tarde a gente concordou: eu mudei sim, não em essência, mas agora estou mais feliz e mais segura, principalmente em relação à última vez que a gente se viu, quando eu andava confusa e deprimida.

uma metáfora

durante uma consulta de rotina o seu dentista pede para você fazer um exame. você enrola e não faz. quando chega a data de ir novamente ao dentista você fica com vergonha de não ter feito o exame que ele mandou e desmarca a consulta. o pedido de exame perde a validade. você não tem coragem de voltar ao dentista para solicitar um outro pedido. a essa altura você já passou tanto tempo sem dar as caras que se sente constrangido de voltar ao consultório porque sabe que vai levar uma descompostura do dentista. e com isso passam-se anos e sua boca encheu de cáries.

***

o processo de afastamento entre duas pessoas pode seguir mais ou menos esse modelo. você não liga, acha que o outro ficou puto, fica sem graça de ligar, o tempo passa e pluf. os dois se afastaram para sempre.

já me aconteceu algumas vezes e quase que acontece de novo com a minha família de intercâmbio. a gente não se via há 8 anos [durante toda a era bush, engraçado], desde o último encontro em londres. trocamos e-mails e cartas durante algum tempo e depois eu sumi. fiquei com vergonha de não ter dado as caras na ocasião do casamento da minha irmã mais nova e criei um bloqueio pra escrever. achava que ou escrevia uma carta enorme contando em detalhes tudo que tinha acontecido na minha vida nos últimos anos ou era melhor nem dar as caras. não conseguia começar. aí um dia mandei um e-mail. pedi desculpas, dei notícias, disse que estava viva. não foi uma carta épica, foi apenas um alô pra quebrar o gelo. a partir daí retomamos o contato e decidimos nos ver esse ano.

e foi tão bom, tão bom mesmo rever essas pessoas que nem pareceu que passou tanto tempo. foi como se tivesse sido ontem que a gente morava na mesma casa e dividia a vida.

aventuras gastronômicas em chicago


a missão cachorro-quente: depois de ter lido no time out, visto no anthony bourdain e confirmado no trip advisor, tínhamos certeza que não podíamos deixar de ir nesse lugar: hot dougs, onde supostamente é servido o melhor cachorro quente de chicago, quiçá do planeta.

primeiro desafio foi achar o lugar, que fica totalmente fora do eixo turístico: tomamos um metrô/trem no loop e descemos numa estação bem longe. de lá andamos umas vinte quadras de um bairro 100% residencial até chegar ao destino, no meio do nada. o lugar e a fila, uma fila inacreditável. nem era tão longa, mas não andava. surreal. o frio e o vento eram aburdos. eu estava em estado de criogenia. isso tudo por um cachorro-quente! até que uma hora e meia depois a gente conseguiu entrar na lanchonete, pelo menos pra se recompor do frio já que tinha outra fila lá dentro. depois de tanta espera, cada um pediu dois cachorros-quentes: 2 de fois gras, 1 de garlic pork (o melhor) e outro de chardonnay sausage + as famosas duck fries, batatas fritas em gordura de pato. os drinks foram por conta do próprio doug, que fica no caixa, depois que contamos que tinhamos chegado do brasil só pra comer no seu restaurante. muito simpático. se valeu a pena? bom, depois de passar por todo esse purgatório pra comer o famosos cachorro-quente, você não chegou a lugar nenhum que não seja o paraíso. pode ser um golpe de marketing: você padece na fila, chega lá e acha tudo fantástico. sem conseguir formular uma opinião isenta, achei a comida boa, mas não desmereço o bom e velho sanduiche de pão com linguiça da casa do alemão.

outras menções honrosas de chicago: catch 35, um restaurante de comida contemporânea, especializado em frutos do mar e shaw’s crabhouse, onde eles servem uns caranguejos gigantes.

primeira cidade: chicago


talvez alguém se ofenda com o que eu vou dizer, mas chicago é uma nova york melhorada. pelo menos arquitetonicamente falando. a cidade foi destruída por um incêndio em 1876 e seus governantes tomaram como desafio reconstruir tudo do zero, muito maior e melhor. achei que iria ver muitas alusões sobre máfia e al capone, mas o passado criminoso não é exatamente motivo de orgulho pra cidade. [engraçado que na califórnia, ao contrário, parece haver um verdadeiro culto ao "scarface lifestyle"].

um dos símbolos de chicago é uma gigantesca escultura do anish kapoor [de quem vimos uma exposição incrível no ccbb há alguns anos] chamada névoa. parece um grão de feijão em grande escala, tão polido que vira um espelho para os arranha-céus e para os turistas que se divertem tirando fotos de todos os ângulos.

aliás, todo o millennium park, é demais. em geral não sou chegada à arquitetura futurística, mas em chigago tudo foi tudo muito bem executado e o resultado é uma cidade que mistura velho e novo com naturalidade. a cidade serviu de inspiração para a gotham city, e aqueles trens suspensos que se vê no batman são na verdade o "loop", um esqueminha inteligente de transporte urbano, onde as linhas vindas dos 4 cantos se interligam no centro da cidade.

passeios imperdíveis em chicago:

além do millenium park, vale a pena dedicar algumas horas ao chicago art institute, que é praticamente do lado. o acervo é respeitável e o restaurante ótimo.

john hanckok center – um observatório onde você sobe 94 (!!!) andares e vê a cidade inteira lá de cima, incluindo a enseada sexy do lago michigan.

magnificent mile – foi uma tentativa dos arquitetos e engenheiros que reconstruíram chicago de imitar os boulevares de paris. os prédios são absolutamente esquisofrênicos, cada um em um estilo – gótico, moderno, neoclássico, rococó, com inscrições egípcias e por aí vai. mas isso torna o passeio mais divertido e eles se integram entre si. nessa parte da rua ficam várias lojas de marcas conhecidas e de luxo.

não fomos a nenhum musical em nova york, mas assistimos jersey boys na broadway de chicago. a peça é sobre o four seasons, um grupo que fez sucesso nos anos 60 [nunca tinha ouvido falar, mas entre outras eles lançaram "can't take my eyes off you"].

em poucas palavras, chicago é uma cidade enorme, bonita, limpa e organizada marcada pelo contraste de velho e novo, natureza e construções. voltaria com certeza, principalmente pra ir a um bar de blues já que todas as tentativas dessa vez foram malogradas.

finalmente, algumas impressões sobre a viagem. a chegada.

definitivamente alguma coisa mudou na terra do obama: o oficial da imigração chamava perez e dizia pro outro (provavelmente um garcía, gomez ou gonzalez) que "tenía hambre". e nos deixou entrar no país sem fazer qualquer pergunta, onde a gente ia ficar, quem a gente conhecia, qual era o motivo da nossa visita, se fazíamos parte de alguma organização terrorista, na-da. confesso que fiquei até um pouco decepcionada.

jardinzinho 2.0

este é o primeiro blog da história que ninguém lê mas que tem o layout assinado por uma designer premiada. ficou lindo e colorido, do jeito que eu gosto, e de quebra ainda ganhei uma busca. dá licença, tá, que eu tô muito metida.

voltar de férias é: II

tomar um choque de realidade e lembrar que o rio de janeiro é a cidade mais nonsense do mundo pra se viver.

era para ser uma agradável noite de quinta, quando decidimos conferir o cardápio do zazá bistrô no restaurant week. presumidamente o restaurante estava cheio, então ficamos aguardando uma mesa nos banquinhos do lado de fora, junto à varanda.

conversa vai, conversa vem, um sujeito com cara de mendigo doidão se aproxima e, em um segundo, dá o bote por cima da varanda, rouba um celular sob uma das mesas onde jantavam duas amigas e sai correndo. no mesmo instante o cônjuge, em cuja infância viu filmes de super-herói sem moderação, sai correndo atrás do meliante. no encalço vêm o segurança e um outro sujeito que fazia sua caminhada noturna com a mulher. no ímpeto de alcançar o ladrão, o sujeito dá um esbarrão no cônjuge que vai caindo em câmera lenta na rua. como um herói não se abate facilmente, ele se levanta e continua a correr em busca da justiça. enquanto isso na calçada eu e a mulher do sujeito discutimos sobre a falta de segurança no bairro e os començais da varanda aguardam ansiosamente o desenrolar dos fatos.

primeiro volta o cônjuge todo estrupiado e desanimado: o ladrão tinha escapado. a vítima está agradecida de qualquer forma, ele não precisava ter se arriscado por um celular. depois vem o segurança, com o celular recuperado que o ladrão tinha deixado pra trás. burburinho na varanda. a vítima nem acredita, quer nos pagar um drink, mas dizemos que não precisa, obrigado pela gentileza. nossa mesa está pronta. jantamos como se nada tivesse acontecido.

saldo do jantar:

uma salada caprese com tomate recheado muito boa;
um talharim de arroz com legumes interessante;
uma sobremesa sem graça;
uma camisa rasgada;
uma distenção muscular na perna direita;
escoriações múltiplas;
dois drinks grátis que a dona do celular roubado e recuperado insistiu em pagar.

voltar de férias é:

não fazer idéia de quem é essa tal susan boyle.
não ter visto o vídeo da maysa puxando a peruca do silvio santos, no youtube.
estar com quilos a mais.
estar com dinheiro de menos.
descobrir que o preço do leite subiu, mas a passagem de ônibus continua igual.
ter novas referências, pelo menos por um tempo.
redescobrir uma rotina. e sobretudo redescobrir a gostar dela.
começar a planejar as próximas.