pois eu continuo com medo, mas confiante que tudo, tudo, tudo vai dar pé. porque na minha vida eu quase não planejo nada, mas o que eu desejo acaba se realizando de um jeito ou de outro. desejo bem mais do que planejo, sonho mais do que faço. e num passe de mágica as coisas acontecem. acabo ficando até um pouco preguiçosa. é e não é legal. tenho que abrir os ouvidos pro que assopra a minha intuição. a bichinha é poderosa. e eu às vezes fico surda.
o medinho vem de longe. uma vez, quando tinha 8 anos, estava em uma viagem de família em salvador. aí nos indicaram um padre astrólogo no pelourinho. da série coisas que só tem na bahia. aí fomos no convento e o padre fez o mapa da família toda. frei eliseu o nome dele, me lembro até hoje. se não me engano o meu mapa foi o último e provavelmente àquela altura ninguém estava mais com paciência de ouvir o mapa astral de uma criança de 8 anos. não guardei quase nada do que foi dito, tampouco gravamos a conversa, mas uma coisa o frei astrólogo disse que me marcou e me persegue até hoje. a "profecia" versava mais ou menos o seguinte: eu poderia perder tudo na vida, mas sempre sobraria um tijolinho de onde eu tiraria forças pra reconstruir meus castelos. como a gente só ouve o que quer*, eu simplesmente ignorei a parte boa da história e passei a conviver com um fantasma: "eu vou perder tudo".
já perdi muita coisa. muita coisa mesmo. mas acho que no saldo geral ganhei tanto mais do que perdi que fico achando que não foi só um tijolinho que restou. foi também um pouco de cimento, massa corrida e uns pedreiros de quebra. tenho nome de heroína épica, eu acho. mariana cândida é quase uma versão luso-brasileira de scarlet o'hara.
[*sobre esse tema da audição seletiva, tem uma história ótima do meu amigo que levou a mãe à médica depois de uma internação. a médica disse, entre outras coisas, que ela poderia e deveria levar uma vida normal, que a saúde estava excelente, que ela devia aproveitar seu tempo, caminhar, dançar, etc. ao tentar explicar o que ela havia tido, a médica falou que ela tinha um aneurisma sem gravidade e reforçou que a saúde estava boa, vida normal dali em diante. ao saírem do consultório, meu amigo esperançoso de que a mãe iria "mudar de vida" perguntou: "mãe, a senhora ouviu bem o que a médica falou?" e ela respondeu: "ouvi sim, meu filho. eu tenho um aneurisma".]
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