era um vestibular concorridíssimo mas eu só marquei aquela opção. ou era aquela ou nenhuma. e no caminho da prova tocou no rádio "vamos fugir" que era, e talvez seja até hoje, junto com umas outras, a minha música preferida. e ali eu tive a visão que ia passar.
e hoje eu acordei com "gente" do caetano na cabeça. e tive a visão do hall de entrada da casa que eu não tenho. é uma montagem com várias fotos dos nossos amigos, a letra de "gente", talvez adesivada, talvez pintada. um espelho, porque gente espelho da vida, doce mistério. e então tomei todas as decisões que eu tinha que tomar. e tive a certeza que tudo daria certo.
e hoje osgemeos foram lá na firma e falaram. e osgemeos, fala sério, o que são osgemeos? os caras são OSCARAS. e são tudo, e abriram meus olhos, minha cabeça porque o mundo tá aí. e ainda por cima me deram mais uma idéia pro hall de entrada pra casa que eu (ainda) não tenho. vai ser com ex-votos. quem sabe. osgemeos. gente é pra brilhar. gente é pra ser feliz. gente, espelho da vida, doce mistério. vida, doce mistério.
[eu sou uma boneca amarela, gaveta aberta pro mundo]
a auto-indulgência
sabe, ainda sobre essa questão de não resolver o que precisa ser resolvido logo, fico achando que um dos piores defeitos do ser humano (fora vileza, desvio de caráter, essas coisas) é a auto-indulgência.
nessa de ver apartamentos você se depara com umas casas que fica pensando: "como é que a pessoa deixou chegar nesse ponto?". mas o fato é que as pessoas deixam chegar nesse ponto. porque vão empurrando com a barriga, vão deixando pra depois, vão gastando com outras coisas mais imediatas. e gastar, aliás, é a grande válvula de escape da auto-indulgência contemporânea. "eu mereço isso", "eu mereço aquilo". tá bom, eu mereço, tu mereces, nós merecemos, mas quem paga a conta?
comer segue uma lógica idêntica. hoje cheguei de baixo astral e pensei: eu mereço comer um monte de bobagens. e comi nuggets com ravióli congelado (porque eu adoro massa pronta congelada, don't ask). e depois passo a outra metade do ano fazendo dieta.
nessa de ver apartamentos você se depara com umas casas que fica pensando: "como é que a pessoa deixou chegar nesse ponto?". mas o fato é que as pessoas deixam chegar nesse ponto. porque vão empurrando com a barriga, vão deixando pra depois, vão gastando com outras coisas mais imediatas. e gastar, aliás, é a grande válvula de escape da auto-indulgência contemporânea. "eu mereço isso", "eu mereço aquilo". tá bom, eu mereço, tu mereces, nós merecemos, mas quem paga a conta?
comer segue uma lógica idêntica. hoje cheguei de baixo astral e pensei: eu mereço comer um monte de bobagens. e comi nuggets com ravióli congelado (porque eu adoro massa pronta congelada, don't ask). e depois passo a outra metade do ano fazendo dieta.
o dialeto de 02
e ainda por cima eles já foram embora de novo. já estou com saudades das pérolas que ela andava proferindo em seu dialeto maranhense. primeiro era vou fazer isso "pra ti" pra lá, "pra ti" pra cá. e "banhar"? "vamos banhar, dindoca?" e tem outras coisas engraçadas como "percurá"(procurar) e é meu "perferido" (preferido). ou nójento.
aí ela virou pra minha mãe e falou que o metrô era muito sabido porque sabia o caminho dele direitinho e nunca se perdia. e depois virou pra minha irmã e disse: "mamãe, eu gosto tanto da vovó que eu queria casar com ela!"
dá ou não dá vontade de miniaturizar uma criatura dessas e andar com ela feito um chaveirinho?
aí ela virou pra minha mãe e falou que o metrô era muito sabido porque sabia o caminho dele direitinho e nunca se perdia. e depois virou pra minha irmã e disse: "mamãe, eu gosto tanto da vovó que eu queria casar com ela!"
dá ou não dá vontade de miniaturizar uma criatura dessas e andar com ela feito um chaveirinho?
porque a vida é feita de compensações II
para o bem ou para o mal.
hoje de manhã me livrei de um peso que me incomodava há quase dois anos. um mosquitinho que zumbizava no meu quarto toda noite antes de dormir: finalmente concluí a monografia de uma pós longínqua e que constava da minha lista de pendências para serem resolvidas em 2009. que sensação boa se livrar de um problema, de uma coisinha que era simples mas que, talvez por isso mesmo, eu não tinha coragem nem forças pra resolver. a vontade foi de, literalmente, dar pulinhos de alegria.
e então à tarde, um novo peso, diferente, mais pesado e que por outro lado não depende de mim, foi se instalar direto no meu cangote. e aquela interrogação, que andava rondando a minha vizinhança agora parou na frente da janela e está piscando em neon vermelho pra mim.
sabe, no sábado à tarde eu estava no quarto piso do rio sul e me deparei com uma multidão de gente. dei mais uns passos e então elucidei que aquilo era a fila do povo fazendo suas apostas de última hora na mega sena acumulada. e pensei: que gente louca. se eu soubesse que o prêmio iria sair justamente daquela lotérica talvez tivesse mudado de idéia. talvez tivesse até entrado na fila. que genial isso, 38 pessoas do bolão da firma estão hoje rindo à toa. pior do que não ganhar na mega sena é trabalhar na firma dos 38 ganhadores e não ter entrado no bolão. como eu digo, compensações.
eis que agora me restam apenas algumas pendências daquela lista: ir ao dentista, ir ao médico, fechar uma conta no banco, mudar de previdência privada, fazer bainha em duas calças jeans, arrumar estantes, arrumar armários, arrumar gavetas, arrumar... a vida.
hoje de manhã me livrei de um peso que me incomodava há quase dois anos. um mosquitinho que zumbizava no meu quarto toda noite antes de dormir: finalmente concluí a monografia de uma pós longínqua e que constava da minha lista de pendências para serem resolvidas em 2009. que sensação boa se livrar de um problema, de uma coisinha que era simples mas que, talvez por isso mesmo, eu não tinha coragem nem forças pra resolver. a vontade foi de, literalmente, dar pulinhos de alegria.
e então à tarde, um novo peso, diferente, mais pesado e que por outro lado não depende de mim, foi se instalar direto no meu cangote. e aquela interrogação, que andava rondando a minha vizinhança agora parou na frente da janela e está piscando em neon vermelho pra mim.
sabe, no sábado à tarde eu estava no quarto piso do rio sul e me deparei com uma multidão de gente. dei mais uns passos e então elucidei que aquilo era a fila do povo fazendo suas apostas de última hora na mega sena acumulada. e pensei: que gente louca. se eu soubesse que o prêmio iria sair justamente daquela lotérica talvez tivesse mudado de idéia. talvez tivesse até entrado na fila. que genial isso, 38 pessoas do bolão da firma estão hoje rindo à toa. pior do que não ganhar na mega sena é trabalhar na firma dos 38 ganhadores e não ter entrado no bolão. como eu digo, compensações.
eis que agora me restam apenas algumas pendências daquela lista: ir ao dentista, ir ao médico, fechar uma conta no banco, mudar de previdência privada, fazer bainha em duas calças jeans, arrumar estantes, arrumar armários, arrumar gavetas, arrumar... a vida.
porque a vida é feita de compensações
estava eu no ponto de ônibus ruminando meu mau humor por conta de um compromisso-mala que teria mais tarde, lamentando a gengiva ferida pelo meu recém-colocado aparelho fixo, e espraguejando as pessoas e a vida em geral quando toca o celular. é b_ que está parada no ponto e me diz "entra logo no carro que eu te deixo lá". uma caroninha inesperada com uma companhia aprazível e um trânsito bom fizeram meu humor melhorar sensivelmente.
meu aparelho novo está sim incomodando, mas é branquinho e discreto, além do que eu estou me sentindo linda e 15 anos mais nova.
e o resto é o resto. o bom é que amanhã minha quase-afilhadinha vai nascer, tadinha, por dois dias não vem canceriana. tadinha nada, tadinhos somos nós, do signo de caranguejo.
e por falar em cancerianos, olha o que eu acabei de comprar no mercado, na caixinha pequetica:
igualzinha à que meu pai comprava pra eu levar de lanche. como diz rogerito, food relief. mas nesse caso é comfort food relief. ou nostalgic food relief.
meu aparelho novo está sim incomodando, mas é branquinho e discreto, além do que eu estou me sentindo linda e 15 anos mais nova.
e o resto é o resto. o bom é que amanhã minha quase-afilhadinha vai nascer, tadinha, por dois dias não vem canceriana. tadinha nada, tadinhos somos nós, do signo de caranguejo.
e por falar em cancerianos, olha o que eu acabei de comprar no mercado, na caixinha pequetica:
igualzinha à que meu pai comprava pra eu levar de lanche. como diz rogerito, food relief. mas nesse caso é comfort food relief. ou nostalgic food relief.
a lógica do endividado
como a gente não sabe o dia de amanhã, gastemos hoje. já que, além dos vestidos mexicanos e blogs de decoração, também ando obcecada com estampas. tô a louca das estampas, eu. se forem da totem, melhor ainda. como se não tivesse bom de vestidos, já. eu preciso de bolsa, não acho nenhuma que me agrade, toma-lhe vestido. mulher tem dessas insanidades. ainda bem que as minhas são só de vez em quando.
como será o amanhã?
pois eu continuo com medo, mas confiante que tudo, tudo, tudo vai dar pé. porque na minha vida eu quase não planejo nada, mas o que eu desejo acaba se realizando de um jeito ou de outro. desejo bem mais do que planejo, sonho mais do que faço. e num passe de mágica as coisas acontecem. acabo ficando até um pouco preguiçosa. é e não é legal. tenho que abrir os ouvidos pro que assopra a minha intuição. a bichinha é poderosa. e eu às vezes fico surda.
o medinho vem de longe. uma vez, quando tinha 8 anos, estava em uma viagem de família em salvador. aí nos indicaram um padre astrólogo no pelourinho. da série coisas que só tem na bahia. aí fomos no convento e o padre fez o mapa da família toda. frei eliseu o nome dele, me lembro até hoje. se não me engano o meu mapa foi o último e provavelmente àquela altura ninguém estava mais com paciência de ouvir o mapa astral de uma criança de 8 anos. não guardei quase nada do que foi dito, tampouco gravamos a conversa, mas uma coisa o frei astrólogo disse que me marcou e me persegue até hoje. a "profecia" versava mais ou menos o seguinte: eu poderia perder tudo na vida, mas sempre sobraria um tijolinho de onde eu tiraria forças pra reconstruir meus castelos. como a gente só ouve o que quer*, eu simplesmente ignorei a parte boa da história e passei a conviver com um fantasma: "eu vou perder tudo".
já perdi muita coisa. muita coisa mesmo. mas acho que no saldo geral ganhei tanto mais do que perdi que fico achando que não foi só um tijolinho que restou. foi também um pouco de cimento, massa corrida e uns pedreiros de quebra. tenho nome de heroína épica, eu acho. mariana cândida é quase uma versão luso-brasileira de scarlet o'hara.
[*sobre esse tema da audição seletiva, tem uma história ótima do meu amigo que levou a mãe à médica depois de uma internação. a médica disse, entre outras coisas, que ela poderia e deveria levar uma vida normal, que a saúde estava excelente, que ela devia aproveitar seu tempo, caminhar, dançar, etc. ao tentar explicar o que ela havia tido, a médica falou que ela tinha um aneurisma sem gravidade e reforçou que a saúde estava boa, vida normal dali em diante. ao saírem do consultório, meu amigo esperançoso de que a mãe iria "mudar de vida" perguntou: "mãe, a senhora ouviu bem o que a médica falou?" e ela respondeu: "ouvi sim, meu filho. eu tenho um aneurisma".]
o medinho vem de longe. uma vez, quando tinha 8 anos, estava em uma viagem de família em salvador. aí nos indicaram um padre astrólogo no pelourinho. da série coisas que só tem na bahia. aí fomos no convento e o padre fez o mapa da família toda. frei eliseu o nome dele, me lembro até hoje. se não me engano o meu mapa foi o último e provavelmente àquela altura ninguém estava mais com paciência de ouvir o mapa astral de uma criança de 8 anos. não guardei quase nada do que foi dito, tampouco gravamos a conversa, mas uma coisa o frei astrólogo disse que me marcou e me persegue até hoje. a "profecia" versava mais ou menos o seguinte: eu poderia perder tudo na vida, mas sempre sobraria um tijolinho de onde eu tiraria forças pra reconstruir meus castelos. como a gente só ouve o que quer*, eu simplesmente ignorei a parte boa da história e passei a conviver com um fantasma: "eu vou perder tudo".
já perdi muita coisa. muita coisa mesmo. mas acho que no saldo geral ganhei tanto mais do que perdi que fico achando que não foi só um tijolinho que restou. foi também um pouco de cimento, massa corrida e uns pedreiros de quebra. tenho nome de heroína épica, eu acho. mariana cândida é quase uma versão luso-brasileira de scarlet o'hara.
[*sobre esse tema da audição seletiva, tem uma história ótima do meu amigo que levou a mãe à médica depois de uma internação. a médica disse, entre outras coisas, que ela poderia e deveria levar uma vida normal, que a saúde estava excelente, que ela devia aproveitar seu tempo, caminhar, dançar, etc. ao tentar explicar o que ela havia tido, a médica falou que ela tinha um aneurisma sem gravidade e reforçou que a saúde estava boa, vida normal dali em diante. ao saírem do consultório, meu amigo esperançoso de que a mãe iria "mudar de vida" perguntou: "mãe, a senhora ouviu bem o que a médica falou?" e ela respondeu: "ouvi sim, meu filho. eu tenho um aneurisma".]
o dress code dos universitários
[por falar em meia-calça]
existe um momento na vida do universitário em que ele deixa de ir pra faculdade de chinelo e passa a dar as caras embecado. veste com orgulho suas roupas de jovem executivo, mesmo que tenha apenas conseguido seu primeiro estágio não-remunerado. isso o distingue dos colegas, que ainda comparecem às aulas com suas bermudas surradas, e seu dress code quer dizer basicamente o seguinte: "eu entrei para o mercado de trabalho e uma carreira promissora como xxx me aguarda, enquanto vocês, seus vagabundos de merda, vão ficar em casa vendo sessão da tarde". (mal sabem eles o quanto sentirão saudades das tardes em frente à tv pelos próximos 30 anos!...)
nas carreiras "uniformizadas" a distinção entre os neo-trabalhadores e a massa de derrotados fica mais patente ainda: que dizer dos estudantes de direito que começam a dar pinta na faculdade trajando orgulhosamente o terno do pai? e dos estudantes de medicina, fisioterapia, odonto e afins quando vestem seus primeiros jalecos brancos?
no meu primeiro estágio, não tive a oportunidade de mostrar para o mundo que ali se iniciava um futuro brilhante. eu trabalhava na casa do chefe, que dava expediente de samba-canção e camiseta furada. era uma esculhambação tremenda e eu ia trabalhar de short.
em contrapartida, o meu segundo estágio foi em uma repartição "séria" e aí sim eu tive a oportunidade de ir montada pro trabalho. como a ocupação que eu escolhi em geral não comporta ambientes muito formais, mesmo os que já estagiavam não precisavam trocar o chinelo pelo terno, podiam usar no máximo um tênis ou um mocassim porque nessa profissão é legal parecer descolado. só que naquela repartição a indumentária dos funcionários ficava em algum lugar entre o esporte fino e o passeio completo e eu achava o máximo aparecer na faculdade de meia-calça e salto alto com ares de business woman. com minha soberba eu queria dizer basicamente o seguinte: "não apenas eu entrei pro mercado de trabalho como ando muito mais arrumada do que todos vocês, o que significa que serei uma executiva de sucesso e atingirei o ponto mais alto da minha carreira".
muitos anos depois... [que nem novela]
hoje em dia bato ponto numa dessas firmas onde é legal parecer descolado. se estou com vontade de trabalhar de salto alto vou, se quiser ir de tênis, tudo bem também. na verdade não me importo muito. há alguns anos me afastei do ideal de ser uma executiva de sucesso. meu trabalho paga minhas férias, meu chiclete e minhas figurinhas, o que, por si só já é genial.
não tenho exatamente saudades de ficar na frente da tv à tarde. estranhamente, sinto uma imensa nostalgia daquele meu primeiro estágio, quando a gente comia um pacote de chocolícia branco por dia e não engordava, quando uma das minhas atividades no trabalho era ficar pensando em alguma coisa pra irritar o filho do chefe, quando almoçávamos um cachorro-quente da van por 1,50 que era pra sobrar algum pra cerveja no bar da faculdade. e ainda dava pra pagar as férias.
existe um momento na vida do universitário em que ele deixa de ir pra faculdade de chinelo e passa a dar as caras embecado. veste com orgulho suas roupas de jovem executivo, mesmo que tenha apenas conseguido seu primeiro estágio não-remunerado. isso o distingue dos colegas, que ainda comparecem às aulas com suas bermudas surradas, e seu dress code quer dizer basicamente o seguinte: "eu entrei para o mercado de trabalho e uma carreira promissora como xxx me aguarda, enquanto vocês, seus vagabundos de merda, vão ficar em casa vendo sessão da tarde". (mal sabem eles o quanto sentirão saudades das tardes em frente à tv pelos próximos 30 anos!...)
nas carreiras "uniformizadas" a distinção entre os neo-trabalhadores e a massa de derrotados fica mais patente ainda: que dizer dos estudantes de direito que começam a dar pinta na faculdade trajando orgulhosamente o terno do pai? e dos estudantes de medicina, fisioterapia, odonto e afins quando vestem seus primeiros jalecos brancos?
no meu primeiro estágio, não tive a oportunidade de mostrar para o mundo que ali se iniciava um futuro brilhante. eu trabalhava na casa do chefe, que dava expediente de samba-canção e camiseta furada. era uma esculhambação tremenda e eu ia trabalhar de short.
em contrapartida, o meu segundo estágio foi em uma repartição "séria" e aí sim eu tive a oportunidade de ir montada pro trabalho. como a ocupação que eu escolhi em geral não comporta ambientes muito formais, mesmo os que já estagiavam não precisavam trocar o chinelo pelo terno, podiam usar no máximo um tênis ou um mocassim porque nessa profissão é legal parecer descolado. só que naquela repartição a indumentária dos funcionários ficava em algum lugar entre o esporte fino e o passeio completo e eu achava o máximo aparecer na faculdade de meia-calça e salto alto com ares de business woman. com minha soberba eu queria dizer basicamente o seguinte: "não apenas eu entrei pro mercado de trabalho como ando muito mais arrumada do que todos vocês, o que significa que serei uma executiva de sucesso e atingirei o ponto mais alto da minha carreira".
muitos anos depois... [que nem novela]
hoje em dia bato ponto numa dessas firmas onde é legal parecer descolado. se estou com vontade de trabalhar de salto alto vou, se quiser ir de tênis, tudo bem também. na verdade não me importo muito. há alguns anos me afastei do ideal de ser uma executiva de sucesso. meu trabalho paga minhas férias, meu chiclete e minhas figurinhas, o que, por si só já é genial.
não tenho exatamente saudades de ficar na frente da tv à tarde. estranhamente, sinto uma imensa nostalgia daquele meu primeiro estágio, quando a gente comia um pacote de chocolícia branco por dia e não engordava, quando uma das minhas atividades no trabalho era ficar pensando em alguma coisa pra irritar o filho do chefe, quando almoçávamos um cachorro-quente da van por 1,50 que era pra sobrar algum pra cerveja no bar da faculdade. e ainda dava pra pagar as férias.
a moda outono/inverno 2009
n'outro dia vi uma mulher de gorro e luvas em plena general osório. os batons opacos e com cores fortes voltaram. acabou a hegemonia do gloss. prepare-se pra ter visões bizarras. a meia-calça também voltou com tudo. socorro! eu uso meia-calça, mas só se for fio 40 pra cima. se me vir de meia-calça transparente na rua, por favor, me interne.
inverno
(peguei essa fotinha aqui e achei muito pertinente nesse meu inverno atual)
porque estou me sentindo perdida, esperando um carro passar nessa estrada e me dar uma carona pra onde eu nem sei que quero ir. queria que ao menos um farol iluminasse o meu caminho, me indicasse uma direção, ou me desse uma certeza. mas eu não acredito em ovnis, e essa luz não vai vir do céu. essa estrada é minha, só eu posso decidir pra que lado ir. se der errado, o que der errado, paciência. nem tudo dá certo o tempo todo, o importante é continuar andando, já dizia o joão do whisky.
é que às vezes bate uma insegurança e, pior, um pessimismo em relação ao futuro. é quase um panicozinho, controlado. pior sinal de todos: preguiça de ler. abandonei meus (muitos) livros da fila e só folheio revistas, não me aprofundo em nada. agora tô tentando ler um livro do gauguin, porque é curtinho. não sei se volto a comer pão e arroz, essa dieta não está dando resultado nenhum, vesti a calça 40 da minha irmã e fiquei passada. por mim e por ela, porque a minha irmã nunca passou do 36. e à noite me dá uma larica de doce que eu não sei de onde vem, porque o zé-diabete da casa é ele, não eu. enquanto isso, obcecada por vestidos mexicanos. comprei um pela internet, quero que chegue logo. é tão verão, quem sabe?
são só interrogações, nenhum travessão, nenhum dois pontos:
só reticências... porque eu fico assim quando hiberno em mim, reticente. compro uma casa?... viajo?... gasto meus caraminguás em bala-chiclete-figurinha?... que saudades das tirinhas dos gatos do laerte. eu queria ser a gata, aquela gata fenomenal e segura de si. enquanto isso, obcecada por sites de decoração de onde recorto fotos pra colar idéias na casa que eu ainda não tenho e nem sei se terei.
mas. a vida é feita de compensações. 01 e 02 estão aqui pra iluminar meus dias.
e meu amigo me trouxe de aniversário, diretamente de frança, um estojo lindo de canetas stabilo que me deixou muito, muito feliz de verdade porque era o meu objeto de desejo.
e do meu outro amigo, que senta do lado daquele, eu ganhei um buda roxo. e roxo, segundo me explicou minha amiga gigi, é a cor da transmutação. porque o que eu preciso mesmo é transmutar.
é que às vezes bate uma insegurança e, pior, um pessimismo em relação ao futuro. é quase um panicozinho, controlado. pior sinal de todos: preguiça de ler. abandonei meus (muitos) livros da fila e só folheio revistas, não me aprofundo em nada. agora tô tentando ler um livro do gauguin, porque é curtinho. não sei se volto a comer pão e arroz, essa dieta não está dando resultado nenhum, vesti a calça 40 da minha irmã e fiquei passada. por mim e por ela, porque a minha irmã nunca passou do 36. e à noite me dá uma larica de doce que eu não sei de onde vem, porque o zé-diabete da casa é ele, não eu. enquanto isso, obcecada por vestidos mexicanos. comprei um pela internet, quero que chegue logo. é tão verão, quem sabe?
são só interrogações, nenhum travessão, nenhum dois pontos:
só reticências... porque eu fico assim quando hiberno em mim, reticente. compro uma casa?... viajo?... gasto meus caraminguás em bala-chiclete-figurinha?... que saudades das tirinhas dos gatos do laerte. eu queria ser a gata, aquela gata fenomenal e segura de si. enquanto isso, obcecada por sites de decoração de onde recorto fotos pra colar idéias na casa que eu ainda não tenho e nem sei se terei.
mas. a vida é feita de compensações. 01 e 02 estão aqui pra iluminar meus dias.
e meu amigo me trouxe de aniversário, diretamente de frança, um estojo lindo de canetas stabilo que me deixou muito, muito feliz de verdade porque era o meu objeto de desejo.
e do meu outro amigo, que senta do lado daquele, eu ganhei um buda roxo. e roxo, segundo me explicou minha amiga gigi, é a cor da transmutação. porque o que eu preciso mesmo é transmutar.
você descobre que a idade chegou quando:
não tem mais aquela facilidade pra aprender uma língua nova. antes era fácil, eu ouvia, nem precisava praticar muito, já estava íntima da língua. e mesmo sem fluência nem nada, saía por aí tagarelando sem pudor. agora é tudo mais difícil. as palavras me escapam, me vêm em outras línguas, me vêm em forma de um branco colossal. anoto traduções em um caderninho, anoto a mesma coisa mil vezes, um segundo depois, já esqueci.
sua bancada começa a ficar abarrotada de cremes de todos os tipos. é anti-rugas, hidratante com filtro solar, creme para a área dos olhos, luvas de silicone, gel esfoliante, body milk e sabe-lá-mais-o-quê. sem contar que passar corretivo antes de sair de casa agora é básico , uma coisa assim, tão necessária quanto escovar os dentes.
ficar em casa no sábado à noite passa a ser uma excelente opção. há uns 10 anos eu podia sair de segunda a segunda e não reclamava de trabalhar no dia seguinte. e saía sério, de beber bastante e chegar em casa de madrugada. depois de um tempo as saídas passaram a se concentrar no espaço de tempo do fim de semana, começando em geral numa quinta ou na sexta. já hoje em dia se não tem nada marcado eu dou graças a deus e fico em casa de bom grado.
não se conforma com a reforma ortográfica. até tentei me adaptar, aboli a trema, chego a cortar uns acentos aqui, outros ali. já nem faço mais cara feia quando vejo apoio e ideia sem seus respectivos agudos. agora, por favor, não me façam engolir esse malalgumacoisa ou bemalgumacoisa junto porque isso não dá. malsucedido? benvindo? que porra de palavras são essas? desculpe, eu desconheço.
seu corpo começa a dar sinais da degradação. tem acontecido comigo e eu estou me sentindo humilhada com esse sintoma tão absurdo e precoce da senilidade: meu joanete dói quando faz frio! sério, nas últimas férias comecei a sentir essa dor, mas fingi que não era nada. botei a culpa no all star e segui meu caminho. de volta, cheguei a sentir algumas fisgadas no pé e continuei ignorando. só que agora o inverno chegou de vez e eu sinto essa dor infernal quase todo dia. podia ser dor de qualquer coisa, queda de cabelo, cabelo branco, artrite, osteoporose, mas numa boa, dor no JOANETE ninguém merece! é ou não é a prova cabal da decadência do ser humano?
sua bancada começa a ficar abarrotada de cremes de todos os tipos. é anti-rugas, hidratante com filtro solar, creme para a área dos olhos, luvas de silicone, gel esfoliante, body milk e sabe-lá-mais-o-quê. sem contar que passar corretivo antes de sair de casa agora é básico , uma coisa assim, tão necessária quanto escovar os dentes.
ficar em casa no sábado à noite passa a ser uma excelente opção. há uns 10 anos eu podia sair de segunda a segunda e não reclamava de trabalhar no dia seguinte. e saía sério, de beber bastante e chegar em casa de madrugada. depois de um tempo as saídas passaram a se concentrar no espaço de tempo do fim de semana, começando em geral numa quinta ou na sexta. já hoje em dia se não tem nada marcado eu dou graças a deus e fico em casa de bom grado.
não se conforma com a reforma ortográfica. até tentei me adaptar, aboli a trema, chego a cortar uns acentos aqui, outros ali. já nem faço mais cara feia quando vejo apoio e ideia sem seus respectivos agudos. agora, por favor, não me façam engolir esse malalgumacoisa ou bemalgumacoisa junto porque isso não dá. malsucedido? benvindo? que porra de palavras são essas? desculpe, eu desconheço.
seu corpo começa a dar sinais da degradação. tem acontecido comigo e eu estou me sentindo humilhada com esse sintoma tão absurdo e precoce da senilidade: meu joanete dói quando faz frio! sério, nas últimas férias comecei a sentir essa dor, mas fingi que não era nada. botei a culpa no all star e segui meu caminho. de volta, cheguei a sentir algumas fisgadas no pé e continuei ignorando. só que agora o inverno chegou de vez e eu sinto essa dor infernal quase todo dia. podia ser dor de qualquer coisa, queda de cabelo, cabelo branco, artrite, osteoporose, mas numa boa, dor no JOANETE ninguém merece! é ou não é a prova cabal da decadência do ser humano?
no almoço divertido com os colegas da firma,
vimos o seguinte cartaz colado na parede do estabelecimento:
ou seja, não precisa ser atriz, basta ter uma tendência terrorista que o papel de protagonista do filme alegre é dela!
e na saída do banheiro um amigo ouviu o que deveria ser um médico comentando com o outro: "preciso ir logo porque eu tô com um paciente lá com a barriga aberta".
fiquei imaginando o paciente lá com a barriga aberta enquanto seu cirurgião pede a saideira.
detalhes tão pequenos de nós dois
aí que foi parar por acaso na minha mesa um albinho de fotos surrado. fui ver do que se tratava. eram as fotos de uma viagem que a gente fez pra jeri, antes de sonhar em namorar. na época em que a gente era só amigo. porque antes de sermos amigos e namorados e depois amigos e companheiros de vida, a gente foi só amigo. e viajamos pra jeri, ficamos no mesmo quarto, na mesma cama inclusive, rimos, bebemos, vimos pôr-de-sol na duna, só de amigos. mas vendo aquelas fotinhas de nós dois juntos, felizes e bronzeados, não tem quem diga que a gente já não era um casal apaixonado. exceto por um pequeno detalhe. um astuto observador, craque no jogo dos 7 erros, notará a presença constante de um maço de marlboro e eventualmente um cigarro entre os meus dedos. mulher dele não fuma assim impunemente. logo, a gente não poderia estar junto.
tem coisa que a gente faz por amor. ou pelo menos tenta.
tem coisa que a gente faz por amor. ou pelo menos tenta.
curiosidades :: outros nomes pra sacolé
porque aqui no rio o nome daquele suco congelado em um saquinho é sacolé. o claudinho, que vende o melhor sacolé da praia inteira, inventou uma corruptela pro nome e patenteou o seu, que virou sucolé. mas brasil afora, esse sorvetinho fajuto tem outros nomes, a saber:
em recife se chama dudu. em fortaleza, dindin. em cuiabá o pequeno é suquinho e o maior é foquinha. em jundiaí é geladinho, ou chup chup, como também é conhecido em minas.
assim me contaram.
mas pra mim o melhor nome é o de maceió: flau. tem palavra mais legal de falar que flau? tá com calor? vai chupar um flau!
em recife se chama dudu. em fortaleza, dindin. em cuiabá o pequeno é suquinho e o maior é foquinha. em jundiaí é geladinho, ou chup chup, como também é conhecido em minas.
assim me contaram.
mas pra mim o melhor nome é o de maceió: flau. tem palavra mais legal de falar que flau? tá com calor? vai chupar um flau!
curiosidades :: manuscritos x imprensa
os primeiros impressos concebidos após a invenção da prensa na alemanha eram muitíssimo parecidos com os manuscritos medievais (mesma tipologia, mesmos arabescos e inciais gigantes, cheias de detalhes). as duas formas conviveram durante um tempo.
vendo uma coleção de manuscritos medievais alemães no getty museum, que tinha também alguns exemplares pós-prensa, refleti que no começo um novo meio sempre imita seu antecessor, até encontrar sua própria linguagem.
vendo uma coleção de manuscritos medievais alemães no getty museum, que tinha também alguns exemplares pós-prensa, refleti que no começo um novo meio sempre imita seu antecessor, até encontrar sua própria linguagem.
querido diário,
fiz 32 anos. vou voltar a usar aparelho fixo. me uni estavelmente, agora quero comprar uma casa. estou de dieta, mas no dia do meu aniversário comi pato.
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