e termina mais um carnaval no reino encantado de são sebastião

e como o mundo dá voltas, não? pra quem disse no início do ano que não iria passar o carnaval aqui nem por decreto, até que a emenda dessa vez saiu melhor que o soneto. acontece que por uma questão de economia doméstica decidimos de última hora ficar no rio e com isso tive pouco tempo pra fazer a programação dos blocos e elaborar as fantasias. mas como carnaval é coisa muito séria, corri contra o relógio, botei a criatividade pra funcionar, fiz uma escavação arqueológica no baú da mamãe, e finalmente consegui agitar tudo a tempo.

na sexta-feira de tarde o barracão lá da firma estava frenético, com meus companheiros ajudando a montar o elemento-chave do meu traje de gala do domingo de carnaval. o resultado ficou tão bom que batemos palmas de excitação. por mim eu dormia naquela hora e só acordava no domingo, tamanha era a ansiedade. mas carnaval tá aí, então vamos aproveitar. parti pra o primeiro bloco com minha fiel companheira de carnaval, bela, e sua fiel companheira, lili. destino: brejeiro, no flamengo. fantasia: cheech & chong (eu era um mix dos dois). coloquei um bigode postiço gigante, o que me obrigou a tomar cerveja de canudo, e eu adorei. apesar do baseado fake muito bem produzido por bela, poucas pessoas entenderam a fantasia, mas tudo bem porque cheech & chong não é lá muito conhecido mesmo. o bloquinho estava ótimo, bem social, e tranquilinho. foi o presságio de um bom carnaval.

no sábado o cônjuge teve a "brilhante" idéia de levar sua mãe ao bola preta, e eu a idéia ainda mais "brilhante" de descer na cinelândia. resultado, quase morremos esmagados e não vimos bloco nenhum. andamos até a carioca, pela rua méxico, onde estava mais tranquilo. não estava a fim de ir pro céu na terra, pra onde o mundo inteiro vai, mas o bola também não é uma boa opção pro sábado de carnaval. achei caótico e descaracterizado. à tarde fomos tentar melhor sorte no empolga às 9, pra ver bela tocar. o começo do bloco é sempre mais divertido, quando ainda está relativamente vazio. encontramos, desencontramos e reencontramos muitos amigos. a fantasia do sábado foi de m. clouseau e a pantera cor-de-rosa.

domingo, dia de boitatá, foi a ocasião escolhida para eu usar minha fantasia de gala. o despertador tocou 7hs, mas acho que eu já tinha acordado antes de ansiedade. depois de arrumar o cabelo, fazer uma maquiagem renascentista e colocar como um esplendor a obra de arte feita pelos meus companheiros, eis que me transformo na monalisa, o quadro mais famoso do mundo! aí foi só sucesso. o cônjuge ficou andando comigo fantasiada de monalisa pra cima e pra baixo no bloco, fazendo exposição da figura. cada passo era um flash. encontramos milhares de amigos, mas eu passei a maior parte do tempo sem falar, fazendo apenas o famoso sorriso enigmático de gioconda, que eu vinha treinando há dias. mesmo de boca fechada, me diverti demais. o momento de glória foi quando eu fui pro meu posto avançado no "palquinho" da assembléia pra ver o boi tolo passar e o povo na escadaria começou a gritar: "é mo-na-li-sa! é mo-na-li-sa!" emocionada e morrendo de vontade de rir, eu só dava um sorrisinho e acenava feito miss pra multidão.

de lá partimos para o banga, no horto, onde nossos amigos queridos estavam tocando. confesso que fiquei apreensiva porque o banga fica bem mais tumultuado e a gente chegou com o bloco já começado e cheio. bem ou mal eu tinha um trambolho preso as minhas costas e não queria atrapalhar a visão de ninguém. mas toda monalisa tem o leonardo que merece e o meu foi abrindo caminho até a primeira fila do bloco, onde fiquei paradinha na frente de um isopor. ali eu relaxei, sorri, dancei e cantei. o fim da noite foi lindo, com muitos abraços, fotos e farta mesa pra repor as energias no arab da lagoa.

na segunda de manhã cedo eu estava saindo pra comprar pão quando recebi o primeiro sms: "manhê, tô no globo!" e pensei: não é possível! passei na banca, comprei o jornal e lá estava a minha foto de monalisa com o cônjuge estampada em colorido no caderno de carnaval. aí foi uma curtição com todo mundo ligando e a gente brincando com nossos 15 minutos de fama.

à tarde fomos ao exalta rei, mas chegamos um bocadinho depois de o rei roberto ter aparecido na sua sacada, o que foi um pouco frustrante. de qualquer jeito o bloco estava incrível, com jesus cristo, nossa senhora, negro gato e outras referências ao repertório do rei, sem contar com o cenário deslumbrante da urca. o bloco foi parar lá na uni-rio e depois ainda teve um chorinho na praia vermelha.

o meu bloquinho preferido,o zoobloco, saiu da praça XV na terça de manhã. as fantasias esse ano se superaram: tinha bicheiro, coelhinho da duracel, são francisco de assis, família mu, raposão, abelhinhas e abelha-rainha, centopéia... eu fui de lobo-mau-que-comeu-a-vovozinha e lá pelas tantas virei pra uma chapeuzinho vermelho que tava por lá e disse com ar solene: "eu comi a sua avó!". pra não perder o costume, ficamos na corda do bloco até a dispersão, que aconteceu no paço. foi lindo e a idéia de sair de manhã não podia ter sido melhor - pros adultos e pras crianças.

minha travessura de carnaval aconteceu quando eu cheguei um pouco bêbada na casa da sogra e achei por bem dar uma valorizada no meu cabelo de vovozinha. pedi pra sogra um pouco de talco, me tranquei no banheiro e literalmente tomei um banho de talco. claro que caiu talco no meu olho e eu mal conseguia sair do banheiro de tão cega que estava. passei o almoço de família inteiro chorando sem conseguir ver a comida no meu prato. pra ajudar, o cônjuge resolveu passar um pouco mais de água no meu olho. a água do copo tinha um resto de limão e o olho começou a arder mais ainda. foi bem tragicômico.

depois do almoço passamos no mam pra ver o início da orquestra imperial e de lá fomos andando pela rio branco, pra ver o outro lado do carnaval com concursos de clóvis e bate-bolas.

fim de carnaval, missão cumprida. se ano que vem tem mais? melhor não planejar.

Um comentário:

dom disse...

aiquesaudades deste carnaval. você é meu orgulho. antigamente, as pessoas andavam com as fotos de seus entes queridos na carteira. hoje em dia, as fotos estão no celular. sua monalisa está no meu. e não sai de lá por nada.

bêjo