bumba boi do maranhão







porque entre uma coisa e outra eu dei um pulo em são luis pra ver o bumba boi (como eles chamam).

ligue 190

se você vir um assalto ou alguma coisa errada acontecendo, ligue 190. você pode achar que não vai adiantar nada, mas muitas vezes adianta. sim, vivemos em uma cidade de merda, mas só reclamar não faz ela melhorar em nada.

ontem eu e mais 3 amigos presenciamos o início de um sequestro-relâmpago em um sinal em botafogo (logo depois do rocha maia, às 8 da noite). foi desesperador ver um sujeito com uma arma a poucos metros e todo mundo ficou de perna bamba. passado o susto avisamos a polícia, que chegou a tempo de interceptar os bandidos e a vítima no posto de gasolina antes do aterro. foi uma sorte, eu sei, e pode ter sido também que outras pessoas tenham avisado antes, mas o fato é que só de saber que uma fatalidade foi evitada dentre tantas, já dá um pequeno alívio.

velório no interior

no museu de história natural de ny eu vi um pedacinho de um vídeo sobre a antropóloga margareth mead. nele, um outro antropólogo dava um depoimento sobre ela. ele dizia mais ou menos assim:

"ela [mm] me perguntou: 'você já viu alguém morrer?', eu disse 'não'. ela perguntou 'você já viu alguém nascer?' e eu respondi que não. então ela falou 'pois você deveria. você nunca viu ninguém morrer ou nascer porque vive em uma sociedade que se esconde da realidade."

aquilo foi pra mim uma paulada no estômago.

o velório do meu tio começou às 11 da noite de um domingo e só terminou às 18 do dia seguinte. é um ritual exaustivo, onde o sofrimento é prolongado. mas é humano. não foi um enterro rápido, asséptico como a maioria das pessoas prefere. não, todo mundo teve o seu tempo de sofrer, chorar, rezar, discursar, ficar em silêncio. apareceu até um bêbado-doido que se pôs a falar com o morto (que não conhecia) e chorar dizendo que também tinha perdido a mãe. foi um momento de tensão, o que esse louco vai fazer agora? mas depois de uns cânticos e umas ave-marias, que ele acompanhou a plenos pulmões, o maluco foi embora. depois de velar o corpo na santa casa da cidade pela noite e manhã adentro, o cortejo fúnebre seguiu para o vilarejo onde meus avós viveram e morreram. lá foi celebrada uma missa com três padres que conviveram com o meu tio e a família. e depois sim houve o enterro propriamente dito, quando o sol já estava se pondo. o dia estava lindo, a praça e a igrejinha enfeitados para o são joão. o cemitério, no alto do morro, cercado por montanhas, é a tradução literal da expressão "descansar em paz". foi um fim digno e não menos real.

o algoritmo da morte

dos 9 irmãos da minha mãe, a morte escolheu levar o caçula primeiro.

eu queria ser uma morsa

mas por outro lado, se eu tivesse que escolher ser um bicho, eu seria uma morsa. tenho uma amiga, que já ocupou o posto de sogra, que dizia que na próxima encarnação gostaria de ser uma vaca, pra ficar no pasto mascando capim vendo a vida passar na fazenda. pois quando eu vi uma praia da califórnia cheia de morsas, foi indentificação a primeira vista. eu senti que ou já tinha sido uma delas em vidas passadas ou que ainda seria uma, quem sabe? foi um negócio esotérico mesmo, fiquei paralisada olhando praqueles bichinhos tão iguais a mim. elas são gordas, preguiçosas e amorosas. ficam deitadas na beira da praia e com a patinha jogam areia por cima do corpo pra se esquentar. de vez em quando fazem uns barulhinhos engraçados e vão pra água brincar e namorar. acho que eu podia passar uma vida toda assim.

sou gorda e preguiçosa, e daí?

fazendo barulhinhos

soninho da beleza

como não amar uma morsa?

no museu de história natural eu tive certeza

não me interessam os planetas, as estrelas, o sol, o buraco negro, os animais da áfrica, as borboletas ou os dinossauros. eu só me interesso pela humanidade.

brad & eu

foi mais ou menos assim: do inferno ao céu em meia hora. tínhamos passado um dia inteiro batendo perna e, exaustos, paramos pra comer uma pizza antes de ir pro hotel descansar. eram várias sacolas de compras e amontoamos tudo num canto da mesa. comemos, pegamos as sacolas e partimos rumo ao hotel, uma longa caminhada de umas 6 quadras. no caminho vimos vários caminhões de filmagem na rua 48, perto do rockfeller center, e eu disse: vão gravar alguma coisa aqui e com certeza é importante porque é caríssimo filmar em ny. seguimos o rumo de casa e quase na esquina do hotel eu me dei conta que tinha esquecido a bolsa na pizzaria. SÓ a bolsa com carteira, câmera e PASSAPORTES. SÓ ISSO. desespero descreve o momento. cônjuge voltou correndo a 48 acima e eu fiquei lá louca, subi pra deixar as sacolas e desci pra aguardar o desfecho da história tensa.

[parêntesis: cônjuge é um fanfarrão, tudo que ele puder fazer pra pregar uma peça em alguém, ele fará. depois de encontrar a bolsa sã e salva ainda na cadeira que eu tinha sentado - mil vezes obrigada, senhor! - ele resolveu voltar pela rua 49 porque sabia que eu estaria esperando por ele na outra rua. por causa dessa "pegadinha" ele descobriu que a filmagem em si estava sendo na 49, e não na 48. depois me vem ele de mãos abanando e cara de puto e eu quase em prantos "você não achou a bolsa?!?!?!" e enquanto ele se aproxima eu vejo a alça da bendita bolsa pendurada no pescoço dele! quase chorei de alegria.]

refeitos do susto ainda encontramos energia pra ir lá conferir as filmagens na rua 49. chegando lá, super produção. chuva artificial, holofotes, fumaça e vários figurantes, todos orientais. perguntei pra um segurança o que eles estavam filmando e ele disse que não sabia. ficamos lá bisbilhotando, era permitido ficar bem perto da área de filmagem, mas proibido tirar foto com flash. eis que uma mulher vira-se pra mim e pergunta: "você já viu o brad pitt?" e eu "what?!?!?!cuméquié, nega??? are you kidding me?!?!?!"e ela: "é, ele está de terno marrom e vai sair daquele carro que está parado do outro lado da rua". como assim, meu deus, eu quase perco minha vida na bolsa e logo depois sou presenteada com a visão do brad pitt a poucos metros de mim? é nonsense demais pra uma noite só! ai eu pergunto pra ela: "mas você sabe o que eles estão gravando aí?" e ela, super bem informada responde "é um comercial que vai passar na ásia..." (daí todos os figurantes serem japas)

então que o diretor grita "action" e brad sai do carro amparando um lutador e sumô e protegendo o cara da chuva artificial com um guarda-chuva. me belisca. o brad pitt tá do outro lado da rua. e ele é alto. e ele é lindo mesmo. me segura, vou desmaiar. cadê minha câmera? não trouxe, ficou no hotel, só tem o celular (no flash, please). a cena dura uns 10 segundos no máximo. depois ele vai pra tenda da produção ver como ficou. e nós ali. vimos mais uma ou duas regravações. era quase uma da manhã. voltei pro hotel exausta e feliz me perguntando: "será que alguém vai acreditar?".

ny revisited

como eu disse, na última vez que tinha estado em ny as torres gêmeas ainda não existiam, então foi como se eu tivesse ido pra uma cidade nova. de certa forma foi. lembro da minha primeira vez lá, quando eu senti aquele "amor súbito"pela cidade e andava pelas ruas cantarolando mentalmente "new york, new york". dessa vez nossos santos não bateram tão de cara. achei tudo excessivo, opressivo até, e turístico demais.

porque a ny de verdade não está onde os turistas vão, ela está escondida. então primeiro tem a "obrigação" de ir nos lugares "imperdíveis". e depois você aproveita a cidade em si. por isso que acho que quando eu voltar novamente aí sim, devo amar aquilo pelo que é: restaurantes, vida noturna, lojinhas desconhecidas.

além do que, ny gerou em mim um sentimento esquisito de frustração. eu via aquela gente entrando e saindo do hotel e pensava: tem alguma coisa muito incrível acontecendo e eu não estou lá. eles estão indo a todos esses lugares maravilhosos e eu tô perdendo. é isso. o tempo todo em ny eu achava que estava "perdendo alguma coisa". há algum tempo eu venho controlando melhor a minha ansiedade quando viajo, só que em ny a coisa desandou um pouco. mas também, como não ficar ansiosa em uma cidade onde você pode dar de cara com o brad pitt assim, do outro lado da rua?!

enfim, nova york

e um dia chegamos em nova york, nosso último destino. a chegada foi conturbada, tínhamos reservado um carro pra passar o dia, mas os cretinos da avis não aceitaram a minha carteira internacional, eu tinha que apresentar a nacional também. ora, se você tem uma carteira de motorista internacional pressupõe-se que não precisa do seu documento local, mas eles alegaram que era regra da casa e ponto final. na hora eu achei que só estava mesmo com a carteira internacional, mas achei a outra uns três dias depois escondida em uma bolsinha no fundo da mala :-/

já instalados no hotel e com os planos de ir a woodburry frustrados, aproveitamos pra ir no moma. aí eu lembrei por que babei tanto naquele museu. o que é o quinto andar do moma? sério, eu devo ter ficado mais de uma hora só no quinto andar, que reúne umas das obras que eu mais amo nessa vida.

no dia seguinte a gente foi finalmente ter o shopping freakout em woodburry - passamos o dia inteiro batendo perna e consumindo loucamente. não se vai assim tão impunemente aos estados unidos... nesse dia aconteceu o episódio do air force one passando pelos prédios de ny para "posar" para uma foto de propaganda do governo e o povo histérico achando que era novo 11 de setembro. pena que perdemos esse furdúncio. nesse mesmo dia a minha mãe americana ligou pra avisar de uma "tal gripe" que estava assolando o estado e foi quando ouvimos pela primeira vez falar de gripe suína, que depois virou o assunto do momento.


no resto da semana fizemos os passeios "básicos" da cidade: central park,times square (gente, que horror, aqui tá cada vez pior, a única coisa de bom é que as coisas ficam abertas até tarde), metropolitan, museu de ciências naturais, guggenheim, passeio de barquinho até a estátua da liberdade (graças a deus fui poupada do programa de índio que é descer na ilhota), financial district, marco zero, grand central, etc etc.

no quesito comida passamos bem, claro, mas é muita ansiedade de experimentar tudo. fomos a algumas delis, inclusive a badalada carnagie, com seus sanduíches gigantescos, mas não comi nada inesquecível. já o recomendado cachorro quente do gray papaya (nunca sei se gray papaya e papaya king é a mesma coisa) é mesmo bom, bonito e barato. fizemos uma reserva no babbo e foi um dos jantares memoráveis da viagem. assim como o almoço no l'ecole, uma escola de culinária francesa. e uma grande descoberta para quem quer comer saudável e barato uma comida ótima: whole foods na union square (fomos ver a feira e acabamos lá).

no campo das artes descobri que adoro bonnard - diante dos outros impressionistas nunca tinha dado bola pra ele e que prefiro manet quando ele pinta gente, não paisagem e com o monet é o justo oposto. no moma conheci um pintor moderno alemão martin kippenberger, e um argentino, león ferrari ótimos. a maior parte do guggenheim estava fechada, uma pena. mas nem tudo são flores em ny.

correção!

não digo que estou ficando gagá? não passamos pela big sur no caminho entre monterrey e são francisco e sim entre santa bárbara e monterrey! bem que eu estranhei de ter feito tanta coisa em um dia só!...

like a virgin

antes de chegar a ny preciso abrir outro parêntesis pra contar da virgin amarica. normalmente eu nunca me dou ao trabalho de avaliar uma companhia aérea, a menos que ela seja tão ruim que mereça ser notada. mas a virgin se destacou nesse percurso de 5 horas de são francisco a nova york (e olha que foi a opção mais barata!). as poltronas são bem apertadas. a comida é paga. e por isso ela é péssima? nananina! foi uma das melhores experiências que a gente teve nos últimos tempos! tudo era inusitado e "cool": a iluminação da aeronave, o design das poltronas, a iluminação de boate, os computadores touch screen individuais com uma programação de jogos, música, filmes e até chat com outros passageiros... ficamos fãs!


se tiver paciência, vídeo no youtube de um vôo (de primeira classe, claro) de um dos executivos da cia:

if you're going to san fran-cis-co



[esse relatório de viagem já tá ridiculamente demorado, mas vamos lá!]

a chegada em são francisco foi meio conturbada porque já estava em cima da hora de devolver o carro e a gente conseguiu se perder um pouco até chegar na locadora, mesmo com o santo gps. finalmente nos instalamos no hotel, ótimo, uma cama incrível, roupão, tudo lindo e cheiroso, um luxo só.

[aqui um parêntesis pra falar de um dos melhores adventos dessa viagem: priceline.com que enterrou de vez a era de ficar em muquifos. pelo menos onde houver priceline. foi um enorme upgrade na nossa carreira de viajantes e não pretendemos mais viajar sem. funciona assim: você escolhe a cidade, a área onde quer ficar e o número de estrelas que quer o hotel. aí no melhor estilo casas bahia, diz quanto quer pagar e lança uma oferta. se algum hotel aceitar sua oferta, sua reserva já está feita. se não, você tenta novamente com um valor um pouco mais alto. ou seja, você não escolhe o hotel, o hotel é que te escolhe. e nada de cancelamentos e trocas de dias, reservou, já era. ficamos com um pouco de receio porque por ex. reservamos um hotel quase 5 estrelas em nova york por 125 dólares, ou seja, uma verdadeira pechincha, achamos que poderia ser alguma roubada. mas no final deu super certo e a gente acabou ficando em hotéis ótimos a preço de 1 ou 2 estrelas. vale MUITO a pena!]

o primeiro passeio foi de bondinho (cable car), até o fisherman's wharf, com uma paradinha na "rua mais sinuosa do mundo", lombard street. andamos bastante pela área até o sol se por. não achei que na ensolarada califórnia fosse fazer mais frio do que em chicago, mas o vento em são francisco de fato não é brincadeira e eu quase congelei várias vezes lá. nesse dia a gente tava tão cansado que acabou jantando no restaurante do hotel, mas até que foi uma boa opção.

no dia seguinte a gente acordou bem cedo, pegou o bonde para o fisherman's wharf de novo e pegamos o barco pra fazer o passeio de alcatraz, o famoso presídio que foi desativado. quer saber? achei bem legal, o áudio-guia, as instalações, tudo. na volta almoçamos por lá no boudin, um típico clam showder no pão sourdough (nada demais). de tarde desistimos de ir a sausalito e resolvemos andar mais pelo centro da cidade, ir até o castro, haigh-asbury e alamo square, já não lembro mais em que ordem. só sei que no fim da tarde a gente foi parar no de young museum, que fica no golden gate park, onde estava tendo uma exposição temporária sobre a influência da música na trajetória do andy wharhol. adoramos, vimos fotos da fábrica, capas da revista que ele editava, entendemos melhor o seu mundinho pop. e de noite jantamos no burburinho da north beach (perto da chinatown, little italy e financial district). o restaurante era o panta rei, a comida era boa, nada de excepcional, e o lugar muito barulhento. .

amanhecemos para mais uma aventura gastronômica: o café da manhã do dottie's true blue cafe. assim como no episódio do cachorro quente em chicago, me perguntei de novo que cacete tava fazendo ali, porque era uma fila absurda e o lugar minúsculo. quando chegou a nossa vez o meu mau humor já estava reluzente, mas nada que panquecas, ovos, bacon, geléia, café quentinho e salada de frutas não fossem capazes de curar. sim, acho que o lugar merece a fama, pra quem gosta de "breakfast" tradicional, ou seja, coisa séria. saí rolando e bem humorada. demos um passeio pelo chinatown, bem mais interessante/bonito que o de ny e andamos até o farmer's market no ferry's building. poxa! que pena que só conhecemos o melhor lugar de são francisco no último dia, ainda por cima com a barriga tão cheia que não conseguíamos pensar em provar as fabulosas iguarias que estavam sendo vendidas ali. ficamos maravilhados rodando feito moscas pelas barraquinhas de comida até que todas fecharam. taí um lugar pra se voltar com muita calma e estômago vazio. e depois andamos, andamos, e andamos por bairros que eu já não me lembro mais o nome, alguns residenciais, outros nem tanto. paramos pra comer rápido num tailandês em uma ruazinha fofa e partimos pro hotel pra pegar as coisas e rumar pro aeroporto.