humor climático: modo de usar

minha saúde é razoavelmente legal. não tenho alergia, não tenho enxaqueca, nem rinite, faringite, bronquite e outros ites. não costumo sofrer nem da famigerada tpm que acomete a maioria das minhas colegas de gênero. devo ficar doente em média umas duas ou três vezes por ano, o que pra mim é uma boa estatística. destesto tomar remédio, não confio nos médicos de hoje em dia, não costumo freqüentar emergências, portanto fico sem assunto quando as enfermidades entram na pauta de alguma conversa.

mas, como nem tudo é perfeito, existe uma doença crônica da qual eu padeço que não faz parte da lista de patologias da oms. ela se chama humor climático e ataca pessoas sensíveis ao frio e à chuva, deixando esses indivíduos depressivos, irritadiços, sorumbáticos, cabisbaixos e/ou ferozes. fui diagnosticada pela primeira vez quando, ao viver por um tempo no hemisfério norte, passaram a me chamar de “girassol”. tempo bom: melhor pessoa pra se conviver; tempo fechou: cuidado, cão raivoso. aí comecei a me dar conta que alguma questão emocional-biológica me ligava ao astro-rei. preciso do sol, mesmo que não esteja sob ele, preciso saber que ele está ali. “vai pela sombra” não serve pra mim, eu ando do lado do sol.

pessoas que sofrem de humor climático ficam emocionalmente abaladas durante o inverno e suspiram de alívio quando ele vai embora. pessoalmente acho que a população mundial seria bem mais feliz se essa estação fosse suprimida, não do calendário, evidentemente, mas da conjunção atmosférica do planeta. ok, as plantinhas têm que viver, então podia chover, assim, uns dez minutos por dia, todo dia. acho que seria suficiente. mas frio? frio não faz o menor sentido, frio só serve pra deixar a gente deprimido e ativar o botão "vamos fazer um fondue", que nós cariocas trazemos no dna. também não sei de onde tiraram essa história de que "as pessoas ficam mais elegantes no inverno", isso pra mim é desculpa pra quem não está em dia com o espelho e acha que fica melhor embaixo de um monte de camadas roupas.

felizmente vivo nos trópicos, em uma cidade com um índice pluviométrico baixo e temperaturas altas. assim, os sintomas da minha doença não se manifestam com tanta freqüência - para o bem daqueles que convivem comigo. se por destino, contingência, trabalho, dinheiro ou amor, algum dia eu tenha que ir morar em um lugar onde faça frio de fato, talvez me adapte. adaptação não significa cura, apenas é possível que eu amenize os sintomas procurando ver o lado bom do frio, se é que isso existe. por enquanto, até setembro chegar, eu fico rezando para o termômetro não ficar abaixo dos 20 graus (sim, menos que isso já começa a era glacial). e se a temperatura cair, me resta a) fazer um fondue; b) tentar ficar "elegante"usando cachecóis variados; ou c) fazer terapia de grupo com outras vítimas do humor climático. se nada disso funcionar e eu continuar intragável, me perdoe. ou, como diria roberto carlos, me aqueça nesse inverno.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ai, como me identifico!

Lembra de mim de sandália aberta nos Alpes Suíços?? Eu tenho humor climático e sou o pior tipo: aquele que nega que está frio!!! "É mentira. É psicológico."
hahahahahahaha

ai, ai...
bjoooos

Anônimo disse...

Eu também tenho humor climático, mas ao contrário do seu. Poderia reescrever este texto todo lamentando o calor que faz nesta cidade durante o verão. O-DE-I-O calor! Gosto de sol, gosto mesmo, mas daquele solzinho de inverno, tipo cidade de montanha, sabe? O céu azul, o sol brilhando e todo mundo de roupa de frio. A-DO-RO! Fico risonha, disposta, me acho realmente mais bonita sem as gotas de suor que escorrem pelo meu rosto no verão e o meu cabelo, que por causa da umidade vira uma juba. Podemos fazer o seguinte então, quando tiver frio eu animo você e quando estiver calor você me anima, combinado? BjokK