profecias do jardim

há um ano: "...mas é primavera, e a vida reflorescerá."

é primavera mais uma vez e uma nova sementinha está germinando!

[não há maior beleza do que no tempo e suas estações.]

uma noite inesquecível no teatro municipal

a casa está cheia e a orquestra já entrou no palco. as luzes se apagam e todos esperam o convidado da noite, o pianista nelson freire. de repente os gritos ficam mais altos e eu percebo que não estão mais saudando os músicos. "luz!" e "médico" é o que eu ouço. a orquestra olha pra cima, vê a gritaria e confusão e não entendem nada, mas percebem que está acontecendo alguma coisa, por isso esperam. é um senhor que está infartando. chegam alguns médicos e um bombeiro e o levam em uma maca. ele estava sozinho. anunciam que o homem foi socorrido e passa bem. a orquestra começa a tocar. eu rezo.

eu não consigo focar só na música, apesar de estar gostando. penso em mil coisas, em como será a relação entre os músicos, como é o processo de trabalho deles, o que é valorizado, onde entra a criatividade, ou será a técnica o que mais conta? será que existe conflito de gerações com tantas diferenças de idade entre os integrantes? tenho vontade de estudar o grupo. penso nos filmes que quero ver. penso nas coisas que ainda quero descobrir. penso também em como a música pode ser um enigma para alguns, como eu, e algo orgânico pra tantos outros. penso ainda no que os outros pensam enquanto assistem(?), ouvem a orquestra.

na saída, um casal discute e quase sai no tapa. o lugar e o momento são impróprios, mas as pessoas já perderam o senso de adequação há muito tempo.

na mesma noite, no contexto da minha total ignorância sobre música clássica, descobri o que é um spalla. o spalla é o violinista principal da orquestra, aquele que dá o tom para todos os músicos, não só os do seu grupo de instrumentos e é subordinado apenas ao maestro.
e ninguém há de discordar que eu fiz essa descoberta da melhor forma possível:


[spalla da orquestra petrobras sinfônica, que acaba de pular direto para o número 1 da minha wish list.]


[p.s. espero que o homem tenha sobrevivido, que tenham chamado alguém da família dele e que ele esteja bem agora.]

o paradoxo das ex

as mulheres em geral detestam as ex dos seus atuais. mas se as ex não existissem, talvez faltasse assunto no mundo. ou seja, as ex são um excelente pretexto pra começar uma daquelas boas sessões de maledicência feminina, muitas vezes compartilhadas com homens também. virtuoso ou vergonhoso, as ex compõem o passado amoroso de um sujeito, quer as atuais queiram, quer não. o paradoxo está no fato de que por mais que as mulheres reclamem, elas não se dão conta de que muito pior seria se o seus respectivos ex nenhuma tivessem.

"fulano não tem ex."
"como assim, não tem ex? era virgem? nunca namorou ninguém? iiiih, que esquisito, hein? toma cuidado com esse cara, não tem ex, não leva as coisas a sério, não tem experiência em relacionamentos ou coisa bem pior. cuidado, ó filha, cuidado!"

uma ex é como um como um campo de teste, um estágio probatório na vida de um homem. espera-se que este homem esteja em evolução, o que pode ou não acontecer, mas isso não é problema da ex, é problema dele. se o mundo é ruim com elas, seria pior sem elas. até porque todo mundo já foi ex, já reclamou de ex e um dia, quem sabe, ex será também.

[claro, tem ex de todo naipe, existem as boazinhas, que ficam melhores amigas das atuais ou pelo menos mantém relações civilizadas com os novos pares. mas aqui me refiro àquela ex arquetípica, aquela freak-descontrol que liga pra atual dizendo "ó, seu marido tá aqui comigo a-go-ra lambendo o dedão do meu pé", como em uma versão (extra) conjugal do famoso trote do sequestro. com a diferença que elas não querem cartões telefônicos em troca, e muito menos o marido de volta. querem apenas tirar o sossego da incauta da vez.]

você sabia? [curiosidades] :: a guerra dos navegadores

no fim dos anos 90 a internet estava se popularizando no mundo todo e as empresas de software do vale do silício na califórnia eram a bola da vez. a região estava para a época como florença foi durante o renascimento, ou seja, "o centro do mundo".

no olho do furacão se encontravam a já poderosa microsoft e a netscape. isso porque as duas protagonizaram a guerra dos browsers, que são a principal interface dos usuários com a própria rede, daí sua importância estratégica.

a netscape vinha dominando o mercado com seu navigator e tirava onda no silicon valley, e bill gates, claro, não estava achando a menor graça. assim, decidiu lançar mão de práticas escusas para empurrar seu browser, o explorer, goela abaixo dos consumidores. aos poucos a netscape foi perdendo participação, mas a pá de cal aconteceu quando o explorer passou a ser distribuído grátis com o windows, o sistema operacional dominante nos computadores do mundo inteiro. como a netscape dependia da receita da venda do navigator, não podia se dar ao luxo de distribuí-lo de graça.

no lançamento do internet explorer 4, bill gates achou engraçado ir cantar vitória no território do inimigo, por isso encomendou uma festa de arromba em são francisco, onde ficava a sede da netscape, para seus engenheiros e equipe de vendas. no fim da festa, os engenheiros já bem bêbados, notaram um "e", que é a logo do explorer, gigantesco no jardim, e tiveram uma idéia diabólica. pagaram um motorista, içaram o "e", que devia pesar algumas centenas de quilos, na capota de um caminhão. cheios de vaidade, budweiser e espírito de porco na cabeça, dirigiram até a sede da netscape e jogaram o "e" no meio da fonte que ficava na frente do belo edifício da concorrente derrotada.

[eu sempre preferi o netscape, porque na época em que banda larga não existia, ele era bem mais rápido que o ie. hoje em dia uso o firefox em casa e o ie no trabalho por força das circunstâncias. achei essa história engraçada porque ela ilustra bem o que a minha tia maria clara queria dizer quando falava que "quem governa o mundo é o espírito de porco".]


fonte: discovery channel

você sabia? [curiosidades] :: john lennon em cuba

em havana existe um parque chamado john lennon, e no meio dele um banco, com uma estátua de john lennon sentado, inaugurada pelo próprio fidel, no dia do vigésimo aniversário de morte do ídolo inglês.

tal qual nossa estátua de drummond na orla de copacabana, muitas pessoas se sentam no banco e batem um papo com o artista empedrado. e também em cuba, como aqui, roubaram os óculos da estátua. atualmente, o vigia do parque tem a custódia dos óculos de jonh lennon. se alguém quiser tirar uma foto com o ex-beatle, o vigia vai lá, coloca os óculos na estátua, e depois de registrado o momento, os guarda novamente sob sua responsabilidade.

fonte: the history channel

pequenos delitos da carne (semi-ficção)

tinha de 14 pra 15 e estava namorando o filho do açougueiro, 10 anos mais velho. era um namorico de bairro, e não causaria grandes estremecimentos na família não fosse a diferença de idade entre os dois e uma velha rixa da mãe dela com o pai dele. (houve um dia em que a mãe achou que o açougueiro estava roubando no peso da carne e quis subir no balcão pra dar na cara dele, além de ter espalhado na vizinhança que ele era um ladrão.) por essas e outras que ela namorava escondido.

mas, não há nada que seja imune a uma irmã mais nova, para quem uma intriguinha como essa significava uma grande emoção nos seus dias de infância tranquila de bairro. não só a pequena descobriu o romance, como foi direto dar com a língua nos dentes pra mãe. a mulher ficou furiosa e ameaçou matar os dois, caso ela insistisse em se encontrar com o filho do açougueiro-ladrão. ela não se fez de rogada e continuou vendo o mancebo às escondidas.

só havia um problema: o rapaz e sua família moravam no prédio em frente, janela com janela com o apartamento delas. assim, ela estudou da sua própria casa um ponto cego na sala dele, de onde não poderia ser vista pela mãe na casa do sogro. descobriu uma pilastra e criou lugar cativo atrás dela todas as vezes que visitava o namorado.

um dia o açougueiro deu uma festa e ela, claro, estava lá, protegida pela pilastra. só que a casa foi enchendo de gente, e à medida que chegavam mais pessoas, os novos convidados iam chegando pro lado, pro lado... quando ela se deu conta, tinha saído do seu esconderijo estratégico pra ficar bem na mira do inimigo. não deu outra, a mãe olhou pela janela e julgou reconhecer a filha na casa em frente, só bastou a confirmação da irmãzinha, que estava mais era querendo ver o circo pegar fogo. em menos de um minuto tocou o interfone e da janela ela ouviu os berros da mãe: "manda a minha filha descer pra casa A-GO-RA!" mortificada de vergonha, ela desceu acabrunhada, se trancou no quarto e chorou a ruína da vida, como só os adolescentes sabem fazer. acabou desistindo do amor proibido e virou vegetariana.

se bem que...

ontem mesmo estava andando por aí e tive a impressão que o rio estava enfestado de gente feia, gorda e mal vestida. me deu uma vontade de ter uma espingarda e sair atirando em um por um, promovendo a verdadeira purificação estética.

[em momentos de melhor humor essa pessoas são justamente as que mais me divertem]

e fora que a minha rua afundou.

:-/

rio de janeiro, gosto de você

mentalize um restaurante granfino, numa rua idem.

do lado de fora: um jaguar, um chrysler e um audi.

dentro: gringos de calça jeans, casais de coroas, um casal de jovenzitos (a menina estilosa, o menino de bermuda), grupos comemorando aniversário, homens de negócio.

eu e o cônjuge integrávamos o cenário, por ocasião de um jantar romântico, do estilo "leve dois pague um", cortesia do cartão de crédito. como era uma ocasião especial, a idéia era passar em casa pra trocar de roupa, mas acabamos ficando até mais tarde nos respectivos trabalhos e fomos direto, com a roupa do dia todo.

estava tudo ótimo e o serviço foi impecável. daí que eu fiquei me perguntando se em outra cidade seríamos tão bem tratados, tendo chegado a pé e com roupas meio esculhambadas. duvido até que tivessem permitido a entrada do guri de bermuda, que aparentemente recebeu o mesmo serviço atencioso, como todos os outros no salão. na saída, esperamos um táxi com o grupo de gringos, enquanto um deles pegava uma receita de caipirinha com o segurança.

como costuma dizer o everardo rocha, parafraseando a antropóloga mary douglas, "todo consumo cria muros e pontes". mas tenho cá pra mim que no rio os muros e pontes são mais fluidos que em qualquer outro lugar.

por falar em criatividade...

"tô namorando uma menina
mas não sei se ela na me namora
mina maneira do condomínio
lá do bairro aonde eu moro"

é uma das estrofes mais cretinas produzidas nos últimos tempos.

nova do hortifruti (o pimentão valente)

é, pois é, a nova do hortifruti também saiu daqui.
e dessa vez eu tendo a achar que não foi uma simples coincidência. já mandei o recado de que eu devia ser contratada e que aceitava trabalhar em troca da geladeira cheia, mas até agora ninguém entrou em contato e a minha geladeira está pedindo misericórdia.

[mesmo trabalhando de graça, continuo pensando nos próximos filmes, por isso mudei de idéia em relação ao "dona flor". sugiro deixar só "(dona)couve-flor e seus dois maridos"]