rio de janeiro, gosto de você

mentalize um restaurante granfino, numa rua idem.

do lado de fora: um jaguar, um chrysler e um audi.

dentro: gringos de calça jeans, casais de coroas, um casal de jovenzitos (a menina estilosa, o menino de bermuda), grupos comemorando aniversário, homens de negócio.

eu e o cônjuge integrávamos o cenário, por ocasião de um jantar romântico, do estilo "leve dois pague um", cortesia do cartão de crédito. como era uma ocasião especial, a idéia era passar em casa pra trocar de roupa, mas acabamos ficando até mais tarde nos respectivos trabalhos e fomos direto, com a roupa do dia todo.

estava tudo ótimo e o serviço foi impecável. daí que eu fiquei me perguntando se em outra cidade seríamos tão bem tratados, tendo chegado a pé e com roupas meio esculhambadas. duvido até que tivessem permitido a entrada do guri de bermuda, que aparentemente recebeu o mesmo serviço atencioso, como todos os outros no salão. na saída, esperamos um táxi com o grupo de gringos, enquanto um deles pegava uma receita de caipirinha com o segurança.

como costuma dizer o everardo rocha, parafraseando a antropóloga mary douglas, "todo consumo cria muros e pontes". mas tenho cá pra mim que no rio os muros e pontes são mais fluidos que em qualquer outro lugar.

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