amigo,
hoje fui te visitar, mas não consegui te ver. quem manda ser um sujeito tão popular? foram tantos súditos que apareceram para ver o rei, que precisaram levantar a ponte elevadiça do castelo, me disseram. agora só entra a família real. não tem problema, fiquei feliz de passar lá e deixar um bilhetinho no seu livro de visitas. o que, preciso confessar, me deu certo nervosismo. mas antes me deixa relembrar uma história.
minha simpatia por você foi imediata, tão logo você disse seu nome: filipe. com i? é, com i. que legal, é assim que se escreve o nome do meu sobrinho também, com i. dizem que com i é que está certo. aí você contou: olha, quando eu nasci e meus pais me deram esse nome, o meu avô disse que era com i. como ele é gramático, ninguém ousou contestar e assim eu fui registrado. quando vi seu sobrenome, juntei lé com cré: você é neto do grande gramático! eu, que tinha insistido para o meu filipe ser com i por pura intuição, sem qualquer endosso de uma autoridade no assunto, liguei na mesma hora pra minha irmã. contei, orgulhosa: "escuta, o nome do filipe está certo, com i mesmo. quem falou foi o grande gramático!". depois que ficamos amigos, te contava isso rindo.
pois você sabe que hoje, escrevendo os recados que eu precisava te passar no livrinho (recapitulando: o flamengo ganhou, acorda e vamos tomar um chope, você está me devendo um aparador de livros, os meninos mandaram um beijo) tremi na base. pensei: oh meu deus, se o avô dele, o grande gramático, resolve ler esse livrinho e descobre algum erro meu de português? uma vírgula errada? uma concordância mal formulada? caprichei e tentei usar o meu melhor português. apesar dessa mania de minúsculas, concordo com seu avô, a gente precisa ter cuidado com a nossa língua. espero não ter decepcionado. de qualquer forma, escrevi com o coração, como faço agora.
então tá combinado. assim que você despertar do seu soninho de beleza, a gente vai aproveitar (mais) a vida que tem pela frente. filipe é nome de rei, e quem é rei nunca perde a majestade. vem, que estamos aguardando ansiosamente o seu regresso.
um beijo humilde da súdita,
mari.
ps. pede pro vô perdoar essa minha indecisão entre o tratamento de tu e você. é que eu não me sinto à vontade pra usar o lhe.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário