ainda não me aprofundei muito sobre as reais mudanças que a reforma ortográfica vai trazer, mas ao contrário da autora dessa crônica aqui, já formei várias opiniões a respeito, todas elas sem o menor fundamento, claro.
em primeiro lugar, fiquei um pouco confusa sobre os hífens e os acentos que caíram, sempre usei acentos por instinto, nunca fui capaz de decorar uma regra. já o trema, confesso, não me fará nenhuma falta.
acho que quanto mais velho a gente fica, mais resistente a mudanças se torna também. minha mãe, por exemplo, ainda escreve coisas com uns acentos que caíram na reforma anterior a essa e nem se dá conta. minha tia já avisou: vou continuar fazendo tudo igual.
talvez o que mais tenha me abalado foi a unificação dos portugueses mundo afora. lá em portugal está um furdúncio, praticamente uma revolta popular, com a qual sou solidária. e não é porque eles são os "pais" da língua, assim fosse estaríamos falando latim até hoje. ou grego. ou uga-buga. o que eu considerei um grande sacrilégio foi terem abolido do português de portugal, que agora é um portugês só, os p's e os c's nas palavras como baptismo e actriz e ainda outros charminhos d'além mar. agora pense só que coisa sem graça pegar um livro do saramago e não ler mais "por desejo do autor, foi mantida a ortografia vigente em portugal". livros de autores portugueses têm que ter sotaque luso. pois!
no outro dia bela corrigiu aqui uma pera que eu tinha escrito sem acento. eu fui lá, coloquei o chapéu na pêra e editei o post. agora o acento de pera caiu e o blog ficou errado. e por falar nela, sua família tem uma história engraçada sobre o assunto:em primeiro lugar, fiquei um pouco confusa sobre os hífens e os acentos que caíram, sempre usei acentos por instinto, nunca fui capaz de decorar uma regra. já o trema, confesso, não me fará nenhuma falta.
acho que quanto mais velho a gente fica, mais resistente a mudanças se torna também. minha mãe, por exemplo, ainda escreve coisas com uns acentos que caíram na reforma anterior a essa e nem se dá conta. minha tia já avisou: vou continuar fazendo tudo igual.
talvez o que mais tenha me abalado foi a unificação dos portugueses mundo afora. lá em portugal está um furdúncio, praticamente uma revolta popular, com a qual sou solidária. e não é porque eles são os "pais" da língua, assim fosse estaríamos falando latim até hoje. ou grego. ou uga-buga. o que eu considerei um grande sacrilégio foi terem abolido do português de portugal, que agora é um portugês só, os p's e os c's nas palavras como baptismo e actriz e ainda outros charminhos d'além mar. agora pense só que coisa sem graça pegar um livro do saramago e não ler mais "por desejo do autor, foi mantida a ortografia vigente em portugal". livros de autores portugueses têm que ter sotaque luso. pois!
o nome original da dinastia é saboya, como o bisavô e o tio-avô mais velho. reza a lenda que entre um filho (o tio-avô) e outro (o avô) aconteceu a reforma ortográfica que baniu o y da língua portuguesa. o bisavô então resolveu batizar o filho mais novo usando a grafia correta, ou seja, saboia. dessa forma, ficaram os dois irmãos com o sobrenome diferente, um saboya com y e outro saboia com i. a bem da verdade se o bisavô quisesse ser preciosista ao extremo, deveria ter chamado o filho de sabóia, com acento. ainda bem que não fez essa bobagem porque, além de o y ter voltado, o acento do saboia teria caído com a nova reforma - pra ver como a língua dá voltas!
mas com essa anistia das letras exiladas do alfabeto, de quem eu mais me lembrei mesmo foi do pai da juca: ex-professor de português, admirável e dileto guardião da nossa língua. caxias como ele só, não aceitava dos alunos nenhum tipo de profanação à gramática, e nem os nomes próprios escapavam, como não escaparam os sabo(y)ias. assim, se por ventura um aluno se chamasse wesley, ou uma aluna se chamasse katia, ele ia lá na prova ou na chamada, riscava e escrevia uéslei ou cátia. ao que os alunos protestavam: mas professor, o meu nome é com k, y, w! e ele placidamente respondia que aquelas letras não existiam na língua portuguesa. fico me perguntando se com a nova reforma seus ex-alunos lembraram do professor caxias e se pensaram com um misto de orgulho e desforra: agora meu nome pode ser oficialmente reconhecido pelos estatutos da língua portuguesa.
Um comentário:
Oi Maroca, tudo bem? Aqui e a irma da Juca. Achei um barato o que voce escreveu sobre o pai dela e confesso que pensei a mesmo coisa rsrsrsr
Beijocas e parabens pelo blog sempre muito bem escrito e interessante.
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