desvisada

poxa, acabaram com as notas de 1 real e ninguém me avisou.

as novas de são paulo

as boas descobertas da vez: spot, no centro, onde comi uma deliciosa pasta com cogumelos (tenho tido sonhos com ela de vez em quando); le tartine, também no centro, aconchegante e gostoso; e veríssimo, no brooklin, bar temático do autor homônimo, bacaninha. teve também um restaurantezinho de sopas & caldos em moema que eu fui com a., mas não lembro o nome.

a. é uma excelente anfitriã da sua cidade, sua falta de habilidade ao volante é totalmente compensada por seu vasto conhecimento de lugares legais. da última vez que estivemos todos lá ela nos levou no pé de manga, que é muito agradável, mas a comida não era nada sensacional. também inventamos de ir numa cantina e ela levou a gente pro c q sabe. também não achamos nada demais. até que depois de tanto dirigir seu carrinho de bate-bate, com cinco bocas que não paravam de falar, ela finalmente conseguiu saciar nosso paladar requintado com o auto-proclamado melhor bolo de chocolate do mundo, na oscar freire (onde mais?).

não devíamos ser tão exigentes com a. além de ser ótima como anfitriã, quando vem ao rio também não nos dá trabalho algum. basta levá-la ao braseiro e ela se dá por satisfeita satisfeita.

***
o metrô de são paulo também foi uma boa descoberta. eu já tinha andado, mas como turista, não a trabalho. apesar de quente como um inferno, o metrô é abundante, passa de dois em dois minutos, e muito rápido.

***
e pra não dizer que eu só falei das flores, as novas (?) manias nessa estranha cidade são:

-iphones (o novo brinquedo da paulistada) - em todo lugar, pra onde quer que você olhe: em cima das mesas, nas cinturas, nas mãos.

- velhinhos tocando sanfona em bistrôs. "em paris é assim", o garçom disse. quem ousa contrariar?

quem topa?

esse final de semana tem show do jorge vercillo no canecão.
estava pensando em armar um atentado, alguém me acompanha?

ao invés de ficarem de plantão em frente ao prédio de onde supostamente o pai e a madrastra atiraram a garotinha janela abaixo, aquele bando de desocupados podia estar aqui me ajudando a tacar pedras no jorge vercillo. afinal de contas o crime dele contra a música já foi mais do que provado. bora, negada, eu pago a van! quem topa?

a verdadeira experiência antropológica

estou passando a semana em são paulo fazendo o melhor tipo de turismo que alguém pode fazer. mais não posso contar, só que está sendo f-o-d-a.

[aliás, já começou foda: no mesmo vôo que ninguem menos que narcisa-ai-que-absurdo-tamborindeguy! hoje, café da manhã admirando tony belloto de longe. belo espécime do sexo masculino na flor da maturidade.]

01 e 02

01 e 02 têm um cabelo loiro que ninguém sabe de onde vem. [maravilhas da genética. me fazem ter fé que se um dia eu tiver um filho, ele vai nascer com o nariz pequeno.]

01 e 02 gostam de backyardigans e matisse. às vezes abrem concessões para barney e picasso.

01 e 02 se dão bem, com algumas ressalvas. quando 02 nasceu, o mundo de 01 caiu. sempre que tinha uma oportunidade ele ia lá e dava uns tapas ou puxava o cabelo da irmã. hoje ela já sabe revidar. mas a verdade é que agora eles não vivem um sem o outro, mesmo que seja para se morderem mutuamente de vez em quando.

01 é um garoto inquieto bastante expressivo, que se comunica com os olhos, gestos e meia dúzia de palavras. tem um sono agitado. adora dançar. tem muitos brinquedos, mas não liga pra quase nenhum. 01 gosta mesmo é de prestar atenção nas pessoas e, claro, quer que prestem atenção nele também. 01 não tem explicação, mas seu sorriso desvenda todos os enigmas do mundo.

02 é uma menininha esperta e cheia de vontades. ela é tudo aquilo que se pode resumir na palavra gracinha. vive cantando. só dorme abraçada a um livrinho de pano encardido e cercada de travesseiros e bichos. quando acorda, cata tudo e, ainda com a mamadeira na boca, percorre a casa em busca do consolo que necessitam aqueles que caíram da cama. no mundo perfeito de 02 o chão seria um pula-pula, o almoço seria farofa, o jantar chocolate e o resto ficaria por conta do xamego.

[é tão difícil falar de quem se ama assim. é tão dolorida a saudade.]

a fã

eu não queria incomodar. disse que não tinha palavras pra dizer a ele. ele mandou dizer que tinha palavras pra dizer pra mim. me arrastaram até ele e eu, envergonhada, fiz uma saudação. ele me deu um abraço e falou: sua pele é tão lisinha! continuei sem palavras, o que dizer numa situação dessas? me dá um autógrafo? adoro o seu trabalho? na dúvida, bateram um foto. o registro é o de uma garota sorrindo sem graça, abraçada ao adorável luiz simpatia.

você percebe que tem alguma coisa muito errada quando...

- você passa a ter um medo indiscriminado das pessoas, mesmo que essas pessoas sejam crianças ou velhos. [aliás, o homem deve ser a única espécie que inspira medo aos outros da sua espécie.]

- as pessoas dormindo na rua já não te causam mais a menor comoção, viraram parte da paisagem da cidade.

- você entra no ônibus e a trocadora logo te avisa: é melhor sentar no meio ou na frente do carro, porque essa linha está sendo assaltada todo santo dia.

- o inimigo de estado número uno é um mosquito.

meu querido amigo belo adormecido,

fez uma semana que você adormeceu pra sempre (ou pelo menos para o sempre que nós conhecemos). eu achava que a essa altura a gente ia estar rindo juntos do susto que você levou, mas alguma coisa deu errado e o susto é que acabou levando você. seu reino ficou em silêncio.

alguns de nós ainda custam a acreditar no que aconteceu. mas como?! ele não é de uma estirpe de imortais?! a gente se pergunta. sim, você é um imortal. pelo menos pra mim, e pra várias outras pessoas com quem eu converso, a sua imagem está muito viva: seu sorriso, seu caminhar tranquilo com a inseparável mochilinha wilson, sua expressão pensativa com a mão apoiada no queixo, o dedo apontando pra cima, os olhos virados pro lado, seu riso engraçado, cheio de pausas... você está entre nós. existe a tristeza, é claro, como o padre bem disse hoje, ela é necessária. mas a sua presença traz conforto e, por que não, alegria.

hoje pude abraçar seus pais, seu irmão. acho que eles vão ficar em paz, porque sabem que você está em paz.

pra gente, foi cedo, mas quem pode saber?

só não se pode dizer que não aproveitou o tempo em que passou aqui. nessa sua passagem você conheceu europa, frança e bahia, dançou frevo em olinda, desfilou na mangueira, viu o mengão ser campeão, tirou foto com metade das crianças do rio de janeiro vestido de harry potter... você até, veja bem, num lance memorável, roubou a mulher do chefe! é, meu amigo, você conquistou a todos nós. e, por isso mesmo, hoje enquanto o padre falava, eu pensei que o que importa de verdade não são as coisas que você fez, que qualquer um pode fazer, mas como você fez. não me peça pra descrever esse como. só quem teve o privilégio de conviver com você e conhecer o seu jeito é capaz de entender o que eu quis dizer.

"que estupidez!" foi o que conseguimos murmurar por aí. mas, sabe? eu pensei melhor. não é qualquer um que sela o seu destino andando de skate num domingo de sol em ipanema. naquele dia você poderia ter ficado em casa, deitado na cama, com a cortina do quarto fechada, vendo esporte espetacular. só que isso não era pra você. a manhã estava bonita, a vida te chamou e você foi.

no porto, do outro lado, tenho certeza que fizeram uma festa quando o teu barco despontou no horizonte. era o povo comemorando a chegada do rei.

um beijo e até,

sua súdita.