fez uma semana que você adormeceu pra sempre (ou pelo menos para o sempre que nós conhecemos). eu achava que a essa altura a gente ia estar rindo juntos do susto que você levou, mas alguma coisa deu errado e o susto é que acabou levando você. seu reino ficou em silêncio.
alguns de nós ainda custam a acreditar no que aconteceu. mas como?! ele não é de uma estirpe de imortais?! a gente se pergunta. sim, você é um imortal. pelo menos pra mim, e pra várias outras pessoas com quem eu converso, a sua imagem está muito viva: seu sorriso, seu caminhar tranquilo com a inseparável mochilinha wilson, sua expressão pensativa com a mão apoiada no queixo, o dedo apontando pra cima, os olhos virados pro lado, seu riso engraçado, cheio de pausas... você está entre nós. existe a tristeza, é claro, como o padre bem disse hoje, ela é necessária. mas a sua presença traz conforto e, por que não, alegria.
hoje pude abraçar seus pais, seu irmão. acho que eles vão ficar em paz, porque sabem que você está em paz.
pra gente, foi cedo, mas quem pode saber?
só não se pode dizer que não aproveitou o tempo em que passou aqui. nessa sua passagem você conheceu europa, frança e bahia, dançou frevo em olinda, desfilou na mangueira, viu o mengão ser campeão, tirou foto com metade das crianças do rio de janeiro vestido de harry potter... você até, veja bem, num lance memorável, roubou a mulher do chefe! é, meu amigo, você conquistou a todos nós. e, por isso mesmo, hoje enquanto o padre falava, eu pensei que o que importa de verdade não são as coisas que você fez, que qualquer um pode fazer, mas como você fez. não me peça pra descrever esse como. só quem teve o privilégio de conviver com você e conhecer o seu jeito é capaz de entender o que eu quis dizer.
"que estupidez!" foi o que conseguimos murmurar por aí. mas, sabe? eu pensei melhor. não é qualquer um que sela o seu destino andando de skate num domingo de sol em ipanema. naquele dia você poderia ter ficado em casa, deitado na cama, com a cortina do quarto fechada, vendo esporte espetacular. só que isso não era pra você. a manhã estava bonita, a vida te chamou e você foi.
no porto, do outro lado, tenho certeza que fizeram uma festa quando o teu barco despontou no horizonte. era o povo comemorando a chegada do rei.
um beijo e até,
sua súdita.
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