metalize a cena:
ela está aos prantos porque ele vai partir. ele olha perplexo para ela, sem entender muito bem o porquê daquele choro todo. nervoso, sem saber o que fazer, ele toma uma atitude inusitada: lhe desfere um sonoro tapa na cara, daqueles estalados. ela começa a chorar mais ainda, abrindo o berreiro como uma criança. ele fica olhando assustado.
essa cena de fato aconteceu. ela tem trinta e ele vai fazer quatro ano que vem.
dojardim apud damatta
porque como eu já disse aqui antes, citando damatta, o futebol é o ópio do povo. então fui me entorpecer e ver se eu espantava um pouco a tristeza indo ao jogo "das estrelas" promovido pelo zico. como sempre, a ida ao maracanã rendeu reflexões.
o time do zico era o "flamengo 1987", com alguns craques que jogaram no campeonato daquele ano, que o flamengo papou. eu fui na final contra o inter. faça aí as contas, 1987-2007 lá se vão vinte anos. *cof*
o time do zico era o "flamengo 1987", com alguns craques que jogaram no campeonato daquele ano, que o flamengo papou. eu fui na final contra o inter. faça aí as contas, 1987-2007 lá se vão vinte anos. *cof*
o time era esse. você vê que realmente tá ficando velha quando seus ídolos do futebol viraram técnicos...
lá fui eu, movida por um sentimento retrô de ver um time histórico jogar, principalmente com o maior ídolo de todos, o zico. claro que o jogo era pura curtição e ninguém estava levando aquilo muito a sério, mas a torcida foi ao delírio quando o zico marcou seus dois gols. aí eu pensava cá com meus botões no ridículo daquela situação, das pessoas querendo reviver uma coisa que aconteceu há tanto tempo, que muitas delas nem tinham testemunhado da qual, mesmo assim, guardavam uma espécie de memória de vidas passadas. de repente me ocorreu que durante a vida de um indivíduo comum acontecem poucas situações realmente marcantes, mas na maior parte do tempo o que se vive são meras tentativas de reproduzir estes grandes momentos, um pouco como flashbacks simulados. não deixo de ter esse olhar crítico mas, por outro lado, meu dna canceriano também não me impede de navegar com gosto no mar da nostalgia, sem culpa. por isso, dane-se o ridículo, adorei ver o zico jogar. e o junior, meu ídolo segundo, também nascido sob a proteção de são pedro. e leonardo, que ainda bate um bolão. e todos os outros, vovôs ou não.
valeu. onda leve de ópio que cumpriu a função.
***
melhores pérolas:
"hoje é a missa do galo!"
"puta que pariu! o dinamite parece o clodovil" [perdoe o linguajar, mas o pior que o coitado parecia mesmo!]
momento fashion: esse modelito de 1987 pra mim é o melhor ever! cobicei for-te-men-te um original, *da adidas* porque a nike não tá com nada.
pausa futebolística
para comentar a notícia que saiu n'o globo: "italianos torcem para que ronaldo troque o milan pelo flamengo". ora, pelo visto os vascaínos, tricolores e botafoguenses também!
despedida
hoje nossos dois passarinhos mais cantadores voaram rumo ao norte. o jardim está em silêncio.
souza como somos
três mulheres com jeito de duronas e ares de auto-suficiência. de perto, estamos a espera de um sopro para cair aos pedaços.
o universo conspira a meu favor
hoje eu acordei. literalmente acordei, abri os olhos e vi que o universo conspirava a meu favor. deus põe uma salsa pra tocar. não dá pra ficar sem dançar quando a trilha sonora do mundo é uma salsa. eu rio. a água gelada me lembra que estou viva. então de repente está tudo certo, baby, moramos na melhor cidade da américa do sul. como não me dei conta que isso tudo sempre aconteceu enquanto eu dormia?
hoje eu acordei e vi:
hoje eu acordei e vi:
[meu primeiro post semi-mobile]
este mundo não me pertence
domingão na praia de ipanema: bem em frente do fatídico lugar onde o turista italiano morreu atropelado ao correr atrás de um ladrão há algumas semanas atrás, há uma manifestação pela "libertação dos animais". pra mim, soou como piada [de mau gosto].
***
eventinho de fim de ano da escola do sobrinho #1: vem uma senhorinha de muletas sentar. estou guardando dois lugares além do meu, mas do meu lado tem uma cadeira com uma mochila em cima. como o dono da mochila não se manifesta, pegamos a mochila e a senhorinha senta. no mesmo segundo uma velha pula e começa a gritar para a senhorinha de muleta: "esse lugar é meu! eu estou guardando esse lugar, ninguém pode sentar!" ficamos todos tão passados que a mulher que estava atrás cede a cadeira para a senhorinha. só que a cadeira fica atrás de uma pilastra e a senhorinha não consegue enxergar o neto. como, até onde se sabe mochila não tem olhos, a senhorinha resolve trocar de lugar com a dita-cuja, colocando a mochila na cadeira atrás da pilastra. eis que a velhota pula novamente repreendendo a senhorinha: "eu já falei que esse lugar é meu!". o sangue me sobe e eu falo: "minha senhora, a senhora pega a sua mochila e coloca aqui no meu lugar (um dos lugares que eu guardava era do lado dela), tá bem?" e falo para a senhorinha sentar mais para o centro da fileira. a senhorinha fala um "muito obrigada pela sua gentileza" irônico para a velhota, que finge que não ouve. a mochila continuou sentada e não chegou ninguém para o ocupar o lugar guardado por unhas e dentes pela megera. desejei ardentemente que naquele dia ela fosse atropelada e tivesse que usar andador pelo resto da vida. e que, obviamente, se deparasse com várias outras velhotas mal educadas do seu naipe pelo caminho.
no mesmo evento, pais, que deveriam voltar para o maternal para aprender noções básicas de educação, se acotovelavam como paparazzi diante da princesa diana para conseguirem tirar fotos dos seus rebentos. resultado: quem estava sentado só conseguiu ver uma multidão de babacas amontoados na frente do palquinho.
***
enquanto isso os classe-ab sem-noção continuam fazendo a festa no canecão. falam aos berros no celular durante o show, batem papo como se estivessem numa mesa de bar, gritam "lindoooo!" para o paulinho da viola como se fosse um show do wando, enfim... acho que só faltam jogar as calcinhas no palco. melhor não dar a idéia.
***
eventinho de fim de ano da escola do sobrinho #1: vem uma senhorinha de muletas sentar. estou guardando dois lugares além do meu, mas do meu lado tem uma cadeira com uma mochila em cima. como o dono da mochila não se manifesta, pegamos a mochila e a senhorinha senta. no mesmo segundo uma velha pula e começa a gritar para a senhorinha de muleta: "esse lugar é meu! eu estou guardando esse lugar, ninguém pode sentar!" ficamos todos tão passados que a mulher que estava atrás cede a cadeira para a senhorinha. só que a cadeira fica atrás de uma pilastra e a senhorinha não consegue enxergar o neto. como, até onde se sabe mochila não tem olhos, a senhorinha resolve trocar de lugar com a dita-cuja, colocando a mochila na cadeira atrás da pilastra. eis que a velhota pula novamente repreendendo a senhorinha: "eu já falei que esse lugar é meu!". o sangue me sobe e eu falo: "minha senhora, a senhora pega a sua mochila e coloca aqui no meu lugar (um dos lugares que eu guardava era do lado dela), tá bem?" e falo para a senhorinha sentar mais para o centro da fileira. a senhorinha fala um "muito obrigada pela sua gentileza" irônico para a velhota, que finge que não ouve. a mochila continuou sentada e não chegou ninguém para o ocupar o lugar guardado por unhas e dentes pela megera. desejei ardentemente que naquele dia ela fosse atropelada e tivesse que usar andador pelo resto da vida. e que, obviamente, se deparasse com várias outras velhotas mal educadas do seu naipe pelo caminho.
no mesmo evento, pais, que deveriam voltar para o maternal para aprender noções básicas de educação, se acotovelavam como paparazzi diante da princesa diana para conseguirem tirar fotos dos seus rebentos. resultado: quem estava sentado só conseguiu ver uma multidão de babacas amontoados na frente do palquinho.
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enquanto isso os classe-ab sem-noção continuam fazendo a festa no canecão. falam aos berros no celular durante o show, batem papo como se estivessem numa mesa de bar, gritam "lindoooo!" para o paulinho da viola como se fosse um show do wando, enfim... acho que só faltam jogar as calcinhas no palco. melhor não dar a idéia.
a última do hortifruti
não posso deixar de comentar. achei que a qualidade da produção criativa deles tinha caído com a "berinjela indiscreta", mas eis que eles me voltam com "kiwi bill". simplesmente genial. as coisas mais geniais são aquelas que fazem a gente pensar com um pouco de raiva: "por que eu não tive essa idéia antes?"
pra não pensarem que eu estou exagerando
este foi o dia em que nós, incautos cariocas e eles, pobre paulistas, derretemos todos sob o sol inclemente e a lei seca do parque villa lobos.
são paulo em doses
[fui à são paulo esse fim de semana conhecer meu novo sobrinho (lindinho mil) e, como sempre, voltei de lá com várias impressões controversas sobre a cidade. prometi pras amigas paulixtas que iria escrever um post falando bem da cidade, mas espero que elas não fiquem decepcionadas com o que eu tenho a dizer.]
porque são paulo antes de tudo me causa estranheza, o que não é necessariamente negativo.
minha primeira lembrança de são paulo a é de um lugar que definitivamente não é são paulo. era um lugar com um pouco de glamour e aconchego invernal, um pouco como a minha última lembrança de curitiba. eu devia ter uns seis anos e a minha memória ficou bem embaçada. depois (ou antes?) acho que fiz uma excursão que incluiu o simbad safari, o playcenter e a cidade da criança. a única coisa que me lembro são de umas xícaras gigantes rodando.
muitos anos depois, de passagem por lá, achei a cidade muito suja, muito cheia de pixações. me lembro de como eu achei a estética vertical e afinada das pixações de lá tão diferente da "caligrafia" dos pixadores cariocas, rebuscada e arredondada. (abomino esse vandalismo em qualquer lugar, mas lembro o quanto isso chamou a minha atenção).
na fase adulta fui à são paulo várias vezes, a maior parte das vezes a trabalho ou por algum motivo extraordinário. quase sempre só pensava em voltar logo. de qualquer forma, ainda tinha aquela má vontade em relação à cidade inerente aos cariocas. ia pra lá procurando mais defeitos do que qualidades, pronta pra voltar com uma reclamação na ponta da língua. não perdi meu velho hábito de reclamar, mas decidi aproveitar o que a cidade tem a me oferecer.
comecei a gostar de fato de são paulo há uns cinco ou seis anos, quando descobri a cidade através de amigos cariocas que foram morar lá e amigos paulistas que moraram no rio. criei um estranho pacto comigo mesma de sempre ir conhecer um lugar diferente a cada visita, e não repetir nenhum bar ou restaurante (exceção concedida ao benjamin, que tem o melhor escondidinho da cidade). o pacto nem sempre é seguido à risca porque a vida em sociedade é assim mesmo, certas pessoas sofrem de rm (resistência à mudança), mas eu tento. por outro lado, tem visitas obrigatórias como a shoestok (não deu tempo de ir dessa vez) e a galeria ouro fino (não deu tempo de curtir direito). o fato é que geralmente a programação é tão intensa que não dá tempo mesmo de cumprir toda a agenda. faz parte da graça do negócio. afinal, se quisesse descansar, teria o bom senso de escolher um destino diferente.
da mesma forma, faz parte do negócio falar mal de são paulo. em que outro lugar do mundo inventariam um show da diana krall em um parque descampado, o sol fritando as pessoas em uma grande frigideira de cimento e nenhum, veja bem, nenhum ambulante vendendo algo para beber? onde mais proliferam aos borbotões bares que imitam botecos cariocas, chamados de pirajá, posto 6 e outros nomes alusivos ao rio, como se o chope do rio devesse algo para o chope de são paulo e não o contrário, mas onde, curiosamente, não se pode beber sem camisa? [aliás, piores do que os bares paulistas que imitam bares cariocas, são os novos bares cariocas que imitam bares paulistas que imitam bares cariocas]. onde mais, ó pai, as pessoas saem com roupa de ginástica na rua mas não vão praticar qualquer atividade esportiva? em que outro lugar as pessoas, sejam elas japonesas, portuguesas, africanas ou de origem indígena, se acham mais italianas do que na própria itália? pessoas que ostentam orgulhosamente seus bmws e outros carros tão luxuosos quanto com a placa "mio" querendo dizer: é meu otário, vai trabalhar pra comprar um igual?
como eu disse, são paulo me causa estranheza. mas é observando o estranho que a gente vai se conhecendo. e assim, deixei são paulo me conquistar pela boca e pelo coração. pela boca porque come-se muito, mas muito bem naquela terra. não é todo lugar que é bom, mas os lugares bons costumam ser ótimos - e há milhares deles. pra uma sujeita como eu, boa de garfo, faca e guardanapo, são paulo é um prato cheio [lembrar de escrever sobre a inevitabilidade de certos trocadilhos infames!]. pelo coração porque lá vivem amigos queridos, sempre cheios de hospitalidade, sempre dispostos a mostrar o que a cidade tem de melhor. amigos que não se importam dirigir distâncias absurdas pra nos levar de um canto ao outro tentando fazer caber na nossa agenda apertada uma infinidade de boas surpresas - e algumas furadas também!... amigos bons de papo, de riso e de copo que não levam muito a sério quando uma carioca abusada se mete a falar da cidade deles.
são paulo é isso e é muito mais que isso. é tudo o que que eu ainda vou descobrir.
porque são paulo antes de tudo me causa estranheza, o que não é necessariamente negativo.
minha primeira lembrança de são paulo a é de um lugar que definitivamente não é são paulo. era um lugar com um pouco de glamour e aconchego invernal, um pouco como a minha última lembrança de curitiba. eu devia ter uns seis anos e a minha memória ficou bem embaçada. depois (ou antes?) acho que fiz uma excursão que incluiu o simbad safari, o playcenter e a cidade da criança. a única coisa que me lembro são de umas xícaras gigantes rodando.
muitos anos depois, de passagem por lá, achei a cidade muito suja, muito cheia de pixações. me lembro de como eu achei a estética vertical e afinada das pixações de lá tão diferente da "caligrafia" dos pixadores cariocas, rebuscada e arredondada. (abomino esse vandalismo em qualquer lugar, mas lembro o quanto isso chamou a minha atenção).
na fase adulta fui à são paulo várias vezes, a maior parte das vezes a trabalho ou por algum motivo extraordinário. quase sempre só pensava em voltar logo. de qualquer forma, ainda tinha aquela má vontade em relação à cidade inerente aos cariocas. ia pra lá procurando mais defeitos do que qualidades, pronta pra voltar com uma reclamação na ponta da língua. não perdi meu velho hábito de reclamar, mas decidi aproveitar o que a cidade tem a me oferecer.
comecei a gostar de fato de são paulo há uns cinco ou seis anos, quando descobri a cidade através de amigos cariocas que foram morar lá e amigos paulistas que moraram no rio. criei um estranho pacto comigo mesma de sempre ir conhecer um lugar diferente a cada visita, e não repetir nenhum bar ou restaurante (exceção concedida ao benjamin, que tem o melhor escondidinho da cidade). o pacto nem sempre é seguido à risca porque a vida em sociedade é assim mesmo, certas pessoas sofrem de rm (resistência à mudança), mas eu tento. por outro lado, tem visitas obrigatórias como a shoestok (não deu tempo de ir dessa vez) e a galeria ouro fino (não deu tempo de curtir direito). o fato é que geralmente a programação é tão intensa que não dá tempo mesmo de cumprir toda a agenda. faz parte da graça do negócio. afinal, se quisesse descansar, teria o bom senso de escolher um destino diferente.
da mesma forma, faz parte do negócio falar mal de são paulo. em que outro lugar do mundo inventariam um show da diana krall em um parque descampado, o sol fritando as pessoas em uma grande frigideira de cimento e nenhum, veja bem, nenhum ambulante vendendo algo para beber? onde mais proliferam aos borbotões bares que imitam botecos cariocas, chamados de pirajá, posto 6 e outros nomes alusivos ao rio, como se o chope do rio devesse algo para o chope de são paulo e não o contrário, mas onde, curiosamente, não se pode beber sem camisa? [aliás, piores do que os bares paulistas que imitam bares cariocas, são os novos bares cariocas que imitam bares paulistas que imitam bares cariocas]. onde mais, ó pai, as pessoas saem com roupa de ginástica na rua mas não vão praticar qualquer atividade esportiva? em que outro lugar as pessoas, sejam elas japonesas, portuguesas, africanas ou de origem indígena, se acham mais italianas do que na própria itália? pessoas que ostentam orgulhosamente seus bmws e outros carros tão luxuosos quanto com a placa "mio" querendo dizer: é meu otário, vai trabalhar pra comprar um igual?
como eu disse, são paulo me causa estranheza. mas é observando o estranho que a gente vai se conhecendo. e assim, deixei são paulo me conquistar pela boca e pelo coração. pela boca porque come-se muito, mas muito bem naquela terra. não é todo lugar que é bom, mas os lugares bons costumam ser ótimos - e há milhares deles. pra uma sujeita como eu, boa de garfo, faca e guardanapo, são paulo é um prato cheio [lembrar de escrever sobre a inevitabilidade de certos trocadilhos infames!]. pelo coração porque lá vivem amigos queridos, sempre cheios de hospitalidade, sempre dispostos a mostrar o que a cidade tem de melhor. amigos que não se importam dirigir distâncias absurdas pra nos levar de um canto ao outro tentando fazer caber na nossa agenda apertada uma infinidade de boas surpresas - e algumas furadas também!... amigos bons de papo, de riso e de copo que não levam muito a sério quando uma carioca abusada se mete a falar da cidade deles.
são paulo é isso e é muito mais que isso. é tudo o que que eu ainda vou descobrir.
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