pós-operada

então eu tinha dado uma sumidinha porque a vida estava assim-assim, num hiato. muita coisa pra acontecer e nada acontecia, e eu numa ansiedade, num descontentamento e a chuva que não parava de cair não ajudava.

uma dessas coisas que estavam amarradas era uma cirurgia pra tirar meu mioma de estimação porque, na medida do possível, eu resolvi não ficar mais empurrando os problemas com a barriga. e depois de muitas idas e vindas acabei marcando a cirurgia no susto, de um dia pro outro.

graças a deus deu tudo certo e meu médico acabou tirando não só um como dois monstrinhos de dentro de mim. agora estou em processo de recuperação na casa da minha mãe e só hoje estou conseguindo fazer alguma coisa que não vegetar.

sem querer me fazer de vítima até porque sei que existem situações mil vezes piores que essa minha, que eu não gosto nem de imaginar, mas o fato é que pós-operatório é uma merda e se você parar bem pra pensar, cirurgia é uma coisa de maluco, a coroação da insanidade que é a medicina. primeiro você deita numa maca com um reles avental e uma touquinha ridícula, já com a dignidade perto de zero, e te levam pra uma sala que parece um estúdio de tv [mais precisamente cenário do núcleo hospitalar da novela das 8]. aí vem o anestesista, te passa uma conversa mole e te apaga. ai vem o chefe dos loucos, o cirurgião, e te passa a faca, faz o serviço e, com você ainda vagando pelo quarto escuro da consciência, te costura de volta. ou seja, em menos de duas horas você foi apagada, retalhada e costurada. depois, enquanto você toma litros de soro vitaminado com bombas químicas que vão evitar que você urre de dor, a equipe médica se despede e vai almoçar tranquilamente como se tivesse acabado de jogar uma partida de buraco*.

[*por falar em buraco, a gente vê como o asfalto dessa cidade é um lixo quando anda de carro com a barriga cheia de pontos: cada movimento, uma nova emoção!]

Um comentário:

Beija-flor disse...

Amadinha, é muito bom rir com vc até em situações assim!:) Bjs!!!